Quando comprar vira vício
A bolsa era do designer Baby Phat, e custava apenas 10 reais. Mas quando Elizabeth Deiter a comprou, na loja em que trabalha, teve que correr imediatamente para o banco depositar dinheiro, ou ficaria no negativo.
Ela e seu marido só conseguiram quitar o aluguel há pouco tempo, após quatro ou cinco meses de dívida, mas o número de bolsas dela já chega perto das 100. Agora, parando para pensar em tudo o que comprou sem precisar, Deiter começa a se considerar uma compradora compulsiva.
“Estou envergonhada”, comenta a jovem de 22 anos. “Eu fiz muita besteira. Sei que deveria ter parado”.
Com os descontos de fim de ano gritando para ela, acaba sendo muito fácil cair na armadilha de gastar o dinheiro que não tem. Mas além do mau cuidado com as finanças, os compradores compulsivos têm uma doença mental reconhecida por psicólogos, mas ainda pouco estudada.
De acordo com a psicóloga americana Bonny Forest, para os que sofrem desse distúrbio, comprar algo cria uma sensação perto da euforia induzida pelo álcool. E assim como os alcoólatras, é muito difícil fugir do prazer.
Ao contrário do senso comum, muitos homens também sofrem desse problema. Cerca de 6% das mulheres e 5,5% dos homens são compradores compulsivos.
A psicóloga April Lane Benson, autora do livro “Comprar ou não comprar: porque compramos demais e como parar”, estima que entre um terço e metade dos compradores compulsivos acabam se tornando colecionadores de algo, mas outra parte apenas compra e se livra do que é antigo.
Mas de onde a vontade incontrolável de comprar vem? Algumas vezes, pessoas adquirem objetos para lidar com o caos e a sensação de falta de controle. “Você compra algo e passa a ter controle sobre ela”, comenta Benson.
E como muitas outros distúrbios, pode ter relação com a infância. Os pais podem ter dado presentes ao invés de tempo e atenção, levando a criança a crescer esperando mais posses materiais. Outros podem ter crescido com muita privação financeira, e quando passam por cima disso, querem comprar acima do necessário para provar que os tempos mudaram. Outra teoria, de acordo com Benson, é que “compramos como forma de tentar lidar com nosso medo da certeza da morte”.
Compras compulsivas também podem caminhar junto com alcoolismo e distúrbios alimentares. Os psicólogos enxergam isso mais como um problema de controle de impulsos do que um distúrbio compulsivo-obsessivo.
Não há uma divisão clara entre se dar um par de sapatos em um dia ruim e ser um comprador compulsivo. Quando o ato de comprar se torna um modo de lidar com as sensações ruins, pode ser que esteja se tornando um problema.
Forrest comenta que os que sofrem do distúrbio talvez consigam sempre dar desculpas para o comportamento. E Deiter confirma isso: “Quando estou estressada, acontece mais. Se eu brigo com meu marido ou meu dia está indo mal, eu definitivamente gasto mais”, diz.
Quando seu marido pergunta o que aconteceu com os mais 800 reais que deveriam estar no banco, ela honestamente não sabe – não consegue se lembrar onde gastou tudo. E ela revela que ele já ameaçou terminar o relacionamento caso as contas voltem a atrasar.
Nas épocas de troca de estação ou festividades, os compradores ficam ainda mais vulneráveis, devido às promoções. “Pense nos freios de um carro. Se você não os tem, não pode parar. Como o impulso de jogar, beber, comprar, você não tem freio”, afirma Forrest.
Deiter lembra que seus hábitos de compras começaram pequenos, com lanches. Então passou para outras fontes. Há dois meses, ela comprou cerca de 150 reais em missangas para fazer joias; elas ainda estão em uma caixa, intactas.
“Eu sempre encontro um modo de pagar as contas”, afirma. “Então caio de novo nos antigos padrões”. Alguns meses atrás, Deiter entrou em um grupo de ajuda online, mas os encontros acontecem enquanto ela trabalha, e ela não tem dinheiro para pagar um terapeuta.
