Técnicas de navegação da Baleia-jubarte ainda são um mistério
O recorde mundial de maior migração animal pelo Planeta Terra pertence à Baleia-jubarte. Recentemente, um exemplar feminino dessa espécie fez o que a humanidade só foi capaz de realizar no século XV, com enormes caravelas: cruzou o atlântico. A baleia saiu da costa brasileira, percorreu quase dez mil quilômetros e foi parar em Madagascar, ilha no sudeste da África. Qual o segredo dessa baleia?
Para achar essa resposta, cientistas da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia monitoraram os movimentos de 16 baleias-jubarte desde 2003. Tal monitoramento, que terminou no ano passado. Foi feito através de escutas de rádio que estavam programadas para cair do corpo delas, o que aconteceu sete anos após a aplicação.
O que chamou atenção dos cientistas é a retidão das rotas das baleias. Para percorrer um caminho superior a 2.000 quilômetros, tiveram um desvio quase nulo (de apenas 0,4 graus) na trajetória. A técnica para tamanha precisão segue sendo obscura para os cientistas. As duas principais teorias foram refutadas.
A primeira supunha que elas se utilizavam do magnetismo terrestre, tal qual os tubarões, mas essa não é a resposta porque o campo magnético da Terra varia durante a migração delas. A outra tese era a de que elas se guiam pelo Sol, mas isso também caiu por terra quando eles descobriram que baleias provenientes de pontos diferentes são capazes de seguir a mesma trajetória, com o Sol estando em posição diferente para cada uma.
O resultado parcial da interpretação foi o seguinte: se elas não usam exclusivamente o magnetismo terrestre e nem a luz do Sol, devem usar os dois indicadores juntos. Devido a uma habilidade sensorial, ainda desconhecida, elas se guiam por esses dois fatores naturais para trilhar seus caminhos retos com tanta facilidade.
A migração das baleias, em geral, está associada às mudanças de temperatura durante as estações e à disponibilidade de comida. O habitat das jubartes analisadas é o Hemisfério Sul. Em geral, há três rotas principais. Uma sai da costa leste do Brasil, no Atlântico, e segue em sentido sudeste. A que sai de Nova Caledônia, um arquipélago próximo, à Nova Zelândia, também toma rumo sudeste. E a última rota sai de Rarotonga, na Ilhas Cook (próximas à Nova Caledônia) e segue em sentido oposto, o noroeste. [Live Science]