Um grotesco tipo de exploração de humanos, nunca visto na história

Por , em 14.03.2012

Um antropólogo da Universidade Estadual de Michigan, que passou mais de um ano infiltrado no mercado negro de rins humanos, publicou o primeiro estudo de campo que descreve as terríveis experiências que as pessoas mais pobres passam, devido ao tráfico de órgãos.

Monir Moniruzzaman entrevistou 33 pessoas que venderam seus rins, em Bangladesh, e descobriu que eles tipicamente não recebem o dinheiro prometido e ainda carregam sérios problemas de saúde, que os deixam deprimidos, envergonhados e algumas vezes sem poder trabalhar.

Moniruzzaman comenta que as pessoas que vendem seus órgãos são exploradas por pessoas desonestas. A maior parte dos receptores dos órgãos são pessoas de Bangladesh que vivem em locais como os Estados Unidos, a Europa e o Oriente Médio. Como esse tipo de comércio é ilegal, os vendedores forjam os documentos para indicar que o vendedor e o receptor são parte da mesma família.

De acordo com Moniruzzaman, médicos, hospitais e empresas relacionadas fecham os olhos para esses atos ilícitos porque acabam lucrando com isso.

A maior parte das 33 pessoas de Bangladesh teve o rim removido na fronteira com a Índia. Geralmente, o vendedor pobre e o receptor rico se encontram em um local médio, e o transplante é realizado no momento.

“Isso é um sério tipo de exploração das pessoas mais pobres. Seus corpos viram negócios para prolongar a vida dos mais ricos”, comenta o pesquisador.

O trabalho inclui as experiências de Mehedi Hasan, um jovem de 23 anos que vendeu parte do fígado para um receptor rico de da capital de Bangladesh, Dhaka. Como muitos dos residentes pobres do país, Hasan não sabia o que um fígado era. O vendedor explorou isso, e disse que faria Hasan rico.

O receptor morreu pouco depois do transplante. Hasan recebeu apenas parte do dinheiro prometido, e agora está muito doente para trabalhar, andar longas distâncias e até respirar propriamente. De acordo com Moniruzzaman, ele pensa constantemente em se matar.

Os vendedores de órgãos geralmente conseguem suas “presas” através de anúncios falsos. Um deles, em um jornal de Bangladesh, prometia recompensar o doador de rim com um passaporte para os Estados Unidos. Moniruzzaman coletou mais de 1.200 anúncios similares para o estudo.

O comércio de órgãos está crescendo em Bangladesh, um país onde 78% da população vive com menos de dois dólares por dia (R$ 3,60). O preço médio por um rim é de 100 mil takas (cerca de R$ 2.510), um valor que tem baixado muito devido à intensa oferta.

Uma mulher anunciou que estava vendendo sua córnea para que pudesse alimentar a família. A justificativa era que precisava de apenas um olho para ver. O transplante não aconteceu, mas Moniruzzaman afirma que já houveram casos de córneas sendo vendidas.

Moniruzzaman afirma ser importante notar que a maior parte dos vendedores não fazem “escolhas astronômicas” no preço dos órgãos, pois são manipulados. Ele comenta que o mercado global de órgãos é um fenômeno relativamente recente – tornou-se possível com os avanços médicos dos últimos 30 anos, e representa uma das formas mais grotescas de exploração humana.

Para combater esse tipo de tráfico, o autor recomenda, entre outros passos:

  • Pressão global. Os Estados Unidos deveriam ter um papel ativo em pressionar os governos estrangeiros a entenderem o problema e acabar com os vendedores, receptores, médicos e pessoas envolvidas no negócio.
  • Transparência e garantia. O governo deveria garantir que todos os centros tenham registro para transplantes, e verificar a relação entre os doadores e os receptores.
  • Doação de órgãos após a morte. Países como Bangladesh não possuem um sistema em que as pessoas possam doar seus órgãos após morrer.

Moniruzzaman afirma que, realmente, o tráfico de órgãos não vai deixar de existir. “Mas com esforços colaborativos, podemos reduzir significativamente essa terrível violação dos direitos humanos”, diz. [ScienceDaily]

45 comentários

  • Brenda:

    O mais horrível disso tudo é o fato de pessoas ricas não aceitarem que a morte chega pra todo mundo.
    Sinto asco dessa gente por serem tão prepotentes e demonstrarem-se superiores aos pobres, mas sempre precisando de seus serviços e porque não dos seus órgãos…

  • Roberto:

    O artigo é longo e enfadonho, mas o caso envolve questões humanas, humanitárias, monetárias e desumanas, num contraditório que revela a face cruel do mal e do bem, tornando muito difícil distinguir um do outro.