Uma estratégia que ajuda alguns compradores compulsivos é ver o quanto estão gastando. Para Forrest, eles também podem tentar ir às compras acompanhados de alguém que sirva como “fiscalizador”, garantindo que não vão gastar demais. Quando estão online, devem ficar longe de suas informações de cartão de crédito, para que tenham mais tempo de pensar sobre a compra. A psicóloga recomenda 24 horas antes de comprar algo que você não tenha urgência, para dar tempo de reconsiderar.
Benson tem um programa de terapia voltado para compradores compulsivos. Começa com um exame do porque de tal comportamento – quais as causas e consequências. Ela ajuda o cliente a entender os custos e benefícios dessa prática.
“Eu realmente os faço pensar no futuro, na visão de vida deles, para que possam projetar-se e entender se esse modo de vida está ajudando nesse projeto de vida”, comenta a psicóloga.
A motivação para mudar geralmente vem ao reconhecer a diferença entre o que querem e o que são no momento.
Após esse primeiro momento, vem o básico das finanças: quanto gastaram e quanto queriam gastar? Quanto poderiam economizar não gastando tanto? Esse é um processo de nove semanas.
Os pacientes também costumam criar um “autorretrato no shopping”, no qual visualizam uma situação de compra e o arrependimento posterior. Quais necessidades são satisfeitas no shopping? Amor, afeto, estima e autonomia são aspectos que eles deveriam satisfazer de outros modos, não comprando.[CNN]
15 comentários
EM DETERMINADOS CASOS, APENAS QUANDO ZERA O LIMITE DE SEU CHEQUE ESPECIAL.
“Compramos como forma de tentar lidar com nosso medo da certeza da morte”. Que teoria estranha…
Psicólogos…
Até que acredito ser equilibrado nesse sentido. Mas tenho um pouco de dificuldade e até aflição ao comprar roupas sozinho para mim: acabo pegando peças com tamanho e estilo inadequados, gerando arrependimento depois.
Eu também era uma compradora cumpulsiva , mas fiquei assim depois de casar e a culpa é do meu marido…Ele também é comprador compulsivo, de eletronicos ,é um por semana , sem exagero ..quando sai uma novidade eletronica d qualquer area ele compra e quase nunca é usado …eu , como a maioria das mulheres comprava bolsa , sapatos e roupas …meus armarios estao abarrotados , nao cabe nem um alfinete , tenho peças ainda c etiqueta e nem sequer lembro quando comprei…
Esse ano depois de passar férias n casa d minha familia vi como eu estava ficando futil e que nao precisava nem de um terço do que eu tinha, fiz uma promessa , vou passar um ano sem comprar uma peça …ta sendo dificil , mas ja faz 6 meses que to cumprindo certinho , o dificil é vc ver alguma coisa que gosta , ter o dinheiro e nao poder comprar p causa d promessa…mas eu sei que no final eu serei uma pessoa mais equilibrada……
Belo esforço! E já pensou em doação à instituições carentes? É uma forma de compensação do sentimento de “culpa” por compulsão. Apesar que não elimina, pelo contrário pode até incentivar o consumismo… Para quem pode pagar, claro.
Sou viciado em comprar produtos apple, tenho pro17, um air 13,3, um white, um imac, iphone, ipod. pare piada, mas fui descobrir que estava agregado a esta marca a uns 3 semanas atras, fiz uma meta esse ano 2012 nao comprar nada
Já fui mais ou menos consumista, parece que eu tinha um buraco que só era preenchido quando eu comprava alguma coisa. Aos poucos fui me livrando deste hábito. Agora compro só uma roupinha no verão e outra no inverno, sapatos em lojinha bem barata, e , se alguém me oferece roupa usada, fico super feliz. Sempre que eu ganho alguma coisa eu me livro de outra, assim sempre tenho lugar no armário.
Quando o ato de comprar vira um vicio é chamado de consumo compulsivo. Eu assisti um filme que se chama os delirios de consumo de Becky bloom, uma mulher que não resiste a uma liquidação. Endividada, ela vive fugindo do seu gerente de banco e procurando fórmulas mirabolantes para pagar a fatura do cartão de crédito. Ela uma jornalista financeira que, durante o dia, ensina às pessoas como administrar seu dinheiro e, no fim-de-semana, transforma-se numa consumidora compulsiva. Esse filme realmente mostra a tragetoria de vida de muitas pessoas. Para quem se interresar em assistir esta disponivel nas bancas ou ate mesmo na internet, vale a pena assistir gente, aproveitem!
