Problema de gases, cocaína, injeção de libido: o que todas essas coisas têm em comum?

Por , em 9.05.2012

Uma reportagem publicada na revista alemã Der Spiegel sobre o livro “Hitler era doente?”, do historiador Henrik Eberle e do médico Hans-Joachim Neumann, desbanca várias teorias sobre a saúde de Adolf Hitler (1889-1945), afirmando que seus problemas de saúde e as drogas que ingeria tiveram pouca influência sobre suas ações.

Mas não dá para negar o fato de que esses problemas ajudaram a mistificar a figura do ditador austríaco. Ele tinha problemas de gases em excesso, usava cocaína para diminuir sua sinusite, tomava 28 remédios e recebia injeções de testosterona, a fim de aumentar seu libido.

Todas essas informações constam nos registros médicos de Hitler, que estavam sob domínio do exército norte-americano. Agora, esses documentos vão a leilão na cidade de Stamford, em Connecticut, nos Estados Unidos.

Além das anotações dos médicos do Führer, estão anexados vários exames a que ele foi submetido, como raios-X e eletroencefalogramas.

O batalhão médico do líder do partido nazista

Hitler tinha a sua disposição nada menos que seis médicos-chefe, cada qual especializado em diferentes áreas da medicina. Um deles era o otorrinolaringologista Erwin Giesing, que entrou para o partido em 1933, mas só começou a atender Hitler a partir de 1944, após uma tentativa frustrada de assassinato, que prejudicou um dos tímpanos do ditador.

Esse atentado consistiu em uma bomba, plantada a apenas dois metros de Hitler, pelo coronel alemão da Bavária Claus von Stauffenberg, mais tarde condenado à morte por fuzilamento. O atentado foi ineficaz e não foi empecilho algum para o ditador, que, menos de uma hora depois, encontrou-se com Mussolini.

Após a queda de Berlim, Giesing ficou sob custódia do exército ianque e compilou para o inglês todos os registros médicos de Hitler.

Cocaína, testosterona e estricnina

Segundo os documentos, Hitler inalava cocaína para melhorar sua sinusite e suavizar sua garganta. Vale ressaltar que as quantidades eram decrescentes e que não existe prova alguma de que ele fosse um viciado na droga.

Além disso, a menina dos olhos de Hitler era Theodor Morell (1886-1948), que lhe dava injeções de testosterona, coletada de bois jovens, bem antes dos encontros com Eva Braun, fiel companheira do ditador.

E os registros médicos revelam outro aspecto da saúde de Hitler: ele sofria com o excesso de gases. Para contornar o problema, ele chegava a tomar 28 remédios, incluindo vitaminas e pílulas, que continham pequenas quantidades de estricnina, um velho conhecido veneno para rato, que causa doenças no fígado e no estômago.

Esses problemas digestivos é que instigaram Hitler a se tornar vegetariano, segundo Eberle e Neumann. Ao contrário do que a propaganda nazista disseminou, não era porque Hitler amava os animais, mas porque ele tomava grandes quantidades de drogas para combater suas flatulências.

Fiel e mal falado

Isso causou até discussão entre seus médicos, pois alguns acharam que ele estava sendo envenenado.

Quando surgiram os sintomas de icterícia, no inverno de 1944, outro debate acirrado tomou lugar entre seus médicos. Alguns acusaram Morell de ter envenenado Hitler, mas o ditador defendeu seu médico, despedindo os detratores.

O que levanta suspeita sobre um relacionamento mais íntimo entre Morell e Hitler, que, segundo o livro citado no início desse artigo, tinham uma relação fraternal. “Meu querido médico, estou ansioso para vê-lo amanhã cedo!”, dizia Hitler para seu médico.

Traudl Junge, secretária particular de Hitler durante a guerra, disse que “ele era viciado em Morell”. Ironicamente, o médico não desfrutava da melhor reputação. Quando Eva Braun reclamava da péssima higiene do médico, Hitler não pensava duas vezes em defendê-lo, dizendo: “Ele não está aqui para cheirar bem, mas para me manter saudável”.[LiveScience/WashingtonExaminer/HuffingtonPost/
NewYorkDailyNews/AlexanderHistoricalAuction/DerSpiegel]

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