    • Olivares Rocha:

      A mim não há bem ou mal nesssa história, mas que é mais ganancioso ou menos ganancioso… Sem saber distinguir, acabo tendo pavor de médico, hospital etc. Parente meu não fica internado sozinho. Se não puder, arranjo companhia 24 horas! Com certeza faz-se triagem de erros médicos e de enfermagem, agindo assim (minha esposa ficou 10 dias internada no Hospital Rios Dor por conta de uma pielonefrite e além de trocarem seu prontuário, colocavam soro de outro paciente nela (sorte que a medicação é colocada in loco) e perderam a cultura da urina que poderia descobrir a bactéria que a contaminou… teve de tomar antibióticos por mais de 15 dias por causa disso e o mais forte de amplo espectro… Imagine se não tem acompanhante pra fiscalizar esta zorra?

  • Olivares Rocha:

    A Máfia dos Transplantes de Órgãos e o Caso Paulinho Pavesi

    Desde 2010 eu vinha pensando em escrever um artigo sobre este tema. Na época fui alertado para o caso do Paulinho Pavesi, que foi declarado morto em 2001 e teve seus órgãos retirados em Minas Gerais, após ter um acidente enquanto estava brincando e bater com com sua cabeça. Uma série de irregularidades surgiram após a morte do menino, revelando irregularidades na declaração de sua morte e uma rede de tráfico de órgãos, além de médicos e políticos omissos e corruptos.

    Abaixo eu reproduzo o texto que foi publicado na revista Carta Capital em 2002. Após este texto, assista um trecho do documentário “HOT – Human Organ Traffic”, o qual mostra a história de Paulinho, e também documentário “Tráfico de Orgãos no Brasil – Desvendando a Caixa Preta dos Transplantes no Brasil” produzido pelo próprio pai de Paulinho, Paulo Veronesi Pavesi, que há 10 anos luta contra a Máfia do Tráfico de Órgãos de Minas Gerais e se encontra agora sob proteção internacional do Governo Italiano através de asilo humanitário concedido em 17 de Setembro de 2008.

    O documentário mostra as limitações dos procedimentos atuais para identificação de morte encefálica, e como os médicos que ousaram questionar estes critérios foram desacreditados e ridicularizados. Mostra também como procedimentos como a hipotermia, que poderia ajudar sobrevivência de pacientes transplantado mas ignorados pelas organizações médicas do Brasil.

    Os transplantes deveriam ocorrer para salvar vidas. O que acontece hoje é que o transplante de órgãos virou um grande comércio, e em muitos casos um mercado negro, onde médicos e autoridades corruptas esquecem do valor da vida de olho nos milhares de dólares que a venda de órgãos ilegais proporciona.

    Matéria Carta Capital

    A TRAGÉDIA E A FARSA

    Investigações sobre caso de menino morto há dois anos revelam uma enxurrada de ilegalidades em Poços de Caldas. POR FLÁVIO LOBO E RODRIGO HAIDAR (Colaborou Carolina Arantes).

    O Paulinho, tinha 10 anos quando caiu de uma altura de 10 metros, enquanto brincava no playground do prédio onde morava, e sofreu traumatismo craniano. No dia seguinte ao acidente, após serem informados pelos médicos de que seu filho poderia estar morto, faltando apenas os exames de morte encefálica para a confirmação, os pais decidiram doar seus órgãos para transplante. A princípio, o caso ocorrido em abril de 2000 parecia apenas mais uma tragédia familiar.

    O quadro mudou de figura pouco tempo depois, quando Paulo Pavesi, pai de Paulinho, questionou a conta do Hospital Pedro Sanches, local onde seu filho foi atendido depois do acidente, por considerá-la superfaturada. Desde então, Pavesi, um analista de sistemas de 34 anos, fez – por meio de um obstinado esforço pessoal – uma série de descobertas.

    Hoje, dois anos após a morte do filho, o fio puxado por Pavesi trouxe à tona uma estarrecedora quantidade de falhas, contradições e irregularidades cometidas pelos médicos do Hospital Pedro Sanches e da Santa Casa de Misericórdia, ambos em Poços de Caldas (MG), no atendimento ao seu filho e nos procedimentos de retirada e transplante dos órgãos.

    Muitas dessas irregularidades, descobriu-se depois, não se limitavam ao caso de Paulinho. A equipe médica local era habilitada somente para fazer transplantes de rins, mas atuava como uma central, decidindo para onde os órgãos seriam enviados sem ter autorização para tanto. Além disso, removia córneas irregularmente. Segundo o deputado federal Carlos Mosconi (PSDB-MG), médico e membro do corpo clínico dos dois hospitais envolvidos no caso do menino, já foram realizados mais de 200 transplantes na Santa Casa, quase todos pagos pelo Sistema único de Saúde. E de acordo com dados do próprio SUS, entre janeiro de 2ooo e abril de 2002, 0 SUS repassou mais de R$ 2,6 milhões para procedimentos relacionados a transplantes em Poços de Caldas.

