Novo anticorpo ataca 99% das cepas de HIV

Por , em 24.09.2017
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Cientistas criaram um anticorpo que ataca 99% das cepas do HIV e pode, ainda, prevenir a infecção em primatas. Ele é formulado para atacar três das partes críticas do vírus – tornando mais difícil para o HIV resistir aos seus efeitos.

O trabalho é uma colaboração coletiva entre os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA e a empresa farmacêutica Sanofi.

A International Aids Society disse que se trata de um “avanço estimulante”. Os testes em seres humanos começarão em 2018 para verificar se é possível, também, prevenir ou tratar nossas infecções.

Nossos corpos lutam para combater o HIV devido à habilidade de mutação do vírus, que também modifica sua aparência. Essas variedades de HIV – ou cepas – em um determinado paciente são comparáveis ​​às da gripe num momento de epidemia mundial. Assim, o sistema imunológico se encontra em uma luta contra um número insuperável de mutações.

Super-anticorpos

Após anos de infecção, um pequeno número de pacientes desenvolve armas poderosas chamadas “anticorpos de neutralização ampla”, que atacam partes fundamentais ao HIV e podem matar grandes extensões de suas cepas.

Os pesquisadores têm tentado usar anticorpos amplamente neutralizantes como forma de tratar o vírus, ou, ainda, prevenir a infecção.

O estudo, publicado na revista Science, combina três desses anticorpos em um “anticorpo tri-específico” ainda mais poderoso. Gary Nabel, diretor científico da Sanofi e um dos autores do relatório, disse ao site da BBC: “Eles são mais potentes e têm uma amplitude maior do que qualquer anticorpo natural jamais descoberto”.

Os melhores anticorpos de ocorrência natural atingirão a maioria das cepas de HIV. “Estamos alcançando cobertura de 99%, mesmo em concentrações muito baixas na injeção”, disse o Dr. Nabel.

Experimentos realizados em 24 macacos mostraram que nenhum dos que receberam o anticorpo tri-específico desenvolveram infecção quando, mais tarde, foram tratados com a dose do vírus. “Verificamos um grau de proteção impressionante”, afirmou.

O trabalho incluiu cientistas da Harvard Medical School, do The Scripps Research Institute e do Massachusetts Institute of Technology.

“Avanço encorajador”

Ensaios clínicos para testar o anticorpo em seres humanos terão início no próximo ano.

A professora Linda-Gail Bekker, presidente da International Aids Society, informou à BBC: “Este artigo traz um avanço encorajador. Esses anticorpos super projetados parecem ir além da proteção natural e podem ter mais aplicações do que imaginamos até o momento. Ainda é cedo, e espero que os primeiros ensaios tenham início já em 2018. Como médica que atua na África, sinto a urgência de confirmar essas descobertas nas pessoas o mais rápido possível”.

O Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, disse que esta se trata de uma abordagem intrigante.

Ele acrescentou: “As combinações de anticorpos que que se ligam de forma diferente ao HIV podem superar as defesas do vírus no esforço para conseguir um tratamento e prevenção efetivos baseados em anticorpos”. [BBC]

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