Por que chimpanzés não evoluíram para se tornar humanos também?

Por , em 17.07.2019

Os chimpanzés são nossos parentes primatas mais próximos. Se eles são como “primos” dos seres humanos modernos, isso significa que temos uma espécie de tataravó em comum que teve dois filhos, sendo que um se tornou humano e outro chipanzé.

Mas como? E, principalmente, por quê?

Nós e eles

Chipanzés modernos existem há mais tempo que seres humanos modernos – menos de um milhão de anos versus 300.000 anos. Apesar disso, tomamos caminhos evolucionários distintos cerca de 6 a 7 milhões de anos atrás.

Enquanto não temos registros fósseis completos dessa separação/transição, cientistas acreditam que nosso último ancestral em comum provavelmente se parecia mais com um chipanzé do que conosco, e passava mais tempo no alto das árvores do que no chão.

Justamente, começamos a nos diferenciar quando nossa espécie passou a ficar mais tempo no chão, explorando novos habitats.

“Nossos primeiros antepassados que divergiram do nosso ancestral comum com os chimpanzés seriam adeptos tanto de subir em árvores quanto de caminhar no chão”, disse Lynne Isbell, professora de antropologia da Universidade da Califórnia em Davis (EUA).

E, então, cerca de três milhões de anos atrás, as pernas desses ancestrais começaram a crescer e seus dedões dos pés foram para a frente permitindo o bipedalismo, provavelmente a primeira mudança comportamental notável entre as duas espécies. Claro, os humanos seguiram desenvolvendo muitas outras características desde então.

Os chipanzés vão muito bem, obrigado

Quanto aos chimpanzés, o fato de terem permanecido nas árvores não significa que pararam de evoluir.

Uma análise genética de 2010, por exemplo, mostrou que chipanzés se separaram de bonobos 930.000 anos atrás, e que os ancestrais de três subespécies vivas se separaram 460.000 anos atrás. As próprias espécies de chimpanzés atuais se tornaram distintas apenas 93.000 anos atrás.

Mas por que eles ainda estão nas árvores?, poderia questionar você. Porque estão muito bem assim, obrigado. “Eles estão claramente fazendo um bom trabalho sendo chimpanzés. Ainda estão por aqui e, enquanto não destruirmos o habitat deles, provavelmente estarão aqui por muitos anos mais”, explicou Briana Pobiner, paleoantropologista do Instituto Smithsonian em Washington (EUA).

“A razão pela qual outros primatas não estão evoluindo para se tornarem seres humanos é que eles indo bem como estão. Todos os primatas vivos hoje, incluindo os gorilas-das-montanhas na Uganda, os macacos bugios nas Américas e os lêmures em Madagascar provaram que podem prosperar em seus habitats naturais”, complementou ao Live Science.

Evolução é adaptação, não superioridade

Um erro comum das pessoas é pensar que a evolução é como uma progressão. Não é esse o caso – é sobre como os organismos se encaixam em seus ambientes atuais, ou seja, sobre adaptação.

Isbell esclarece que, aos olhos dos cientistas que estudam a evolução, os humanos não são “mais evoluídos” que os outros primatas. Inclusive, estamos longe de vencer o chamado “jogo evolutivo”.

Se uma bomba atômica caísse sobre o mundo hoje, é mais provável que as baratas sobrevivessem do que nós, não é mesmo?

Embora sejamos capazes de nos adaptar e manipular ambientes diferentes para atender às nossas necessidades, isso não é suficiente para nos colocar no topo da escala evolucionária.

Os mais bem adaptados

Isbell dá como exemplo outro inseto, as formigas. “As formigas são tão ou mais bem-sucedidas do que nós. Há muito mais formigas no mundo do que humanos, e elas estão bem adaptadas para onde estão vivendo”, afirma.

Ok, formigas não possuem um sistema de escrita, mas inventaram a agricultura muito antes de existirmos. Não podemos tentar comparar as coisas, porque os humanos tendem a achar importante coisas que são importantes para nós, mas não para outros animais.

“Temos a ideia de que o mais apto é o mais forte ou o mais rápido, mas tudo o que você realmente precisa fazer para vencer o jogo evolucionário é sobreviver e se reproduzir”, resume bem Pobiner. [LiveScience]

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