    O inquérito policial que investigou o caso de Paulinho, concluído há um mês, indiciou quatro médicos nos artigos 14 e 16 da Lei no 9.343/97, a lei de transplantes: o nefrologista Álvaro lanhez, o oftalmologista Odilon Trefligio e os urologistas Celso Scafi e Cláudio Roberto Fernandes. “Foram constatadas diversas irregularidades, como a participação do Dr. Álvaro lanhez no diagnóstico de morte encefálica do garoto”, afirma o delegado da Polícia Federal Célio jacinto dos Santos, responsável pelo inquérito e por outras seis investigações, todas originadas do caso de Paulinho, que envolvem a Santa Casa de Poços de Caldas (leia entrevista “CÉLIO JACINTO DOS SANTOS”).

    Ianhez é o chefe da equipe de transplantes da Santa Casa e coordenador da central MG Sul Transplantes, cuja legalidade é questionada. Tanto a lei de transplantes como a Resolução 1.480/97, do Conselho Federal de Medicina (CFM) – que estabelece os critérios para o diagnóstico de morte encefálica (cessamento irreversível de todas as funções cerebrais) -, são claras ao determinar que o paciente deve ser submetido ao exame por médicos que não façam parte da equipe de transplantes.

    Ainda vivo, Paulinho foi tratado não como um paciente com alguma possibilidade de recuperação – mesmo remota -, mas como doador de órgãos (leia o quadro “PACIENTE VIVO TRATADO COMO DOADOR”).

    O advogado dos médicos, Luís Fernando Quinteiro, afirma que Ianhez apenas acompanhou o diagnóstico e não interferiu em sua realização. Segundo o delegado, no entanto, a conduta do médico excedeu o legalmente cabível. Ainda no inquérito que apurou as irregularidades cometidas no caso de Paulinho, o delegado acusa a equipe pela falta da necropsia e da assinatura da mãe no termo de autorização de doação, pela utilização de formulários indevidos na constatação da morte encefálica e de encaminhar indevidamente as córneas extraídas do menino para o Instituto Penido Burnier, em Campinas (SP).

    Quinteiro assegura que um protocolo firmado entre a 25a Delegacia Regional de Segurança Pública (polícia civil) e a Santa Casa isenta o hospital da realização da necropsia. Mas “um protocolo firmado entre duas instituições locais não pode contrariar a legislação federal, que exige o procedimento”, como diz o delegado da PF.Quanto aos formulários utilizados no diagnóstico de morte encefálica, o advogado diz que continham “todos os critérios clínicos e radiológicos recomendados pelo CFM”. já o delegado afirma que “os documentos do inquérito mostram que os formulários utilizados por eles omitiam questões fundamentais para a aplicação do diagnóstico”.

    O ponto mais polêmico do indiciamento é o envio indevido das córneas de Paulinho para Campinas. A central estadual teria de ser acionada para retirar os órgãos do garoto e, de fato, num primeiro momento, ela foi. Consta do inquérito que no dia 20 de abril de 2000, lanhez comunicou à central em Belo Horizonte, a MG Transplantes, um possível doador de órgãos. Mas depois, no dia 21, a central de BH fez duas ligações para a Santa Casa tentando confirmar a busca dos órgãos, e não obteve resposta.

    Quinteiro justifica a ação do cliente dizendo que ele tinha como objetivo o aproveitamento das córneas. “Foi acionada a MG Transplantes que no dia tinha à disposição apenas uma equipe para a retirada do fígado”. Mas, de acordo com o delegado, “a central não foi acionada no dia 21, tanto que a equipe e a aeronave que estavam de sobreaviso para a retirada do fígado foram dispensadas”. Ainda segundo Santos, “não foi um caso isolado. A captação e destinação de córneas eram feitas de forma totalmente irregular pela equipe da Santa Casa”.

    A reportagem de CartaCapital procurou o coordenador da MG Transplantes, João Carlos Oliveira de Araújo, para que ele esclarecesse essa e outras questões, mas não obteve resposta.Muitas outras falhas foram cometidas pelos médicos. Há laudos com datas rasuradas e documentos referentes a um mesmo procedimento com uma versão assinada pelo médico responsável e outra sem assinatura alguma. Existem laudos de exames solicitados em 22 de abril de 2000. O corpo de Paulinho foi liberado para o velório na noite de 21 de abril.

