Esta mulher sua sangue

Por , em 23.10.2017

Uma jovem de 21 anos da Itália tem uma condição rara e misteriosa que faz com que ela sue sangue.

Nos últimos três anos, ela afirmou ter experimentado sangramento periodicamente em seu rosto e palmas, sem cortes ou lesões na pele.

Esses episódios hemorrágicos geralmente duram cerca de 1 a 5 minutos, e são mais intensos quando ela está sob estresse emocional.

Hematoidrose

Enquanto a mulher estava no hospital, os médicos observaram “a descarga de fluidos de sangue de seu rosto”, de acordo com um relatório publicado hoje, 23 de outubro, no Canadian Medical Association Journal.

Ela foi diagnosticada com uma condição rara relatada há séculos, embora alguns médicos tenham sido céticos quanto à sua existência, conforme explica a Dra. Jacalyn Duffin, historiadora médica e hematologista da Queen’s University em Kingston (Canadá).

Depois de realizar uma revisão de casos recentes de hematoidrose – 28 nos últimos 13 anos -, Duffin concluiu que a condição realmente existe.

“Credíveis, embora escassas, observações de sangue transpirais persistem na literatura médica”, ela escreveu no relatório.

Depressão

A italiana disse que não parecia haver um único gatilho para o sangramento – ele podia ocorrer enquanto ela estava dormindo, se exercitando ou sob estresse.
De acordo com o relatório, ela se tornou socialmente isolada como resultado de sua condição, e experimentou sintomas de depressão e transtorno de pânico.

Os testes mostraram que era de fato sangue no seu rosto, e não “suor colorido”, o que pode ocorrer em certas condições (o suor adquire cor como resultado de algum outro problema de saúde). Uma análise de sua pele sob microscópio mostrou tecido normal.

A mulher foi tratada com uma medicação para hipertensão arterial, utilizada anteriormente para tratar hematoidrose. Com o remédio, ela experimentou uma redução no sangramento, embora ele não tenha parado por completo. Ela também recebeu antidepressivos.

Mistério

Ninguém sabe o que causa a condição. Alguns pesquisadores creem que o aumento da pressão nos vasos sanguíneos leva à passagem de células sanguíneas através dos dutos das glândulas sudoríparas.

Outros especulam que a condição pode ser o resultado da ativação da resposta de “luta ou fuga” do corpo, que geralmente ocorre quando as pessoas experimentam medo ou estresse súbito.

Esta resposta desencadeia a liberação de certos hormônios que tornam a pessoa mais alerta. Em casos raros, também pode causar a ruptura de pequenos vasos sanguíneos, resultando em sangramento.

A condição também pode estar ligada a distúrbios hemorrágicos, tais como doenças em que o sangue não coagula adequadamente, ou pressão arterial elevada.

História

As descrições de tal “suor sangrento” remontam até os escritos de Aristóteles no século III aC.

Nos tempos modernos, algumas referências surgem no contexto de escritos sobre a crucificação de Cristo. A partir dos anos 1600, os primeiros “relatos de testemunhas oculares” da hematoidrose aparecem na literatura médica.

Nos últimos anos, parece ter havido um aumento nos relatos – apenas no período 2013, 18 casos foram registrados. No total, existem 42 relatos de hematohidrose na literatura médica desde 1880.

Os casos mais recentes são em mulheres jovens, embora alguns casos em homens também já tenham sido descritos. [LiveScience]

1 comentário

  • Canopus:

    Quanto a Cristo, isso condiz com a ciência das torturas iminentes. Mas não com a doutrina da expiação. Ele não tentaria evitar o cálice.

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