Esqueceram de acrescentar que a compulsão por comprar atinge de forma significativa as pessoas bi-polares. Deveriam aprofundar a matéria.
“Porque as mulheres não devem levar os maridos para as compras:
Depois que me aposentei, minha mulher insiste que eu a acompanhe quando vai fazer compras no supermercado. Infelizmente, como a maioria dos homens, eu acho que fazer compras é chato e tenho que ficar inventando formas de passar o tempo. E a minha mulher é igual à maioria das mulheres, fica horas fazendo compras. Resultado: ontem, minha querida esposa recebeu a seguinte carta:
‘Cara Sra. Souza,
Durante os últimos seis meses, seu marido tem causado grandes transtornos em nossa loja. Não podemos mais tolerar seu comportamento e, portanto, somos obrigados a proibir sua entrada. Nossas queixas contra seu marido estão listadas abaixo e documentadas através de nossas câmeras do circuito interno.
15/Junho: Pegou 24 caixas de preservativos e colocou-as nos carrinhos de compra de outros consumidores enquanto não prestavam atenção.
02/Julho: Acertou TODOS os alarmes da seção de relógios para tocarem a intervalos de 5 minutos.
07/Julho: Fez uma trilha de molho de tomate pelo chão da loja indo até o banheiro feminino.
19/Julho: Dirigiu-se a uma funcionária e disse em tom oficial: Código 3 na seção de Utilidades Domésticas. Dirija-se imediatamente para lá? Isto fez com que a funcionaria abandonasse seu posto e fosse repreendida pelo gerente, o que resultou em um grave incidente com o sindicato dos empregados.
14/Agosto: Moveu o aviso de Cuidado Piso Molhado para a seção de carpetes.
15/Agosto: Disse para as crianças que acompanhavam os clientes que elas poderiam brincar nas barracas da seção de camping se trouxessem travesseiros e cobertores da seção de cama, mesa e banho.
23/Agosto: Quando um funcionário perguntou se ele precisava de alguma ajuda, ele começou a chorar e gritar: Porque vocês não me deixam em paz?? O resgate foi chamado.
04/Setembro: Usou uma de nossas câmeras de segurança como espelho para tirar tatu do nariz.
10/Setembro: Enquanto examinava armas no departamento de caça, perguntava insistentemente à atendente onde ficavam os anti-depressivos.
03/Outubro: Movia-se pela loja de forma suspeita, enquanto cantarolava alto o tema do filme Missão Impossível.
06/Outubro: No departamento automotivo, ficou imitando o gestual da Madonna usando diferentes tamanhos de funis
18/Outubro: Escondeu-se atrás de um rack de roupas e quando as pessoas procuravam algum artigo, gritava: Você me achou, você me achou!
21/Outubro: Cada vez que era dado algum aviso no sistema de som da loja, colocou-se em posição fetal e gritava: Ah não, aquelas vozes de novo!’
E, por fim:
’23/Outubro: Foi a um dos provadores, fechou a porta, esperou um momento e então gritou: Ei, não tem papel higiênico aqui? Uma de nossas atendentes desmaiou.'”
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Isso que é gastar bem o tempo…kkkk (tenho o mesmo problema) kkkk
kkkkkkkkkkkk… essa foi ótima. Agora preciso defender algumas mulheres (a mim mesma, inclusive). Nem todas as mulheres passam horas e horas e mais horas fazendo compras. Graças a Deus nasci prática. Faço compras de maneira rápida (exceto quando o movimento no supermercado ou loja me impedem). Devido ao hábito de ir ao supermercado e outros lugares costumeiros para fazer compras, não me agrada ficar “namorando” os itens. Meu poder de decisão é rápido. Mas entendo perfeitamente vc quando diz que não tem paciência para acompanhar sua esposa nas compras. A maioria das mulheres demora demais; nem eu que sou mulher aguento, e se tivesse nascido homem aí mesmo é que não aguentaria. Abraço!
Sou viciado em comprar jornais.
Sinto-me mal em não estar sincronizado com o mundo. ^^
Pois saiba que ja inventaram internet.