    No dia 22 foi sepultado.Outro importante documento que causa estranheza é o que descreve a cirurgia para a retirada de órgãos. Nas anotações, o urologista Celso Scafi escreve “sem ME”, que significa sem morte encefálica. À Polícia Federal, o médico disse que escreveu “com” e que aquilo parece um “sem” porque sua letra seria “muito feia”.

    Consultado por CartaCapital, o perito Sebastião Edson Cinelli comparou a descrição com outras anotações feitas por Scafi no mesmo documento e garantiu que ali está escrito “sem”, e não “com”, ME. Se Paulinho estivesse mesmo sem morte encefálica, estaríamos diante de um homicídio. Um dos outros seis inquéritos criminais a cargo do delegado Santos investiga a atuação da central MG Sul Transplantes. Ela coordenava todas as ações de notificação, captação e distribuição de órgãos na região, mas segundo o delegado, não tinha autorização para isso.

    O advogado dos médicos enviou a CartaCapital documentos da coordenadoria da MG Transplantes, datados de 25 de agosto e 21 de setembro de 1998, que atestariam a legalidade da central. Os documentos são assinados por Estevam Aquino Viotti, supervisor, e Herculano Mourão Salazar. Segundo o delegado, “quem deve credenciar as centrais é o Ministério da Saúde. Esse documento não legaliza a central de Poços. A MG Transplantes trabalhava e trocava correspondências com uma central ilegal”.

    Um relatório de auditoria realizada a pedido do Ministério da Saúde em dezembro de 2000, também motivado pelo caso de Paulinho, aponta a ilegalidade: “A regional MG Sul Transplantes não está legalizada por não possuir ato de sua instituição e nem termo de cooperação”.

    PACIENTE VIVO TRATADO COMO DOADOR

    Especialistas questionam exames e a remoção para a Santa Casa

    Um dos pontos mais importantes para que um sistema de transplantes de órgãos funcione com segurança é a confiabilidade dos diagnósticos de morte encefálica. No Brasil, esses critérios estão definidos em um protocolo do Conselho Federal de Medicina (CFM).

    O protocolo indica os procedimentos a serem executados antes que se possa afirmar, legalmente, que uma pessoa está morta. O primeiro item determina que, se a causa do coma puder estar relacionada à hipotermia (baixa temperatura corporal) ou ao uso de drogas depressoras do sistema nervoso central, o protocolo não pode ser aplicado.

    No caso de Paulinho Pavesi – de acordo com documentos do inquérito policial e testemunhos dos médicos que o atenderam – houve a administração de uma droga depressora do sistema nervoso central, o Dormonid. Entre as 21 horas do dia em que o menino sofreu o acidente e as 5 horas da manhã seguinte, o medicamento foi injetado em seu corpo junto com soro glicosado.

    Apesar disso, no meio da tarde do mesmo dia, menos de 12 horas após o término de administração do Dormonid, o protocolo de morte encefálica começou a ser aplicado. Não tendo sido detectado nenhum sinal de vida nos exames clínicos, por volta das 20 horas passou-se à última etapa do protocolo, o exame complementar”. No caso de Paulinho foi feita uma angiografia cerebral.Consultado, o CFM indicou o neurologista Solimar Pinheiro da Silva para esclarecer as dúvidas. Sobre a questão do Dormonid, o Dr. Pinheiro da Silva respondeu que, “No caso específico, me parece um prazo extremamente seguro. O Dormonid tem efeito fugaz”. Mas especialistas consultados por CartaCapital discordam.

    Citar:
    “O protocolo não estabelece um período mínimo entre a administração de drogas como o Dormonid e a realização dos exames, portanto, se aplicado com rigor, sim veta o diagnóstico de morte encefálica no caso de pacientes que tenham sido medicados com elas.”

    Quem afirma isso é Luiz Alcídes Manreza, professor da USP, diretor do serviço de neurologia de emergência do Hospital das Clínicas de São Paulo e membro das câmaras técnicas de morte encefálica do CFM a do Conselho Regional de Medicina Manreza foi o relator do documento em questão, o protocolo de morte encefálica do CFM.

    “Não conheço nenhum protocolo de morte encefálica no mundo que exija um período inferior a 24 horas entre a administração de drogas depressoras do sistema nervoso central e os procedimentos para diagnóstico de morte encefálicA”, diz Manreza.

    O chefe da UTI do Hospítal de Clínicas de Niterói, Paulo Cesar Pereira de Souza, concorda com Manreza.

    “Eu nem pensaria em iniciar o protocolo de morte encefálica antes de 24 horas após a suspensão de aplicação de qualquer droga depressora do sistema nervoso central, incluindo o Dormonid”, assegura Souza.

