O ataque mais veloz do reino animal: vídeo
O camarão mantis, também chamado de tamarutaca, lacraia-do-mar ou lagosta-boxeadora, é um minúsculo animal marinho com muitos talentos especiais.
Existem mais de 400 espécies de camarão mantis em todo o mundo, sendo que a maioria vive em águas subtropicais e tropicais.
O vídeo abaixo, produzido pelo pessoal da série Deep Look do canal KQED de San Francisco, nos EUA, mostra como algumas espécies usam golpes poderosos para abrir as conchas de caracóis saborosos, e como outras lançam apêndices afiados para capturar peixes.
Miríade de superpoderes
As espécies que golpeiam suas presas com garras que lembram martelos aceleram tão rápido quanto uma bala de calibre 22, algo possível graças a adaptações moleculares na superfície dessa garra.
Ela é feita de um mineral duro chamado hidroxiapatita, disposto em pilares verticais. A quitosana, um carboidrato encontrado em conchas de crustáceos, fica empilhada atrás desta zona de impacto em diferentes orientações, o que torna difícil para uma única rachadura viajar através da casca do animal. Uma região estriada ao longo dos lados da garra comprime a estrutura inteira como uma fita em torno dos nós do punho de um pugilista.
Inspirados pela natureza, os cientistas querem desenvolver materiais sintéticos que imitam a garra do camarão mantis. Eles esperam usar esses materiais para melhorar produtos como armaduras, capacetes de futebol e até mesmo carros e aviões.
Visão
O vídeo do KQED se concentra em outra das adaptações do camarão mantis: sua visão. Os olhos do camarão são estranhos de várias maneiras. Para começar, cada globo ocular tem seis pupilas através das quais entra a luz. Isto faz da percepção de profundidade de camarão excelente, o que é muito importante dado que seu método de caça requer pontaria perfeita.
O camarão também tem sistemas visuais únicos que usam 12 receptores separados para detectar cores. Em comparação, os seres humanos usam apenas três receptores para ver o arco-íris. Estranhamente, o camarão parece ter uma visão de cor menos clara do que a dos seres humanos. Um estudo de 2014 descobriu que os animais podem diferenciar as cores com comprimentos de onda de cerca de 25 nanômetros de distância, em comparação com os seres humanos, que podem diferenciar cores com comprimentos de onda apenas um nanômetro ou dois.
No entanto, os receptores de cor estranha do camarão mantis podem permitir que ele faça seu processamento de cor no olho, ao invés de no cérebro, como os humanos. Isso poderia significar que os animais percebem cores muito rapidamente. Eles também podem ver a luz ultravioleta, que os seres humanos não podem.
Polarização e comunicação
Os camarões mantis inegavelmente batem os seres humanos em uma área de visão: eles podem ver a luz polarizada. A luz solar atinge o olho de forma caótica, com comprimentos de onda viajando em todas as direções. Algumas superfícies, como as escamas de peixe, polarizam essa luz, reunindo, essencialmente, os comprimentos de onda e refletindo-os de forma mais organizada. O olho humano não pode ver essa polarização, mas o olho do camarão mantis pode.
Algumas partes do corpo do animal também desempenham este truque de polarização, o que indica que o camarão talvez se comunique com outros usando essa coloração polarizada.
A polarização é interessante para os pesquisadores médicos porque algumas lesões nos tecidos e até mesmo as células cancerosas aparecem de forma diferente sob uma lente polarizada.
Em 2014, pesquisadores liderados por Viktor Gruev da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos EUA, desenvolveram um biossensor usando nanoestruturas metálicas que imitam o olho do camarão mantis. Um objetivo é usar este biossensor para detectar cânceres gastrointestinais mais cedo do que é possível usando a colonoscopia tradicional. [LiveScience]