O Módulo de Pouso Peregrine está programado para ser lançado em 24 de dezembro. Veja o que ele levará para a lua
Na madrugada do dia 24 de dezembro, enquanto as celebrações natalinas ainda não começaram e o cheiro de biscoitos de gengibre ainda não se espalhou pelas casas, uma missão espacial significativa está programada para decolar rumo à Lua.
Essa jornada espacial será conduzida pela sonda “Peregrine Lunar Lander”, assim nomeada em homenagem à ave mais rápida do planeta. A missão dessa nave robótica é atravessar o espaço, alcançar a órbita lunar e, depois, iniciar uma descida controlada até aterrissar numa área conhecida como Baía da Adesividade, ou Sinus Viscositatis, famosa por suas antigas correntes de lava lunar.
Este projeto representa um marco histórico por várias razões. Primeiramente, é a missão inicial sob o programa de Serviços de Carga Lunar Comercial (CLPS) da NASA. Este programa possibilita que a NASA envie cargas à Lua utilizando espaçonaves construídas por empresas externas. A Astrobiotic, responsável pela Peregrine, está colaborando com a NASA, que incluiu alguns equipamentos no módulo de pouso.
A Peregrine partirá em sua viagem a bordo do primeiro voo do foguete Vulcan Centaur, da United Launch Alliance. Este foguete, sucessor dos modelos Atlas V e Delta IV, foi projetado para levar grandes cargas ao espaço.
Em uma reunião no dia 29 de novembro, representantes da Astrobiotic, United Launch Alliance e da NASA discutiram sobre as cargas da missão e os procedimentos esperados para o dia anterior ao Natal.
Quais são as cargas para a Lua?
A NASA patrocinou cinco equipamentos para esta missão. O primeiro deles é o “espectrômetro de massa com armadilha de íons Peregrine” (PITMS), que investigará a fina camada gasosa ao redor da Lua usando espectrometria de massa, uma técnica que mede a relação massa-carga de íons.
Ryan Watkins, cientista do programa da NASA, explicou que o PITMS busca ampliar nosso conhecimento sobre substâncias voláteis na Lua e como elas reagem a perturbações, como o escape de foguetes.
Outro instrumento importante é o sistema de espectrômetro de nêutrons (NSS), que medirá a quantidade e energia de nêutrons próximos à superfície lunar. Esses dados ajudarão a determinar a presença e a quantidade de hidrogênio e a umidade do solo lunar.
A missão também inclui o array retrorefletor lunar (LRA), composto por oito retrorefletores em uma estrutura de alumínio. Este equipamento servirá como um marcador lunar permanente por décadas, ajudando em medições precisas de distância de naves em órbita ou pousadas.
Além disso, a NASA enviará o sistema de espectrômetro de voláteis no infravermelho próximo (NIRVSS) e o espectrômetro de transferência de energia linear (LETS). O NIRVSS, com seus diversos sensores, observará a superfície lunar para determinar sua composição, morfologia e ambiente térmico. O LETS, um monitor de radiação, analisará o ambiente espacial durante a órbita da sonda, fornecendo dados vitais para a segurança humana em missões lunares.
Esses instrumentos se concentrarão nos “Domes de Gruithuisen”, que representam fluxos vulcânicos lunares, para melhor entender a história da região.
Além das cargas da NASA, outras 15 serão enviadas para a Lua. Elas variam desde instrumentos científicos, como o detector de radiação M-42 do Centro Aeroespacial Alemão, até itens simbólicos. Por exemplo, a cápsula do sonho lunar do Japão, da empresa Astroscale, levará mensagens de mais de 80.000 crianças. A empresa americana Elysium Space enviará restos mortais para criar memoriais lunares, e cientistas das Seychelles enviarão um bitcoin.
John Thornton, CEO da Astrobiotic, destacou a importância de levar sete nações à superfície lunar, incluindo o Reino Unido, México, Alemanha, Hungria, Japão e Seychelles. Esta missão, segundo ele, é o resultado de anos de preparação desde a primeira venda de carga lunar comercial em 2014.
A parceria CLPS com a NASA proporciona oportunidades únicas para cientistas lunares, permitindo várias missões e experimentos ao longo de suas carreiras.
A Jornada até a Lua
O lançamento está programado para aproximadamente 1h50 da manhã, horário do leste dos EUA, no dia 24 de dezembro, com datas alternativas nos dois dias seguintes. Se o lançamento ocorrer dentro deste período, espera-se que o módulo pouse na Lua em 25 de janeiro.
Chris Culbert, do Centro Espacial Johnson da NASA, comentou sobre as complexidades técnicas de pousos lunares, especialmente para empresas privadas e veículos robóticos. Após o lançamento, a espaçonave entrará em uma trajetória de injeção translunar, logo se separando do veículo de lançamento. Esta fase envolverá disparos iniciais de motores e ajustes de trajetória.
Cerca de 12 dias após o lançamento, a espaçonave alcançará a órbita lunar. A equipe aguardará as condições locais de iluminação ideais antes de iniciar a descida final.
Uma vez que as condições de pouso estejam adequadas, a espaçonave pousará no local designado. O módulo operará por cerca de 10 dias antes da chegada da noite lunar, que reduz drasticamente as temperaturas.
Thornton ressaltou que esta missão, coincidindo com a véspera de Natal, será realmente um presente notável. [Live Science]