    Mesmo duvidosa, a aplicação do protocolo em Paulinho no Hospital Pedro Sanches não detectou a morte do menino, já que a angiografia mostrou fluxo sanguíneo no cérebro. Mesmo vivo, Paulinho foi transferido para a Santa Casa em razão da instituição estar habilitada para remover seus órgãos.

    “Não vejo como justificar a transferência de um paciente vivo com o único objetivo de levá-lo para uma instituição autorizada a realizar a remoção de seus órgãos para transplante”, diz Lais Fieschi Ferreira coordenadora da, UTI do Hospital São Luiz em São Paulo.

    VERBAS SUSPEITAS E “DOAÇÕES”

    O delegado responsável pelo inquérito conta o que descobriu:

    Citar:
    CartaCapital: Ficou comprovado que o dr. Álvaro Ianhez participou do diagnóstico de morte do Paulinho ?
    Célio Jacinto dos Santos: Participou. Se você for ao prontuário médico, na anotação da enfermagem consta que: “O dr. Álvaro, por telefone, prescreve isso. O dr. Álvaro acompanhou o menino e orientou sobre o atendimento”. Em vários momentos no Hospital Pedro Sanches, os médicos assistentes eram meros coadjuvantes. Ele não só atendeu como estava dentro da sala no momento da primeira arteriografia. Na segunda, ele olhou o início e estava lá no final. Na retirada dos órgãos, ele deu orientações aos médicos e fez a preparação desses órgãos.
    CC: E as córneas não poderiam ter ido para Campinas. Deveriam ser encaminhadas à Central de Transplantes, em Belo Horizonte, e distribuídas respeitando a lista única de espera do Estado. Certo?
    CJS: É isso. Mas não só nesse caso, com o em dezenas de outros aconteceu isso aí. Havia até mesmo uma escala de clínicas oftalmológicas captadoras de órgãos, elaborada pela Santa Casa.
    CC: A Santa Casa mantinha uma central chamada MG Sul Transplantes…
    CJS: Isso não faz parte desse inquérito, mas o Ministério da Saúde é taxativo: “A central era ilegal”. E essa equipe da central não pode ter vínculo com a equipe captadora. E lá, em Poços de Caldas, elas se confundem. No início, a central funcionava dentro do escritório do dr. Álvaro. Ora, quem participa da captação não pode participar da escolha de quem vai receber. Você tem de ter clareza nos critérios, senão o médico pode escolher qual a pessoa que vai receber o órgão e, logicamente, pode escolher uma pessoa que tenha dinheiro.
    CC: A questão da central não faz parte desse inquérito que resultou no indiciamento dos médicos que atenderam Paulinho, mas de outro. Quantos inquéritos foram abertos a partir desse caso ?
    CJS: Seis. Três deles são de suspeita de cobrança dupla. Cobrança do plano de saúde do receptor do órgão e cobrança do SUS. Um investiga as doações feitas por parentes dos transplantados, que não seriam exatamente doações espontâneas. Doações de valores altos, em um caso, foram de R$ 5 mil. Outro trata da central de transplantes ilegal. E, por último, estamos investigando o repasse de verbas do SUS, cujos valores são altíssimos e desproporcionais aos pagos a outras cidades infinitamente maiores, para os transplantes realizados em Poços de Caldas.

    Há outro aspecto, surpreendente, sobre os documentos da MG Transplantes apresentados em defesa dos médicos.

    “O atual coordenador da MG Transplantes confessa que nesta data uma das pessoasque assina esse documento já estava morta. Por essas e outras irregularidades, ele vai ser investigado por crime de usurpação de função pública e de falsidade ideológica”, revela o delegado.

    Ou, quem sabe, a medicina esteja tão avançada em Poços de Caldas que cadáveres sejam ressuscitados para submeterem-se a exames e assinar documentos.

    Há pouco mais de um ano, o Ministério da Saúde se pronunciou sobre o caso em reportagem do Fantástico, da Rede Globo. Na época, conhecia-se apenas uma pequena parte das irregularidades cometidas, mas o Ministério condenou o fato de lanhez ter acompanhado o diagnóstico de morte encefálica de Paulinho e atestou a ilegalidade da central.

    Reportagem do Fantástico

    Logo após a reportagem, o deputado Carlos Mosconi utilizou a tribunada Câmara para defender os médicos da acusação.

    Em seu discurso, o deputado rechaçou as afirmações do Ministério, mostrou documentos que comprovariam a legalidade da central e afirmou:

    “Estou sentindo enorme dificuldade em não pegar a caneta e assinar o pedido de realização dessa CPI, a fim de limpar deste País os corruptos”.

    Mosconi se referia ao requerimento de instalação da CPI da Corrupção, que tanto afligia o governo federal naquele momento.

