Um novo planeta anão foi descoberto em nosso sistema solar

Por , em 13.10.2016
Concepção artística

Concepção artística

Cientistas identificaram um novo planeta anão no sistema solar, a cerca de 13,6 bilhões de quilômetros de distância do sol. Para efeito de comparação, a maior lua de Plutão, Caronte, atinge uma distância máxima de cerca de 7,3 bilhões de quilômetros do sol.

O objeto, conhecido como 2014 UZ224, leva 1.100 anos para completar uma única órbita ao redor da estrela, e poderá em breve se juntar às fileiras dos cinco planetas anões reconhecidos do nosso sistema: Ceres, Eris, Haumea, Makemake e Plutão.

Enquanto o caminho orbital exato de 2014 UZ224 ainda não seja claro, os cientistas por trás da descoberta pensam que ele é o terceiro objeto mais distante no sistema solar.

A descoberta

O planeta anão foi descoberto por uma equipe de estudantes de graduação liderados pelo físico David Gerdes, da Universidade de Michigan, nos EUA.

Ele foi detectado a partir de um enorme mapa de galáxias criado para um projeto chamado de Dark Energy Survey. Essa pesquisa fornece informações relevantes para o estudo da energia escura. Os mapas também já foram utilizados para estudar a matéria escura e para encontrar objetos anteriormente não identificados.

Parte do Dark Energy Survey inclui a tomada de imagens de pequenos pedaços de céu uma vez por semana. Enquanto estrelas e galáxias aparecem no mesmo lugar sempre, um objeto relativamente próximo da Terra orbitando o sol pode parecer se mover ao longo de uma ou algumas semanas.

A equipe usou um software de computador especializado para confirmar que o que eles estavam vendo era um único objeto – algo que levou anos.

“Nós muitas vezes só temos uma observação da coisa, em uma noite”, disse Gerdes. “E, em seguida, duas semanas mais tarde uma outra observação, e, em seguida, cinco noites depois, outra observação, e quatro meses mais tarde uma outra observação. Então, o problema de conectar os pontos é muito desafiador”.

Planeta anão ou não, eis a questão

A descoberta foi confirmada pela União Astronômica Internacional, mas se o objeto irá ou não ser considerado um planeta anão do nosso sistema solar é outra questão.

Ambos 2014 UZ224 e um outro planeta anão descoberto em julho, chamado 2015 RR245, tecnicamente atendem os critérios para serem considerados planetas anões. A distinção mais importante é que seja grande o suficiente para se tornar redondo devido à sua própria atração gravitacional.

O notório “assassino de Plutão”, Mike Brown, astrônomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos EUA, explica que podemos supor que qualquer coisa maior que 400 km de diâmetro no Cinturão de Kuiper é redondo, e, portanto, poderia qualificar-se como um planeta anão. Estima-se que 2014 UZ224 tenha um diâmetro de cerca de 530 km.

Mas por que os astrônomos se preocupam com o formato do objeto? Segundo Brown, a capacidade de um objeto de fazer a transição de uma forma irregular para uma redonda torna mais propenso que ele tenha propriedades que os astrônomos queiram estudar, como processos geológicos e planetários interessantes ocorrendo dentro dele.

Desafios

A parte complicada é que a classificação de planetas anões é relativamente nova – foi criada em 2006, com a proposta de Brown para rebaixar Plutão – e pode ser um pouco subjetiva.

Vai depender da União Astronômica Internacional decidir se 2015 RR245 e 2014 UZ224 passarão pelo corte oficial.

É possível que alguns astrônomos argumentem que o objeto recém-encontrado é muito pequeno para ser considerado um planeta anão. O menor objeto no sistema solar que ganhou esse título foi Ceres, com 950 km de diâmetro.

Embora apenas cinco planetas anões sejam oficialmente reconhecidos, pensa-se que poderia haver centenas de outros à espreita no Cinturão de Kuiper, a região além da órbita de Netuno, repleta de cometas, asteroides e pequenos organismos planetários. [Space, ScienceAlert]

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