Cientistas descobrem como reverter o envelhecimento em ratos

Por , em 26.03.2017

Pesquisadores identificaram um mecanismo celular que lhes permite reverter o envelhecimento no DNA de ratos e protegê-lo de danos futuros. Dando um determinado composto a ratos mais velhos, eles ativaram um processo de reparo do DNA que não só passou a protegê-lo contra futuros problemas, mas também a reparar os efeitos já existentes do envelhecimento. Os testes em humanos devem começar dentro de seis meses.

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“As células dos ratos velhos eram indistinguíveis das dos ratos jovens após apenas uma semana de tratamento”, disse o pesquisador David Sinclair, da Universidade de New South Wales (UNSW), na Austrália, e da Harvard Medical School, nos EUA. “Este é o mais próximo que estamos de um medicamento anti-envelhecimento seguro e eficaz que está, talvez, apenas três a cinco anos longe de estar no mercado, se os testes correrem bem”.

Sinclair e sua equipe apareceram nas manchetes em 2013, quando descobriram que as células de ratos mais jovens continham mais de um composto chamado Dinucleótido de nicotinamida e adenina, ou NAD +, do que suas contrapartes mais velhas. Não só isso: quando eles deram aos ratos mais velhos mais NAD +, eles começaram a parecer mais jovens, também.

Foi uma grande notícia na época, mas uma das coisas complicadas sobre a medicina é que, para mostrar que algo pode funcionar como um potencial tratamento, você precisa primeiro entender como isso está agindo no corpo. E embora os pesquisadores soubessem que o NAD + estava tendo um efeito impressionante, eles não podiam dizer com certeza como ele estava fazendo isso.

Agora, Sinclair e sua equipe lançaram um novo estudo, onde descrevem em detalhes o mecanismo através do qual NAD + protege o DNA dos danos causados ​​pelo envelhecimento e radiação em camundongos.

Como funciona

Quando nascemos, todas as nossas células têm a capacidade de reparar os danos do DNA, que experimentamos constantemente através de mutações aleatórias quando nossas células se dividem ou quando saímos ao sol.

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Mas à medida que envelhecemos, nossa capacidade de corrigir esses danos diminui, e nossas células envelhecem. O que os pesquisadores mostraram neste último estudo é que muitos desses danos se reduzem a um composto de reparo do DNA chamado PARP1. Quando há um monte de NAD + em uma célula, PARP1 faz seu trabalho e mantém nosso DNA saudável. Mas quando o NAD + cai naturalmente com a idade, o PARP1 começa a declinar, e os danos aumentam.

Para ver se eles poderiam tirar vantagem deste mecanismo celular, Sinclair e sua equipe desenvolveram uma droga que contém o precursor do NAD +, conhecido como NMN, ou mononucleotídeo nicotinamida. Em camundongos, colocar NMN nos animais mais velhos foi suficiente para colocar o reparo do DNA em ação e até mesmo reverter os danos existentes nele.

Proteção contra a radiação

Eles planejam testar uma droga semelhante em seres humanos antes do final do ano – e não apenas para fins anti-envelhecimento, mas também para proteger contra danos ao DNA de qualquer tipo. Na verdade, a equipe está colaborando com a NASA para ver se a NMN poderia ajudar a proteger seus astronautas contra a radiação espacial em sua viagem de quatro anos a Marte, durante a qual se prevê que 5% das células dos astronautas morreriam e suas chances de ter câncer se aproximaria de 100%.

O fármaco também pode ser útil para grupos que são particularmente vulneráveis ​​aos efeitos da radiação, tais como passageiros frequentes de avião e aqueles que se submetem a tomografias computadorizadas frequentes ou raios-X. “A ideia é proteger o corpo da exposição à radiação aqui na terra, seja de forma natural ou provocada pela medicina”, explica Sinclair.”Se eu fosse fazer uma radiografia ou uma tomografia computadorizada, eu tomaria NMN de antemão”.

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Sobreviventes de câncer infantil também podem se beneficiar – atualmente, 96% destas pessoas passam a sofrer uma doença crônica por volta dos 45 anos, incluindo doenças cardiovasculares, Alzheimer, ou cânceres não relacionados ao seu câncer original.

“Tudo isso acrescenta-se ao fato de que eles têm envelhecimento acelerado, que é devastador”, disse uma das pesquisadoras, Lindsay Wu. “Seria ótimo fazer algo sobre isso, e acreditamos que podemos com esta molécula”.

Antes de ficarmos muito animados, entretanto, precisamos ter em mente que muitos, muitos estudos em ratos não são replicados em seres humanos. Assim, até que os resultados desses ensaios clínicos iniciais em pessoas comecem a aparecer, não há nenhuma promessa de que o NMN ajudará a proteger o DNA humano. Mas a compreensão deste mecanismo de envelhecimento do DNA é um grande passo para uma melhor compreensão de como manter nossas células mais saudáveis ​​por mais tempo, e isso é muito emocionante. [Science Alert]

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