Naves espaciais alimentadas por fusão: tecnologia é testada com sucesso
Pesquisadores da Universidade de Washington (EUA) estão construindo componentes de uma espaçonave alimentada por fusão, o que poderia permitir que os astronautas viajassem para Marte em semanas em vez de meses, a velocidades consideravelmente mais rápidas do que as possíveis hoje.
À velocidade de deslocação atual, usando a tecnologia de foguetes de combustível, leva-se meio ano para completar uma jornada a Marte. A nova técnica de fusão promete uma viagem completa em 30 a 90 dias.
Os testes de laboratório com a tecnologia foram bem sucedidos até agora, e os cientistas estão planejando combinar as secções do processo em um único teste final e global em breve.
A técnica
O dispositivo de fusão testado irá consumir energia sob a forma de eletricidade, e não produzi-la, como outros dispositivos de fusão sendo pesquisados estão tentando conseguir.
A equipe afirma ter desenvolvido uma tecnologia de utilização de um tipo especial de plasma que será revestido de um campo magnético. Quando o plasma é comprimido à alta pressão pelo campo magnético, a fusão nuclear ocorre.
Na prática, o poderoso campo magnético circunda anéis de metal que contêm o plasma, e faz com que eles implodam e comprimam até ao ponto de fusão. O processo leva apenas alguns microssegundos, mas é o bastante para liberar calor suficiente e ionizar os anéis que formam um escudo em torno do plasma.
O metal superaquecido ionizado, por sua vez, é ejetado para fora do foguete a uma alta velocidade, empurrando-o para a frente. Repetir tal processo em intervalos de cerca de 30 segundos ou mais pode impulsionar uma nave espacial.
O laboratório onde os cientistas conduzem os experimentos está coberto, de parede a parede, com capacitores azuis que prendem a energia, cada um funcionando como uma bateria de alta tensão. Os capacitores são ligados a um ímã gigante, que abriga a câmara onde a reação de fusão terá lugar. Com o toque de um botão, os capacitores são simultaneamente acionados para liberar um milhão de ampères de eletricidade em uma fração de segundo para o ímã, que rapidamente comprime o anel de metal. O processo mecânico e equipamentos utilizados são razoavelmente simples.
Em uma viagem espacial real, os cientistas usariam o lítio metálico para dar poder ao foguete. Para os propósitos do laboratório de testes, o alumínio funciona tão bem quanto, portanto foi o metal de escolha.
Vários testes já foram realizados com sucesso no laboratório. Agora, a chave é combinar cada teste isolado em uma experiência final que produzirá a fusão. Os cientistas querem fazer este primeiro teste completo até o final do verão do hemisfério norte (setembro).
Sem explosão
A fusão nuclear pode levantar preocupações devido a sua aplicação em bombas nucleares, mas o seu uso neste cenário é muito diferente, de acordo com os pesquisadores.
A energia de fusão para alimentar um foguete seria reduzida por um fator de um bilhão em comparação a uma bomba de hidrogênio, o que é muito pouco para criar uma explosão significativa.
Além disso, o conceito usa um campo magnético forte para conter o combustível de fusão e orientá-lo com segurança para longe da nave e dos passageiros dentro dela.
Futuro brilhante
O método é muito eficiente para conduzir uma nave, uma vez que a taxa de impulso é muito mais elevada do que com motores convencionais. Também é superior à tecnologia de íons, que utiliza unidades de energia elétrica a fim de acelerar o combustível utilizado para gerar o impulso.
Na prática, o material de fusão utilizado como combustível consumível ejetado teria uma massa de quilogramas em vez de toneladas, por exemplo, um fator 1.000 vezes menor do que o combustível de foguete – o número exato dependerá do desenho final do dispositivo. Essa leveza e praticidade o tornarão muito mais ideal para uma viagem longa.
A pesquisa foi financiada pela NASA (agraciada entre diversos projetos premiados selecionados entre mais de 700 propostas), na esperança de que a tecnologia substitua o combustível de foguetes e naves espaciais e renda muito mais. Apenas um grão do material que forma o plasma pode equivaler a litros de combustível de foguete.
A massa total de uma nave espacial, incluindo o combustível necessário, poderia, assim, tornar-se consideravelmente menor, tornando a viagem ao espaço profundo muito mais rentável.
“Com os combustíveis de foguetes existentes, é quase impossível para os seres humanos explorar muito além da Terra”, disse o pesquisador John Slough, professor associado de aeronáutica e astronáutica da Universidade de Washington. “Nós queremos oferecer uma fonte muito mais poderosa de energia que poderia eventualmente tornar viagens interplanetárias comuns”.[SWR, Phys, BreatheCast]
18 comentários
Este é um momento de glória e um grande marco para o futuro da humanidade, pois com este tipo de tecnologia, outras mais importantes se descortinarão e possivelmente num futuro muito próximo, conseguiremos pôr fim em todos os meios de produção energética poluentes e degradadores do nosso pequeno e sofrido planeta terra.
Colonização do nosso sistema solar em 50 anos e dos sistemas proximos em 100. Muito bom
muito Da hora !