    Dois dias depois do discurso, nota assinada pelo assessor especial do ministro da Saúde, Manuelito P. Magalhães Júnior, e enviada ao deputado, lamenta o ocorrido e faz um apelo ao diálogo:

    Citar:
    “Reitero, em nome do ministro José Serra, a necessidade de esclarecermos por definitivo este caso sem nos curvarmos a sensacionalismos. ( … ) Estamos confiantes de que o diálogo é a melhor maneira de conduzirmos este assunto e não abalar um relacionamento construído ao longo de vários anos”.

    O Ministério da Saúde se negou a comentar o caso e não forneceu informações solicitadas por CartaCapital. “A central funcionava de maneira irregular”, foi a única resposta da assessoria. Nem o Ministério, nem a MG Transplantes informaram o período de funcionamento da central e quando ela foi desativada.

    Há pouco mais de um mês, o procurador José Jairo Gomes propôs uma ação de improbidade administrativa contra o coordenador da MG Transplantes, o atual e o ex-secretário de Saúde Municipal, e mais dois funcionários da área.No dia 24 de abril, o diretor da Santa Casa de Misericórdia cometeu suicídio. Especula-se que o motivo possa ter sido a dívida de R$ 3 milhões descoberto no hospital após a sua morte. Em seguida, o Ministério Público denunciou o atual secretário de Saúde, dois ex-secretários e um ex prefeito da cidade também por improbidade administrativa. ex-secret£rios e um ex prefeito da cidade tamb←m por improbidade administrativa.

    Para saber detalhes do caso Paulinho leia:

    Remoção de órgãos de Paulinho com anestesia geral – O Anestesista classificou Paulinho como vivo antes de administrar Etrane (anestesia inalatória). Ele mentiu para a polícia federal, para o ministério público federal, mas foi desmentido publicamente durante a CPI. Ele me processou por chama-lo de mentiroso e fui condenado a indenizá-lo, uma vez que o processo correu em Poços de Caldas, berço da máfia.

    Avaliação neurológica comprova: O estado de saúde não era grave. – Documentos que constam nos autos, comprovam que Paulinho foi levado ao hospital e sua primeira avaliação neurológica não era grave como dizem os médicos para se defenderem.

    Exames fraudados com ajuda de procuradores federais e ministério da saúde. – Em um esquema montado dentro do gabinete do Ministro José Serra, Carlos Mosconi – o chefe da máfia – era informado a cada passo sobre os documentos obrigatórios que não foram entregues à auditoria. Mosconi repassava a informação para os assassinos que forjavam os papéis. Depois, estes documentos eram levados ao Ministério da Saúde e entregues ao procurador José Jairo Gomes. Este último encaminhava os mesmos ao delegado da polícia federal Célio Jacinto do Santos, que anexava ao inquérito como sendo documentos “originais”. Veja alguns destes documentos. Nenhum médico responde ou respondeu por falsificação de documentos.

    Sem Morte Encefálica. – Foi assim que o médico e assassino Celso Roberto Frasson Scafi descreveu o estado de saúde de Paulinho, minutos antes de lhe retirar o rim. Scafi escreveu de próprio punho que Paulinho estava SEM MORTE ENCEFÁLICA, porém, como é sócio de Carlos Mosconi, seu nome foi excluído do rol de acusados. Scafi estava indiciado pela polícia federal pelo crime de retirada ilegal de órgãos, e foi inserido em uma equipe da UNICAMP (ainda quando estava indiciado) para continuar realizando transplantes em Campinas, pelo Ministério da Saúde.

    Asilo Humanitário – Você não verá isto na imprensa brasileira. O caso Paulinho está proibido de ser divulgado, exceto se for para inocentar (ainda mais) os assassinos.

    HOT – Human Organ Traffic: Documentário premiado que mostra a história de Paulinho

  • Gera:

    Tudo isso por causa da grana!!!
    Os ricos tirando dos pobres!!!
    Até sangue, rins o que for…
    Somos todos bois no pasto,
    esperando pelo abate!!!
    Vc acha q nada vai acontecer
    com vc até q de repente vc
    tem seu orgãos roubados ou
    comprados por micharia a custa
    de uma miséria mundial.
    O ser humano é um animal assassino
    q explora tudo o q encontra pela
    frente destruindo pessoas, familias,
    animais e civilizações!!!
    Que deus não tenha pena e destrua o
    mal q existe sobre a terra, deixando-a
    para quem realmente merece!!!

    • Fabricio Godoy:

      Você é contra o dinheiro? Isso é culpa do dinheiro?
      Aposto que você gostaria de viver com a troca de mercadorias em substituição do dinheiro.

  • tibirica maciel:

    A unica maneira de acabar com este horror e ciencia nos proporcionar orgaos artificiais pois real distribuiçao de renda e oportunidades e improvavel de acontecer

  • eu:

    quanta gente sofrendo lá.. meu Deus..

