10 fatos fascinantes sobre cavaleiros

Por , em 8.11.2014

Dos Cavaleiros da Távola Redonda a Game of Thrones (Guerra dos Tronos, na versão brasileira), nossa cultura ama histórias com cavaleiros. No entanto, tirando o que se fala sobre eles na ficção, sabemos muito pouco sobre os verdadeiros homens de armaduras que lutaram guerras e torneios reais na Idade Média.

Confira dez fatos que dão uma luz sobre a vida dos antigos cavaleiros:

10. Arbalesta

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Cavaleiros eram a força suprema no campo de batalha durante séculos. Por um bom tempo, parecia que ninguém e nada jamais poderia substituí-los. Ironicamente, seu fim foi provocado por uma invenção muito simples chamada arbalesta.

Inventada no século 12, era uma espécie de besta feita de aço, para que pudesse suportar uma tensão muito maior do que as bestas comuns e produzir mais força. Uma arbalesta era precisa até 300 metros, relativamente rápida de recarregar e fácil de operar. Além disso, podia perfurar armaduras. De repente, o poderoso cavaleiro com todas as suas habilidades de combate e uma vida inteira de treinamento não era nada mais do que um alvo fácil para um cara que estava aprendendo a atirar fazia só duas semanas. Um particularmente habilidoso com a arbalesta podia derrubar dois cavaleiros por minuto e permanecer em segurança fora do seu alcance. Com a chegada dessa arma, ficou claro que o tempo dos cavaleiros como os machos alfa do campo de batalha havia acabado, especialmente já que armas de pólvora foram inventadas logo depois.

9. Escadas em espiral

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Muitos castelos medievais tinham escadas espirais inteligentemente concebidas entre seus andares. Geralmente localizadas ao lado das paredes do castelo (em uma torre, a escada normalmente corria ao longo da parede exterior e os quartos eram construídos no espaço do meio), essa concepção servia para proteger os indivíduos no interior em caso de guerra.

Se um exército inimigo invadisse o castelo, os cavaleiros tinham muita dificuldade em percorrer a estreita escada em curva, enquanto lutavam. Ao mesmo tempo, os defensores tinham uma vantagem: escadas em espiral medievais eram concebidas de modo que os invasores tinham de avançar com o seu lado esquerdo para a frente, o que era um problema sério, porque praticamente todos os cavaleiros manejavam suas espadas com suas mãos direitas.

8. Feudo caro

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Ser um cavaleiro saía extremamente caro. A armadura, as armas, o cavalo e os servos todos custavam uma quantia obscena de dinheiro, além do custo de vida normal. Ainda assim, os cavaleiros eram uma parte vital de qualquer exército, de modo que o governante de cada região tinha que fornecer a esses heróis meios para que eles se sustentassem. A solução para este problema foi um sistema em que o governante dava a seus cavaleiros um lote de terra e as pessoas que vivam na dita terra pagavam uma taxa à ele. O cavaleiro tinha o direito de governar sobre essas pessoas como bem entendesse, mas tinha que lutar – junto com seus homens – no exército do governante se este o convocasse.

7. Virtudes de cavalaria

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Havia um código de conduta cavalheiresco que os homens de armadura tinham que seguir. Esse comportamento ia além do campo de batalha, e muitas vezes extrapolava para o dia a dia. Os códigos de conduta e etiqueta eram extremamente rigorosos, mas a sua essência podia ser condensada nos votos que um cavaleiro fazia durante sua cerimônia de ordenação, incluindo nunca fazer tratos com traidores; nunca dar maus conselhos a uma senhora (independentemente do seu estado civil) e sempre tratá-la com respeito e defendê-la contra qualquer perigo; participar de jejuns e abstinências; assistir à missa diariamente e fazer oferendas à Igreja.

Esses últimos votos foram, obviamente, inseridos na cerimônia pela Igreja em si. Quando eles começaram a pregar a Primeira Cruzada, no século 11, elaboraram um plano astuto para trazer os cavaleiros a bordo de sua missão. A Igreja introduziu o seu próprio código de cavalaria que, sem surpresa, girava em torno principalmente de fazer o que a Igreja dizia e defender o cristianismo.

Embora o comportamento cavalheiresco fosse comum em eventos sociais, não haviam muitos cavaleiros que mantinham esses ideais quando entravam em uma batalha. Em vez disso, a maioria optava por esquartejar e matar tantas pessoas quanto pudessem. Como soldados e homens práticos, não arriscavam serem mortos simplesmente para serem mais cavalheirescos do que seus colegas.

6. As origens da cavalaria

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Cavaleiros, como o próprio nome sugere, são guerreiros associados a cavalos.

Os cavaleiros da Idade Média montavam cavalos de guerra conhecidos como corcéis, animais enormes e treinados para a batalha. No entanto, a origem da cavalaria pode ter ocorrido ainda antes, no auge do Império Romano.

