10 mitos sobre contracepção que você precisa parar de acreditar

Por , em 20.05.2019

O controle de natalidade moderno é um desenvolvimento incrível – ajuda as mulheres a controlarem sua reprodução, planejar a menstruação e administrar sintomas dolorosos.

No entanto, ainda é cercado por muitos mitos e desinformação. É por isso que o portal Science Alert conversou com dois ginecologistas e pediu que eles desmentissem rumores contraceptivos comuns.

MITO: Você não pode engravidar se estiver usando um controle de natalidade eficaz

“A maioria das pessoas acha que os métodos são infalíveis”, explica o ginecologista Nerys Benfield. “Nenhum deles é. Nem mesmo a esterilização é 100% eficaz”.

De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, a esterilização feminina, como a ligadura e corte das trompas (laqueadura), é mais de 99% eficaz, mas ainda assim não é perfeita.

Ou seja, não importa se você usa camisinha ou toma pílula anticoncepcional regularmente – a gravidez ainda é possível, independentemente do tipo de contracepção que você usa.

MITO: A pílula do dia seguinte é 100% eficaz

A pílula do dia seguinte é um tipo de contracepção de emergência que funciona atrasando a ovulação, ou a liberação de um óvulo do seu ovário. Se não houver óvulo para ser fertilizado pelo esperma, não tem como você ficar grávida.

Mas, assim como outras formas de contracepção, não é perfeita. “Só funciona atrasando sua ovulação, por isso, se você já tiver ovulado, tomar [contracepção de emergência] não vai ajudá-la”, afirmou Benfield.

Um tipo mais eficaz de contracepção de emergência é o DIU de cobre. Se for inserido dentro de cinco dias após o sexo desprotegido, previne 99,9% das gestações – e você pode simplesmente deixá-lo no seu útero por mais 10 anos.

Tanto o DIU como a pílula do dia seguinte têm seus prós e contras, no entanto. Consulte um médico para que ele possa ajudá-la a fazer a escolha certa.

MITO: O controle de natalidade hormonal é tóxico e não natural

Você já deve ter ouvido falar – principalmente de “blogueiros de bem-estar” – coisas ruins sobre o controle de natalidade hormonal, por exemplo, que é antinatural, tóxico e perigoso para o seu corpo.

Não é tão preto e branco assim. De fato, todos os tipos de controle de natalidade hormonal têm riscos que valem a pena serem discutidos com seu ginecologista. Mas, para muitas mulheres, os benefícios do controle de natalidade hormonal facilmente superam esses riscos.

A ginecologista Alyssa Dweck esclarece que alguém com endometriose, por exemplo, pode ter dor menstrual incapacitante sem o uso de hormônios. “Embora eu aprecie que haja muitas pessoas que não querem tomar hormônios, haverá pessoas que realmente sofrerão sem eles”, completou, afirmando que a decisão de os utilizar ou não precisa ser decidida caso a caso.

Se você realmente não quer tomar hormônios, mas ainda quer um controle de natalidade eficaz, pode novamente optar pelo DIU de cobre. O único ingrediente ativo é o cobre, é mais de 99% eficaz e oferece 10 anos de proteção, ou mais.

MITO: Você precisa tomar a pílula exatamente na mesma hora todos os dias

A verdade depende do tipo de pílula que você toma. Se você toma uma pílula com apenas um hormônio, realmente precisa tomá-la na mesma hora todos os dias, já que seus efeitos começam a desaparecer após cerca de 26 horas. Assim, se você atrasa em três horas ou mais, precisa usar outro controle de natalidade, como um preservativo.

Já se você toma um tipo de pílula combinada, que contém dois hormônios, há mais tempo de “sobra”. Isso porque ele impede a ovulação. Segundo Benfield, leva tempo para o seu ovário se preparar e liberar um óvulo, por isso, algumas horas de atraso não devem preocupar.

Esquecer de tomá-la completamente, no entanto, especialmente durante a primeira semana da cartela, é uma história diferente.

Claro, alguns médicos ainda incentivam tomar os dois tipos de pílula no mesmo horário todos os dias, simplesmente porque isso ajuda a formar um hábito. Apenas saiba que você não precisa entrar em pânico com algumas horas de atraso se tomar uma pílula combinada.

MITO: Não é seguro deixar de menstruar usando controle de natalidade

Algumas mulheres “emendam” cartelas ou tomam pílulas anticoncepcionais de uso contínuo, deixando de menstruar totalmente. Outras formas de controle de natalidade hormonais, como o DIU e o implante, podem também fazer a menstruação desaparecer completamente. Tudo isso é completamente seguro.