  • Vera:

    Triste, mas vai continuar acontecendo enquanto houver pobreza, miséria e gente burra a ponto de achar que vai ganhar alguma coisa vivendo um dia, um mês ou alguns anos a mais à custa do sofrimento alheio. Aguarde, que a fatura chega… e que venha bem rápido.

    • ira:

      Na mosca Vera,fatura vai fatura vem,FATURA DE VOLTA TEM JUROS.
      Olhemos em nossa volta e o que mais se olha é humano pagando débitos de faturas emitidas.
      A LEI,A LEI MÁXIMA É IMUTAVEL,NADA FOGE A ELA.

  • Campos:

    A pobreza é um mal imperdoável. Porque nascem tantos pobres? Por pura ignorância. Os ignorantes não sabem que não pode deixar nascer uma criança, se a família não tiver condições mínimas de cria-las. Nascer um pobre é condená-lo a passar fome, frio, desprezos,etc. Vai condena-los a morte prematura. Por que deixa-los nascer? Isto é masoquismo. Já temos recursos suficientes para prevenir isto, até o aborto pode ser usado. Já se usa isto em países de primeiro mundo. Por que não usa-los no de terceiro? Eles tem uma ótima qualidade de vida e nós poderíamos ter também e não ficar com esta história de dar moradia para pobres, bolsa família, etc. Isto Não melhora a vida de ninguém. Só prolonga o sofrimento. Quem é pobre está condenado a ser pobre a vida toda. Sejamos inteligentes e deixemos de acreditar em bobagens.

    • Bruno L. Rocha:

      Sou contra o aborto e acho que a mulher não tem direito de julgar se quer ou não. Não é machismo, como os abortistas arrotam por aí. É um ser em formação, mesmo ainda não consciente. Sou realmente a favor é da castração dessa gente.

  • Miguel Angel:

    Meu Deus, inacreditával o nível de maldade em algumas pessoas. Não dá pra acreditar que são humanos como nós.

    • Cristina Soares:

      É TRISTE ! UM ABSURDO .DESRESPEITO, É FALTA DE DEUS, FALTA DE AMOR, GANÂNCIA SEM LIMITES .

  • Nika Pinika:

    Essa parte me causou arrepios: “Uma mulher anunciou que estava vendendo sua córnea para que pudesse alimentar a família. A justificativa era que precisava de apenas um olho para ver.”

    É o máximo da degradação humana que eu já li. É a miséria profunda e o desamparo total… 🙁

  • Vitor:

    Equação perfeita !! Exploração = necessidade real ( fome,doentes na família) ou não( querer possuir algo incabível ).
    Essa prática não é tão nova. Assim como o aborto no Brasil e em países onde é proibido. Turismo sexual no Brasil é coisa cotidiana..todos sabem!Mas o povão faz de conta que não sabe de nada.
    Triste!

    • ira:

      Grande e triste verdade Vitor

  • Harasem Emerson:

    O SER HUMANO TÊM QUE ABRIR OS OLHOS E O CORAÇÃO COM MATURIDADE E SEM EGOÍSMO PRÓPRIO…ESSE ATO DE CRUELDADE É PLENA FALTA DE ESPÍRTO E JUÍZO…UMA MISÉRIA…HORROR…AFF

  • Harasem Emerson:

    Pois é…a cada dia que se passa,o ser humano inventa façanhas umas mais medonhas que as outras…acho,eu,que se este cilo têm que renovar-se para todfos os seres pararem com essas idiotices…DEUS ESTÁ DE OLHO EM NÓS…CUIDADO PESSOAL…

  • Paulo Eduardo:

    A ingenuidade é uma virtude muito frágil e a necessidade dos seres humanos expõe esta fragilidade aos desumanos de sangue frio!!

  • Maveco:

    Não é preciso olhar pra tão longe não, esses aliciamentos acontecem aqui no Brasil também, só que de forma mais discreta…

  • Glauco:

    Depois me criticam quando eu digo que não confio em gente rica.

    Outro dia eu vi no jornal sobre um chinês que vendou seu rim prá comprar um Ipad e um Mac.

  • Danibyo:

    Vasculhe e achará podredão em qualquer lugar do mundo!!!

  • Pedro:

    “Um grotesco tipo de exploração de humanos, NUNCA VISTO NA HISTÓRIA”

    Vocês só podem estar brincando que nunca tinham ouvido falar disso. Isso acontece a anos nos países mais pobres, principalmente Oriente Médio, Europa Oriental e Ásia.

  • Romário Huebra:

    A cada dia qe passa, mais eu acredito no fim do mundo em 2012

    • Vera:

      Que assim seja!

