Dieta orgânica pode ser mais prejudicial na emissão de carbono

Por , em 2.07.2017
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Os consumidores são frequentemente cercados por argumentos sobre os benefícios dos orgânicos. Muitos dizem que esse tipo de alimento é mais saudável, mais saboroso e melhor para o planeta. Infelizmente, porém, estudos mostram que a maioria ou até mesmo todas essas afirmações sejam falsas. As mais recentes más notícias mostram que fazendas de orgânicos ocupam áreas significativamente maiores do que as convencionais, e isso quer dizer que essas dietas podem não ser tão ecológicas quanto se pensa.

Seriam todos iguais?

Para um estudo publicado em maio de 2017 pelo Journal of Cleaner Productor, uma equipe de pesquisadores alemães e suecos examinou a pegada de carbono global de uma dieta orgânica e a comparou a uma dieta convencional. Foram utilizados dados sobre o consumo de alimentos levantados pela pesquisa nacional de nutrição alemã, considerando a dieta orgânica como “dietas gerais de consumidores cujas compras alimentícias incluem uma grande parcela de produtos orgânicos”, e a convencional como de pessoas que não costumam comprá-los. Depois, avaliaram a pegada de carbono e o uso da terra a partir de estudos de ambos os cultivos.

A grande descoberta do estudo informa: “As pegadas e carbono dessas duas dietas são essencialmente iguais”. Espere, o quê? Não, nós não estamos enganando ninguém. Quem se aprofundar nos resultados verá uma outra conclusão. Eles descobriram que a agricultura orgânica utiliza 40% mais terra do que a convencional – em um planeta que dedica a metade do seu território para a agricultura, esse não é um detalhe irrelevante.

A chave na conclusão do estudo é o fato de terem considerado a dieta convencional média como uma alimentação que inclui 45% mais carne do que a orgânica. Isso não quer dizer que tenham se equivocado – é plausível que as pessoas buscam consumir produtos sem agrotóxicos também se esforcem para reduzir o consumo de carne, mas isso pode confundir os resultados. Para comparar maçãs a maçãs quando o assunto é a diferença entre orgânicos e não-orgânicos, seria necessário determinar a pegada de carbono de uma mesma dieta a partir, apenas, da mudança de varáveis entre cada um deles. Comer carne, especialmente a bovina, envolve uma enorme pegada de carbono. Se esse detalhe fosse removido da equação, as dietas baseadas em alimentos orgânicos teriam uma média mais elevada na emissão de gases do efeito estufa.

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Mas por que a agricultura orgânica tem uma pegada maior de carbono? Isso corre porque ela produz uma quantidade menor alimentos por metro quadrado – 25% a menos, em média, conforme um estudo pulicado em 2012. Isso se deve sobretudo ao fato de que produtores de orgânicos não podem utilizar fertilizantes sintéticos ou pesticidas para ampliar o cultivo e protegê-lo de pragas (embora, ao contrário do que prega a crença popular, pesticidas naturais possam ser mais nocivos em relação aos sistemas da agricultura convencional).

Isso não quer dizer que a produção de orgânicos seja ruim – só quer dizer que há muitos mitos em torno do tema. Existem métodos benéficos seguidos pelos agricultores de orgânicos, como rotacionar as culturas sob formatos definidos para evitar que o solo se enfraqueça ou perca nutrientes. Mas também não se trata de um debate de concorrência entre uma dieta e outra, como alguns gostariam de acreditar. Como escreveu Christine Wilcox para a Scientific American: “Você, consumidor sábio e inteligente, não precisa comprar nenhum lado nessa história ou polarizar-se entre uma extremidade ou outra. Em vez disso, você pode assumir uma posição nesse espectro no sentido de encorajar ambos os produtores para trabalhar juntos e melhorar nossos recursos alimentares globais, agindo de forma mais sustentável”. [Curiosity]

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