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Negadores do aquecimento global devem parar de distorcer as evidências

Está acontecendo novamente: a cada seis anos, mais ou menos, o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) publica seu relatório sobre o entendimento científico atual da mudança climática causada pelo homem. Ao mesmo tempo, os grupos da indústria do combustível fóssil começam a atacar o relatório, e também iludir e enganar o público acerca de sua mensagem.

Michael Mann, professor de meteorologia da Universidade Penn State (EUA) e um dos autores do IPCC, explica que os negadores do aquecimento global parecem estar divididos em sua retórica anticiência. Alguns afirmam que o IPCC está minimizando a força da evidência e o grau da ameaça. Outros acusam o consenso de distorcer o que está acontecendo com o clima.

Entre os primeiros críticos, encontram-se a mídia conservadora Fox News, que inclusive chega a confundir seus leitores, ao utilizar o “relatório” de um “painel” paralelo, o NIPCC, com um nome parecido, como “prova” de que o aquecimento global é mínimo e inócuo. Só que o “relatório” do NIPCC contém distorções e inverdades e não é aberto a críticas ou revisões.

A mensagem do relatório do IPCC aumentou o grau de certeza de que a queima de combustível fóssil e outras atividades humanas são responsáveis pelo aquecimento global que estamos experimentando. Da mesma forma, aumentam as certezas de que já estamos experimentando o impacto deste aquecimento na forma de derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e vários fenômenos meteorológicos extremos (secas, chuvas intensas, ondas de calor, etc).

A segunda alegação, de que o IPCC exagerou as evidências, é ainda mais absurda. Isso porque, pelo contrário, em muitos aspectos o IPCC tem sido bastante conservador. O relatório reportou dessa vez, por exemplo, uma leve diminuição na sensibilidade climática de equilíbrio – um número que indica a mudança de temperatura esperada para uma quantidade duplicada de CO2 atmosférico em relação ao CO2 da era pré-industrial. Este número variava de 2°C a 4,5°C e passou a ser de 1,5°C a 4,5°C. Esta alteração foi baseada em uma linha de evidências bastante limitada: a superfície não aqueceu tanto durante a última década (outras linhas de evidência não apoiam esta redução do limite inferior da sensibilidade climática), conta Mann.

Da mesma forma, as estimativas de elevação dos níveis do mar também são conservativas, apontando para uma elevação de 1 metro até o fim do século — apesar de haverem estimativas esperando 2 metros.

Outra das distorções que os negadores do aquecimento global fizeram se relacionam com os gráficos de temperatura. Uma das alegações é de que o IPCC descartou as conclusões do gráfico que apontam que o aquecimento global atual não tem precedentes naturais.

Entretanto, as conclusões do IPCC sobre a temperatura foram reforçadas, apontando que o período entre 1983 e 2012 foi provavelmente o período de 30 anos mais quente dos últimos 1.400 anos.

Um dos alvos dessa campanha de desinformação é a inclusão dos dados do aquecimento que aconteceu em algumas regiões no período medieval — de fato, em algumas regiões houve um aquecimento que se equipara ao do fim do século 20. Mas, quando se toma a média global, o aquecimento da Idade Média nem chega perto do aquecimento experimentado nos últimos 30 anos.

Outras distorções certamente vão aparecer, mas, de acordo com Mann, o leitor não pode se deixar enganar: a mudança climática é real e é causada pelos seres humanos. As próximas décadas vão experimentar impactos mais perigosos e potencialmente irreversíveis, se não fizermos algo para reduzir as emissões globais de carbono. [LiveScience]

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