O pássaro mais barulhento do mundo é tão alto quanto um trovão

Por , em 23.01.2020

Você conhece a araponga-da-amazônia? Caso a resposta seja não, apenas te aconselhamos a não chegar muito perto dela.

Esse pássaro é, de acordo com um novo estudo realizado por Jeffrey Podos, da Universidade de Massachusetts (EUA) e Mario Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Brasil), o mais barulhento do mundo.

O recorde anterior pertencia ao cri-crió com seus 116 decibéis, não páreos para os 125,4 decibéis da araponga, o que é mais alto que um show de rock e apenas um pouco mais baixo que um tiro. Basicamente um trovão.

O som não parece o de um trovão, pelo menos. Não que seja muito melhor: parece um robô quebrado. Ouça abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=uWopM3QMU-4

Acasalamento

Por que a tal da araponga berra tão alto? Por que outro motivo seria, se não para o objetivo maior de cada espécie viva deste planeta? Atrair fêmeas.

Não tenho a menor ideia do porquê isso funciona, no entanto – aparentemente, os machos berram cada vez mais alto quanto mais perto as fêmeas estão deles, o que é diferente do comportamento da maioria das aves, que costumam utilizar sua força vocal para longas distâncias.

Glória amada, esse truque evolutivo não colou com a espécie humana – quem iria querer um macho berrando mais alto que o vocalista do Mettalica a menos de quatro metros da sua cara?

Como bem observaram os pesquisadores, a essa distância, as arapongas fêmeas podem prejudicar sua própria audição, de forma que é um verdadeiro mistério o fato de elas permanecerem por perto.

“Enquanto assistíamos aos pássaros, tivemos a sorte de ver as fêmeas se juntarem aos machos em seus poleiros”, Podos explicou em um comunicado à imprensa. “Nesses casos, vimos que os machos cantam apenas as músicas mais altas. Além disso, eles giram dramaticamente durante essas músicas, de modo a tocar a nota final da música diretamente para as fêmeas”.

É, meus caros. Tem gosto para tudo.

O estudo foi publicado na revista científica Current Biology. [Cnet]

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