Problemas na divisão celular do óvulo podem ocasionar aborto e deficiências

Por , em 17.04.2011
Cientistas localizaram um momento no processo de divisão celular do óvulo que pode ocasionar anomalias cromossômicas que causam aborto e deficiências de nascimento. O estudo foi publicado na revista Biologia Atual.

A constatação se aplica especialmente às mulheres com idade acima de 40 anos, que têm um maior risco de aborto do que as mulheres mais jovens, segundo os cientistas.

O esperma dos homens e os óvulos das mulheres contêm ambos metade do número de cromossomos necessários para fertilizar um óvulo – assim, após a fecundação, um embrião com o número certo de cromossomos é produzido.

Durante este processo de divisão, os cromossomos das células do espermatozoide e do óvulo, que contêm DNA, devem se alinhar uniformemente. Com o esperma, a divisão celular não continua a se os cromossomos não estiverem alinhados adequadamente.

Porém, os pesquisadores descobriram que isso nem sempre acontece no caso das células do óvulo. “Em algumas situações, a célula continua a se dividir, mesmo se os cromossomos não são organizadas corretamente – o que pode levar a um número anormal de cromossomas”, explica a pesquisadora Pat Hunt, professora e bióloga reprodutiva da Universidade do Estado de Washington, Estados Unidos.

Os fetos com um número anormal de cromossomos muitas vezes morrem no útero, resultando em aborto espontâneo, ou nascem com defeitos congênitos, como a síndrome de Down, conta Hunt.

“A pesquisa demonstra que os cromossomos das célula do óvulo não necessitam estar alinhados para dar sequência ao processo. A pergunta agora é ‘por quê isso ocorre?’”, expõe Hunt. “Porque as células se comportam assim de maneiras diferentes?”

Os pesquisadores observaram que estes tipos de anomalias cromossômicas são mais comuns em células de óvulos de mulheres mais velhas. No momento em que uma mulher está na casa dos 40, cerca de metade dos óvulos que ela ainda possui é provável cromossomicamente anormal, segundo Hunt. Enquanto isso, mulheres na faixa dos 20 anos, têm apenas cerca de 10% dos óvulos cromossomicamente anormais.

“Essa descoberta oferece uma espécie de visão unificadora, porque isso significa que não importa o que atrapalha a divisão: perda de proteínas, mudança no ambiente hormonal ou fatores ambientais, qualquer uma dessas coisas “, aponta Hunt. “Na ausência deste tipo de controle rigoroso do ciclo celular para garantir que todos os cromossomos estão alinhados, qualquer coisa que perturbe a divisão se torna uma variável importante”.

Provavelmente não há uma única razão pela qual a idade de uma mãe é um fator determinante para o nascimento de bebês saudáveis​​, mas as anormalidades cromossômicas provavelmente contribuem para todas as razões possíveis, diz.

Algumas anomalias cromossômicas são mortais – cerca de metade dos abortos se deve a isso. Outras, porém, são compatíveis com o nascimento com vida, incluindo trissomias, como a síndrome de Down, síndrome de Edwards e síndrome do Pátio, elenca Hunt. Trissomias ocorrem quando um bebê tem três cromossomos em uma determinada posição na célula, onde deveria haver somente dois.

Pessoas com distúrbios de cromossomos sexuais também são capazes de sobreviver – como é o caso de mulheres com apenas um cromossomo X, em vez de dois, ou homens que têm um cromossomo X e dois cromossomos Y, quando deveriam possuir apenas um de cada. Distúrbios dos cromossomos sexuais são geralmente manifestados de forma mais suave que a trissomia.

Os pesquisadores não sabem ao certo por que o óvulo pode continuar a se dividir mesmo se seus cromossomos não estão devidamente alinhados, coloca Hunt. Uma teoria é o tamanho do óvulo – grande demais em comparação com outras células – o que poderia prejudicar o processo de sinalização celular.

Ainda não há solução para parar a divisão em células anormais. “Porém, à medida que mais mulheres adiam a maternidade para a casa dos 30, 40 anos, está se tornando cada vez mais importante encontrar uma maneira de minimizar os riscos de aborto e deficiência no nascimento”, afirma Hunt.

“Não é que as mulheres mais velhas não possam engravidar e ter filhos saudáveis, mas elas possuem um risco aumentado de problemas cromossômicos, que podem levar ao aborto. Por isso que, quanto mais avançada a idade da mulher, mais difícil se torna a gravidez”. [LiveScience]

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