Que legal! Se isto não é fusão nuclear, então é plasma? E a Keshe foundation, como fica nesta história?
tecnologia muito antiga e ultrapassada
seus amigos pitecantropus já usavam, né não ???
Sem dúvidas, nas últimas semanas, uma das melhores notícias no mundo da astronomia. 🙂
então isso significa que as bombas atômicas terão uma utilidade pro bem?
não… o processo é outro… e a unica bomba de fusao é a H, porem as mais comuns sao de plutonio e uranio q sao por meio de fissao
Assim como a pólvora, a nitroglicerina e as facas: a tecnologia não é ruim, o problema é que insistimos em deixá-la nas mãos de malucos…
Falou bem, porem não disse a velocidade que viajaria esse equipamento. Eu imagino que ela viajaria no mínimo a 180.000 km/h caso demore 90 dias ou 51,38 km/s .
Você utilizou a maior distância que marte está da terra para fazer a conta neh? Achei uma distância de 60 milhões de km, considerando 90 dias a velocidade seria de quase 28.000 km/h e no caso de que seja em 30 dias a velocidade seria de quase 85.000 km/h. Isso considerando as menores distâncias que irão ocorrer em 2018 e 2035; 57,59 e 56,91 milhões de km respectivamente.
Sabe quando você fica com aquela sensação que é muito bom para ser verdade ou não entendi alguma coisa? Pois é!
Se for do jeito que eu entendi, eles acabaram de descobrir uma forma de gerar a controlar a fusão nuclear! E daí, seria só pegar um fogete desses, apontar o jato para uma turbina e gerar eletricidade aqui na Terra. Se o jato do foguete estiver muito quente, é só utilizá-lo para gerar vapor que por sua vez pode acionar um turbo-gerador.
Isso simplesmente acabaria a dependencia da Terra de combustíveis fósseis e de eletricidade gerada pelas Usinas Nucleares à fissão nuclear.
Será que é isso mesmo ou eu não estou enxergando algma coisa?
Jonatas,há pouca informação no artigo, mas creio que a fusão a que se refere o texto não seja nuclear e sim plasmática (que pode “desarranjar” o átomo, mas, sem mexer com o núcleo), ou seja transformar partículas metálicas em plasma de ejeção, mais ou menos como ocorre com os processos de metalização; só que ao invés do gás propelente e calorimétrico, sob elevada pressão, usa-se o imã como força de compressão e ejeção. Como disse, não há informação relevante, pelo contrário é dúbia e talvez até errônea, sendo assim, duvido categoricamente que seja fusão nuclear, caso contrário, tal máquina poderia ser a espoleta de um gerador de fusão nuclear que estão tentando fazer, gastando-se bilhões de dólares, enfim duvido realmente que seja um processo de fusão nuclear, com um “simples” aparato deste, mas, com melhor especificação do projeto…….quem sabe!!!!.
Não sou um grande entendido em tecnologia astronáutica e física nuclear, mas achei que o texto escrito pela jornalista está impecável, parabéns.
A fusão nuclear é um processo chave do Universo, as estrelas o fazem em escalas astronômicas em seus núcleos e assim produzem sua vasta energia – em vista disso, isso nada mais é que a Implementação de um antigo sonho da ciência – sonho que agora é uma visão.
Agora impressionantes dezenas de dias até marte, seriam poucos meses até Júpiter e uns poucos anos até Plutão. Creio que o primeiro uso, provavelmente antes que a tecnologia seja segura aos astronautas, será através de sondas espaciais pioneiras até os recantos mais interessantes do Sistema Solar, as luas de Júpiter e Saturno. A nossa Lua, logo ali, seria uma viagem de rotina – fundamental para a construção de uma base – tudo isso virá a ser realidade.
Atualmente, os americanos estão comendo poeira dos russos no que se trata de propulsão espacial – implementando isso eles retomam a dianteira, mas agora tem a China forte no páreo. Acho que uma corrida espacial se desenha, mas espero que a multipolaridade de hoje, envolvendo UE e até a Iniciativa privada, faça com que seja mais saudável e sem ar de guerra-fria.
Essa parte chama atenção: “agraciada entre diversos projetos premiados selecionados entre mais de 700 propostas”, isso mostra o quão importante é a humanidade que cada vez mais pessoas se interessem pelo progresso científico não como meros espectadores, mas como colaboradores.
Magnífico. Pena que não seja o mundo inteiro a concentrar seus esforços na evolução da espécie humana.
Ainda não é, mas acho que já podemos ter esperança: “agraciada entre diversos projetos premiados selecionados entre mais de 700 propostas”, houve intensa participação e muita análise de diversas propostas. Havendo mais países investindo, iniciativa privada e tudo mais, a navegação espacial deixará de ser um fato apenas científico, mas um fato econômico e turístico. Tudo tem um porém, o que me preocupa é a navegação negligente que possa vir a se desenvolver, junto com o lixo espacial.
que formidável…estamos no caminho da salvação da vida no planeta terrestre..e a colonização do universo..