“As pessoas pensam: ‘Se eu não estou sangrando, tudo que deveria estar saindo está se acumulando no meu corpo’”, contou Benfield. Mas pular períodos de menstruação não significa que você tenha um acúmulo de sangue no seu útero. “O que o hormônio faz é manter o revestimento uterino fino. Ele mantém o útero vazio e limpo, então não há nada que precise sair”, acrescentou.

Se você gosta da garantia de períodos mensais de menstruação, isso é ótimo. Mas se você prefere não lidar com eles, ótimo também. Pular a menstruação pode até beneficiar a sua saúde: de acordo com Benfield, reduzir a frequência de seus ciclos menstruais reduz o risco de câncer endometrial.

MITO: DIUs causam abortos

Os DIU impedem que um óvulo seja fertilizado e implantado no útero, não causam um “aborto” de um óvulo fertilizado.

“Com o DIU de cobre, o cobre mata o esperma”, explica Benfield. “Então, mesmo que você ainda esteja ovulando e o esperma ainda esteja entrando no útero, quando os espermatozoides passam por aquela parede de íons de cobre, se tornam disfuncionais”.

DIUs hormonais como Mirena e Sklya funcionam de forma um pouco diferente, mas o resultado é o mesmo.

“Um dos principais efeitos dos hormônios é dar-lhe esse muco cervical espesso que forma essa barreira agressiva ao esperma”, acrescentou Benfield. “Então os espermatozoides não conseguem entrar no útero de maneira consistente. Eu chamo isso de bloqueio cervical”.

MITO: A pílula do dia seguinte causa aborto

Enquanto existe uma pílula que induz o aborto, a pílula do dia seguinte é algo completamente diferente.

“Eu tenho muitas pacientes que, por razões de religião ou crenças pessoais, têm medo de tomar a pílula do dia seguinte porque acham que vão fazer um aborto”, disse Dweck. “[A contracepção de emergência] vai apenas prevenir a gravidez, não provocar um aborto”.

Conforme observado anteriormente, a pílula atinge seus ovários, impedindo-os de liberar um óvulo em primeiro lugar. Não “aborta” ovos fertilizados.

MITO: A pílula pode mexer com sua fertilidade

“Eu acho que o maior mito com pílulas anticoncepcionais é que elas vão de alguma forma minar sua fertilidade”, disse Dweck. “A pílula em si não influencia a fertilidade”.

Apenas pode parecer assim. Às vezes, as razões pelas quais uma mulher começa a tomar a pílula – como menstruação errática ou desequilíbrio hormonal – são o verdadeiro motivo para seus problemas de fertilidade. Esses problemas podem surgir novamente assim que a mulher para de tomar o anticoncepcional para tentar engravidar.

Também é importante lembrar que a fertilidade feminina diminui com a idade, não importa qual controle de natalidade você use. “Digamos que alguém esteja tomando pílula por 20 anos e agora, de repente, se encontra com 35 anos. O tempo que passou vai influenciar a fertilidade, em vez de ter tomado a pílula durante todo esse tempo”, elucida Dweck.

MITO: DIUs podem mexer com sua fertilidade

Os DIUs têm uma má reputação por causar infertilidade. Isso se deve em parte ao Dalkon Shield, um DIU usado na década de 1970 que aumentava o risco de doença inflamatória pélvica, uma infecção grave que podia de fato levar à infertilidade.

Mas os DIUs de hoje são feitos com materiais diferentes e são muito mais seguros. “Os DIUs que temos agora foram vigorosamente pesquisados, testados e avaliados”, afirmou Benfield. “Temos ótimas informações e estudos para mostrar que não apenas não aumentam o risco de infecção, como na verdade diminuem o risco de infecção”.

MITO: Todas as mulheres ganham peso tomando pílula

“A regra usual é que cerca de um terço das mulheres tomando pílulas anticoncepcionais ganhará peso, um terço provavelmente permanecerá com o mesmo peso, e um grupo de mulheres até poderá perder peso”, explica Dweck.

Em suma: não podemos realmente fazer declarações gerais sobre pílula e ganho de peso. Mesmo que pareça que a pílula é a culpada, Dweck observou que pode haver fatores totalmente não relacionados em jogo.

Por exemplo, algumas mulheres tomam a pílula no início da adolescência e ganham peso simplesmente porque seus corpos estão mudando e crescendo. Outras começam a pílula antes da faculdade e ganham peso por causa das mudanças no estilo de vida, como o aumento do consumo de álcool.

“Se você não quer ganhar peso, o controle de natalidade que você provavelmente deve ficar longe é a injeção anticoncepcional”, disse Dweck. “Eu diria que a regra, e não a exceção, é que as pessoas ganham alguns quilos a partir da injeção”. [ScienceAlert]

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