O conceito de linguagens do amor é baboseira: estudo

Por , em 21.01.2024

A ideia das “linguagens do amor,” inicialmente proposta por um ministro batista no início dos anos 90, tem sido uma influência marcante no campo da psicologia popular por muitos anos. Contudo, recentemente, especialistas começaram a questionar a sua eficácia e fundamentação.

Em um estudo recente publicado no periódico Current Directions in Psychological Science, uma equipe da Universidade de Toronto Mississauga realizou uma análise crítica em relação ao fascínio do público pelas “linguagens do amor”. Após revisarem dez estudos sobre relacionamentos, os pesquisadores concluíram que a teoria carece de um suporte empírico consistente.

No ano de 1992, Gary Chapman, um pregador, lançou o seu livro de grande sucesso “As 5 Linguagens do Amor: O Segredo do Amor Duradouro.” A essência da obra, evidente em seu título, é que para manter relacionamentos duradouros é essencial compreender a própria linguagem do amor e a do parceiro. Chapman definiu essas linguagens como palavras de afirmação, tempo de qualidade, dar presentes, atos de serviço e toque físico.

Apesar de parecer um conceito inofensivo, ele enfrentou críticas ao longo dos anos. Algumas delas direcionadas à sua origem, classificando-a como “propaganda cristã”, e outras questionando a limitação de apenas cinco linguagens do amor distintas.

Este último ponto foi enfatizado pela equipe de pesquisa liderada pela psicóloga Emily Impett, da UTM. Em sua análise de estudos sobre relacionamentos, eles descobriram que é “inconclusivo se as cinco linguagens do amor realmente representam um arcabouço significativo para entender as diversas maneiras que as pessoas expressam e sentem amor.”

A pesquisa adiciona que, “Mesmo se fosse verdade que as cinco linguagens do amor propostas por Chapman representassem construtos separáveis, é importante considerar que elas podem não abranger todas as formas significativas que as pessoas expressam e sentem amor.”

Emily Impett, que também lidera o Laboratório de Relacionamentos e Bem-Estar na UTM, destacou em um comunicado à imprensa que um dos problemas com o conceito de Chapman é a forma como são definidos e decididos.

De acordo com Impett, as pessoas determinam sua linguagem do amor primária através de um questionário desenvolvido por Chapman, que obriga a escolher entre diferentes formas de expressão do amor. Ela argumenta que tais escolhas não refletem cenários da vida real, onde todos os elementos das linguagens do amor são considerados importantes em um relacionamento.

Ademais, a origem da teoria do autor batista é questionável.

Impett ressalta que, “As cinco linguagens do amor de Chapman foram derivadas de uma amostra predominantemente branca, religiosa, heterossexual e tradicional de casais.”

O estudo sugere que a popularidade do conceito das linguagens do amor deve-se à sua mensagem simples e livre de jargões científicos. Para substituí-lo, a equipe de Impett oferece uma metáfora alternativa: “uma dieta saudável e equilibrada.”

Esta metáfora compara com a de Chapman, sugerindo que assim como uma dieta diversificada é essencial para uma boa saúde, uma variedade de expressões de amor é necessária para relacionamentos satisfatórios. O documento explica que, “Embora as pessoas possam sobreviver com elementos alimentares limitados (como carboidratos), a saúde ótima requer uma gama completa de nutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais).”

Esta abordagem representa um ponto de partida promissor e é desprovida de conotações religiosas, diferentemente do modelo de linguagens do amor. [Futurism]

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