  • Rochelly:

    É meus queridos, o inferno é aqui!!!!

  • luciana:

    Assisti um documentário em que pegavam crianças órfãs nas ruas para extrair todos os órgãos, na India.

  • Marcos:

    Nossa manow, ter que vender seus órgãos para sustentar a família. :/ isso que eu chamo de miséria!

    • Bruno L. Rocha:

      Culpa deles mesmo. Quem faz o governo é o povo. Quem viva achando que o governo é mãe dos pobres e do povão, são os mesmos que votaram no Tiririca. Pensamento realmente comunista esse seu.
      O governo não é minha mãe!!!!

  • Elton:

    Culpa do próprio governo que não tem a capacidade de dar educação nem emprego para esses povos miseráveis, e agora eles tem que vender até parte do seu corpo pra poder sobreviver.

    Aquilo que o mundo nos pedem, não é aquilo que o mundo nos dá!

    • ira:

      Cmentário inteligentíssimo Elton.
      Voce realmente pensou com clareza

    • gargwlas:

      culpa do governo…

      pela mor de deus… toma redeas de tua vida e esquece o governo

    • Vitor:

      Seria a anarquia,Gargwlas.
      É culpa da administração pública em todas as esferas.
      Ou você acha que devemos sair com uma arma na cintura na rua atirando pra todo lado? Lembre-se: pagamaos IMPOSTO para manter o Estado funcionando,com os devidos aparatos legais. Se não cumprem com o dever é CULPA do governo sim!

    • ira:

      Correto Vitor.
      O governo tem sempre a maioria de culpa em todas as esferas,afinal aquele que la está representando o povo que o represente com dignidade e moral.
      O governo é representado por um ser humano que la está não é por ser uma pessoa bonita ou que tenha belos olhos azuis.
      É preciso começar a reconhecer as culpabilidades dos governos quando ele mal e muito mal representa a massa popular que representa um país.
      Um país sem habitantes só tem massa de terras e esta não fala ou vota em um representante.

    • Fabricio Godoy:

      Quem colocou o “governo” na administração foi esse povo pobre e ignorante.

    • Vitor:

      Seria a anarquia,Gargwlas.
      É culpa da administração pública em todas as esferas.
      Ou você acha que devemos sair com uma arma na cintura na rua atirando pra todo lado? Lembre-se: pagamos IMPOSTO para manter o Estado funcionando,com os devidos aparatos legais. Se não cumprem com o dever é CULPA do governo sim!

  • Andiele:

    Este mundo simplesmente não vale o mundo.

    • Emerson Brito:

      Engraçado que essa semana vi um clipe no YouTube falando exatamente essa frase…

      Assista ao clipe da banda “O Teatro Mágico” onde eles falam exatamente isso:

      http://www.youtube.com/watch?v=i1y7Es1S_oM

  • Aloisi:

    Cara, isso me deixa triste, mais triste do que eu já sou por ver esse mundo apodrecer por causa da luxúria e do dinheiro. Vamos seguir vivendo.

    • Romário Huebra:

      Cara vc falou tudo, mais não devemos ficar parados, devemos espalhar a maior riqueza do mundo O Conhecimento.

    • Guilherme Euripedes:

      Uma vez um autor de rua me disse:

      “Nem que comprassem todo o conhecimento do mundo jamais alcançariam a sabedoria. Pois a alegria do Perverso não está no Conhecimento.”

      Dario Bertolucci – Escritor Independente de SP.

    • ira:

      Pois então Aloisi,aqui faço par.
      Meu caro,realmente somos chamados HUMANOS simplesmente por força de um malfadado conceito tambem HUMANO.
      O que significa ter o nome HUMANO !!!
      TRISTE E MUITO TRISTE É SABER QUE O SIGNIFICADO TAMBEM TEM ORIGEM EM CONCEITO PROMULGADO POR HUMANO.
      QUER DIZER,PARA ONDE TE VIRAS TENS UM CONCEITO HUMANO.
      AGORA VEM A PIOR PARTE;
      Todos,mas todos mesmo os conceitos e genéricos humanos foram criados e promulgados por HUMANOS que,ao que parece não vislumbraram nada alem de seu UMBIGO.
      OU SEJA,TUDO É POR MIM E EU TUDO POSSO FAZER.
      TRISTE NÃO ??????????????????????????????????

  • José Calasans:

    Infelizmente é uma realidade,não só o comércio ilegal de órgãos,como também o de sangue.

  • Gyver:

    Talvez se a venda de orgão fosse legal haveria mais segurança para os doadores e maior controlo. Se eles querem vender um rim por dinheiro não vejo qual é o mal pois estão a ajudar a saltar uma vida em troca de uma compensação.

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