Tentativa de revelar as faces do discurso terrorista

Por , em 21.02.2011

Faz parte do dia-a-dia dos linguistas analisar as faces subentendidas, os pontos de vista e as reais intenções por trás dos discursos. Agora, um psicólogo da Universidade do Texas, James Pennebaker, decidiu participar destes estudos e tentar revelar o que se esconde nas declarações de organizações islâmicas como a Al-Qaeda. Seu objetivo é conseguir antecipar, por meio da análise do discurso, planos para um possível ataque terrorista.

Durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), Pennebaker declarou que “não importa em que lado você está, se o seu ‘time’ está indo para a guerra, súbitas mudanças linguísticas vão acontecer”. O cientista está trabalhando com o departamento americano de Segurança Nacional em um projeto chamado por eles de “Estudo Comparativo de Retórica Radical”. A amostra consiste em traduções para o inglês de declarações feitas pela Al-Qaeda nos EUA e na península Arábica e de outros dois grupos com “filosofias islâmicas radicais similares”, mas que nunca realizaram ataques violentos.

As revelações não vieram das palavras principais dos documentos, como substantivos e verbos, mas das palavras de apoio. A lista inclui pronomes, artigos e outras palavras comuns como: “este”, “em” e “por”. Segundo ele, havia diferenças claras no uso destas palavras nos discursos da Al-Qaeda e dos grupos Hizb ut-Tahrir e Movimento pela reforma Islâmica na Arábia. O primeiro grupo usou mais pronomes pessoais e palavras com significados sociais carregadas de sentimentos positivos ou negativos. Os outros dois grupos tinham um estilo mais passivo e formal.

Contudo, o cientista não se limitou à análise das declarações dos grupos islâmicos. Ele fez estudos similares com os discursos de outros líderes políticos como Adolf Hitler, Franklin D. Roosevelt e George W. Bush. Ele percebeu que, durante os dois mandatos de Bush, ouve mudanças na escolha de palavras em dois momentos pontuais. O presidente costumava usar “eu” repetidamente em seus discursos, mas, logo em seguida aos ataques de nove de setembro de 2001, o pronome foi substituído por “nós”. Pennebaker acredita que ele queria refletir uma sensação de união nacional. Em seguida, em 2002, quando decidiu atacar o Iraque, em uma decisão unilateral, não houve uma escalada da palavra “nós”.

Pennebaker espera que seus estudos ajudem a prever quando um grupo terrorista pode atacar. Ele percebeu que em um período de dois a seis meses antes de um grande atentado, houve um aumento no uso de palavras associadas à “honestidade” nos discursos dos grupos terroristas Islâmicos.
O pesquisador acredita que não há muitas certezas em seus estudos, parte da platéia também ficou em dúvida, mas ele admite que seus métodos podem providenciar previsões modestas. “É uma pesquisa um pouco bruta, mas este é um negócio bem bruto”. [NewScientist]

11 comentários

  • luciana:

    Acordem pessoal, é tudo uma questão econômica. Enquanto meia dúzia de imperialistas dividem e dominam o planeta , nós meros mortais ficamos discutindo, ideologia, religião, filosofia, etc. No oriente onde nasceu as mais recentes rebeliões populares, os reis, sheiques, aiatolás, tem torneiras de ouro em seus palácios, e o povo, há o povo….

  • Nina:

    Senhor Rodrigo Paim, para irem ao paraíso os muçulmanos NÃO tem que matar ninguém ou nada.
    Posso não ser tão inteligente quanto o senhor que, atestando sua enorme capacidade e educação fina me chamou de burrinha, mas o seu comentário é de longe um dos mais preconceituosos e desinformados que eu vi sobre esse artigo.

  • wilson:

    O maior produtor e exportador de armas do mundo é o EUA que tem que manter a máquina que financia as campanhas eleitorais americanas funcionando!Se voces prestarem atenção,todos os governos ditadoriais,todas as guerras e todas as ameaças de invasões no mundo tem um dedo norte americano!Quem criou Saddan Hussein,Osama Bin Laden,regimes norte coreano etc…Criou o monstro achando que iriam domá-lo e deu no que deu! Não sejamos ingênuos !

  • Gabriel:

    Desculpe,o nome correto é “O Senhor das Armas” 😉

  • Gabriel:

    Assistam o filme o “mestre das armas” quem ainda não entendeu a questão do desarmamento.A máquina tem que continuar funcionando baby!;)

  • Rodrigo Paim:

    Nina, você é tão burrinha assim ou só quer aparecer ?

    Cesar, creio que uma forma pacifica de acabar com o terrorismo é impossível. Não da pra dialogar com uma pessoa que acha que para ir pra o paraíso tem que te matar.

  • Nina:

    Cesar, interessante mesmo seria um estudo sério sobre a propaganda e disseminação maciça dos preconceitos étnico/religiosos. Alguém ainda acha realmente que o onze de setembro não foi armação para legitimar a votação fraudulenta do Bush na época? Vejam os jornais daquela ocasião e verão os levantes de opinião pública questionando a eleição. O uso de um inimigo com rosto, nome e sobrenome é um recurso usado e aconselhado desde a época do Maquiavel. Um povo opressor, que é detestado na maior parte do mundo como os americanos, precisa de um inimigo declarado e evidente para se sentir menos vulnerável. E esse pseudo-estudo psicológico serve como arma de propaganda. E é do Texas, terra do Bush… interessante!!!

  • Rajmx:

    Vocês não acham q essa divulgação é para atingir justamente as pessoas que mudam o tom da palavra, assim eles terão a certeza q o seu estudo “foi’ confirmado, se eles fossem fazer esse estudo não divulgaria. Já foi feito, por isso divulgam a notícia para dizer q vão fazer. Essa é a verdadeira história, “Vamos jogar o barro”!

  • Andrade:

    Não seria “onze” de setembro de 2001 ?

  • Cesar:

    Será que existe alguém estudando uma maneira de desarmar e desmobilizar grupos radicais usando palavras e símbolos, em vez de armas? Seria interessante isto…

  • André:

    Nove de Setembro ??

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