Por que os insetos não são tão grandes quanto os humanos?

Por , em 24.10.2012

Para sorte de todas as mulheres do mundo, baratas não ficam mais enormes do que já são. Para sorte de todas as pessoas do globo, mosquitos irritantes não são do nosso tamanho.

A questão que fica é: temos que nos preparar psicologicamente para um dia topar com um besouro gigante? Insetos podem ficar do nosso tamanho? Porque eles não são maiores?

A resposta a essas perguntas é simples: ninguém sabe. O que não significa que não estamos tentando descobrir.

Existem várias hipóteses, de menos a mais prováveis, que especulam porque insetos e outros artrópodes não ficam maiores. Confira algumas delas, conforme explica o fisiologista Jon Harrison, da Universidade do Arizona em Tempe (EUA).

Exoesqueleto

A primeira hipótese dita que o exoesqueleto dos insetos pode não ser forte o suficiente para que eles cresçam mais. Para tanto, os exoesqueletos teriam que tornarem-se impossivelmente mais grossos.

No entanto, pouca evidência experimental apoia essa ideia. Como artrópodes maiores não têm exoesqueletos mais grossos que os menores, não há nenhuma evidência direta para suportar que o problema de crescimento dos insetos tem a ver com a espessura da sua “carcaça”.

A troca

Como os exoesqueletos são rígidos, os insetos precisam mudá-lo à medida que crescem (por um maior), “saindo” da “pele” velha como se fosse uma roupa e crescendo uma nova. Cientistas sugeriram que este momento vulnerável fixa um limite para o tamanho dos insetos: animais maiores sem esqueletos de proteção se tornariam refeições mais atraentes para um predador. “Quanto maior você fica, mais você se torna um pacote saboroso vulnerável [quando troca de exoesqueleto]”, diz Harrison.

Menores, menos desejáveis

Uma teoria relacionada com a anterior sugere que ser maior faria dos insetos uma refeição mais atraente, seja trocando de exoesqueleto ou não. Um estudo, por exemplo, descobriu que o tamanho das moscas antigas diminuiu conforme as aves evoluíram, o que sugere que criaturas menores eram mais capazes de evitar predadores famintos e portanto transmitir seus genes adiante.

Sangue

Insetos têm sistemas circulatórios abertos, nos quais sangue e fluidos corporais não são ligados a vasos, como é o caso com a maioria dos vertebrados. Isso faz com que seja mais difícil movimentar o sangue por um corpo de grande porte, já que a circulação seria prejudicada pela gravidade, que puxa o sangue para baixo.

Respiração, a vencedora

De acordo com Harrison, a hipótese mais plausível existente hoje, que ele tem estudado extensivamente, é que o papel desempenhado pelo oxigênio é o maior fator limitante do tamanho dos insetos.

Insetos “respiram” através de tubos minúsculos chamados traqueias, que transportam passivamente oxigênio da atmosfera para suas células corporais.

Aqui entra a teoria: se insetos fossem maiores, isso exigiria mais oxigênio do que eles podem transportar através de sua traqueia.

Esta teoria se baseia no fato de que, cerca de 300 milhões de anos atrás, muitos insetos eram muito maiores do que são hoje. Havia, por exemplo, libélulas do tamanho de falcões, com envergadura de cerca de 1,8 metros, e formigas do tamanho de beija-flores.

Nesta época, o teor de oxigênio na atmosfera era de cerca de 35%, em comparação com os 21% que respiramos hoje.

Estudos mostram que quase todos os insetos se tornam menores se você os cria em condições de baixo oxigênio, enquanto muitos deles se tornam maiores quando você lhes dá mais oxigênio. Certas espécies podem ficar cerca de 20% maiores em uma única geração quando recebem mais oxigênio. O mesmo parece ocorrer com humanos que vivem em altitudes maiores, como nos Andes. As pessoas tendem a ter estatura mais baixa.

Insetos volumosos também parecem precisar de “mais” traqueia. Por exemplo, em um inseto maior, não haveria mais nada a não ser traqueia para que ele pudesse transportar todo o oxigênio de que precisa. Mas o animal também necessita de espaço para outros órgãos, músculos e similares.

A hipótese ainda não foi devidamente confirmada, portanto, os cientistas ainda não podem dizer que sabem por que os insetos não são maiores. Isso significa que eles também não podem dizer que uma formiga do nosso tamanho seria impossível. Então, por enquanto, melhor se preparar para o apocalipse. [LiveScience]

4 comentários

  • Paulo Galliza:

    …alguns genes devem fazer o controle do tamanho!!

  • Cesar Crash:

    Se um louva-a-deus moderno faz isso: o que não seria capaz de fazer um desses em tamanho família.
    Insetologia

  • João Pedro Arzivenko Gesing:

    Lisandro, acho que você confundiu os períodos quando falou em “Extinção Cambriana” deve ter se referido a “Grande Extinção do Permiano” (299ma), na qual 90% das formas de vida marinha foram extintas. O Cambriano (530ma) é mais antigo, quando ocorreu a “Explosão Cambriana” que foi um evento de especiação com rápido desenvolvimento de novas espécies nos oceanos do planeta.

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