Os antigos romanos tinham uma ordem equestre de elite conhecida como “Ordo Equestris”. Embora ela não possa ser conclusivamente ligada a cavaleiros, estudiosos notam que essa ordem compartilhava muitas semelhanças com os cavaleiros da Idade Média – eram homens das classes inferiores da nobreza que lutavam a cavalo e impunham um respeito considerável. Quando Carlos Magno, imperador dos francos no século IX, combinou uma classe nobre desses guerreiros com o conceito de feudalismo, nasceu a cavalaria como a conhecemos.

5. Armadura

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Nenhum cavaleiro sonharia entrar em um campo de batalha sem sua armadura. E ela tinha que ser feita sob medida: uma vez que as roupas eram de metal e outros materiais inflexíveis, era essencial que servissem e se encaixassem tão bem quanto possível.

A armadura também ficou mais resistente com o passar do tempo. Originalmente, cavaleiros usavam apenas uma coleção de roupas acolchoadas e correntes de malha. Conforme a tecnologia avançou, a armadura chegou a sua versão completa, aquela vista na maioria dos filmes. Essa armadura era complexa e pesava cerca de 22 quilos. Ela podia desviar golpes da maioria das armas medievais, mas a qualidade e a imponência da armadura não se restringiam a ser salva-vidas – eram também um símbolo de status. Quanto melhor a armadura era, mais importante o cavaleiro era.

4. Esporte

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Os torneios de cavaleiros, ou justas, começaram como um exercício de táticas de combates medievais. Ou seja, serviam para treino. Quando se transformaram em um evento esportivo como a cultura popular o retrata, já não havia muitas guerras para lutar.

Quando as cruzadas terminaram e cavaleiros não tinham mais batalhas para vencer, rapidamente surgiram, além das justas, outros “hastiludes”, termo genérico utilizado na Idade Média para se referir a vários tipos de jogos marciais. Eventos populares incluíram a “pas d’armes” (passagem de armas), em que um cavaleiro tinha que passar por um grupo de adversários, e “melee” (corpo a corpo), em que um grupo de cavaleiros divididos em duas equipes lutavam entre si em pé.

3. Treinamento

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O treinamento de um cavaleiro era um árduo processo que começava aos sete anos e durava 14 anos. O cavaleiro em potencial primeiro tinha que servir como pajem. Nesse ponto, ele era apenas um servo que tinha que fazer o que seu senhor quisesse. Embora a maior parte do treinamento era feito em jogos e esportes, alguns eram extremamente perigosos. Em vez de brincar com bolas e bonecos, o pajem medieval manuseava armas e praticava equitação.

Na idade de 14, se tornava um escudeiro. Cada escudeiro geralmente servia um cavaleiro específico, atuando como uma espécie de mordomo e ajudando a vesti-lo e a manter sua armadura e armas. Um escudeiro era visto como um homem capaz de lutar no campo de batalha. Como tal, sua formação tornava-se cada vez mais perigosa. Lesões eram comuns, já que as habilidades de cavaleiro tradicionais eram parte do seu treinamento.

Aos 21 anos, o escudeiro era finalmente nomeado cavaleiro. A cerimônia de ordenação ou investidura, era, incialmente, bem simples: o nobre dava um tapa no pescoço do escudeiro com a mão aberta e dizia algumas palavras rápidas. Eventualmente, a Igreja transformou a cerimônia no evento cheio de pompas agora visto em inúmeros filmes e programas de TV.

2. Cruzadas

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As cruzadas, campanhas de guerra orquestradas pela Igreja para conquistar a Terra Santa e tirá-la dos muçulmanos, foram durante séculos as batalhas principais nas quais os cavaleiros mostraram seu talento.

E não foram poucas batalhas – essas lutas religiosas foram requisitadas quase constantemente por cerca de 200 anos. Houve oito cruzadas principais (ou nove, se você incluir a Cruzada dos Camponeses Infelizes) e muitas outras menores no meio. Infelizmente para os cavaleiros, as cruzadas foram, em última análise, um fracasso. A Terra Santa caiu nas mãos dos sarracenos.

Ainda assim, isso não impediu que uma sucessão de papas encomendasse novas cruzadas contra vários inimigos (principalmente inimigos políticos da Europa) nos séculos vindouros.

1. Cavaleiros modernos

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Desde 1560, o termo “cavaleiro” como uma honra militar essencialmente deixou de existir. Hoje, há ainda alguns “verdadeiros cavaleiros” que herdaram o título, mas a maioria dos novos títulos de cavaleiro são concedidos por causa das contribuições que seus destinatários fizeram para a sociedade moderna, de uma forma ou de outra.

Embora ainda existam muitas ordens de cavalaria, as que foram criadas após a Idade Média foram projetadas especificamente como um meio de honrar indivíduos merecedores. Por exemplo, as cavalarias dadas a pessoas famosas como Sir Elton John e Sir Paul McCartney são meramente honoríficas e não obrigam os homens a lutar por nada nem ninguém. [Listverse]

1 comentário

  • Cesar Grossmann:

    Interessante a diferença de culturas. No ocidente, a balestra tirou o cavaleiro do campo de batalha, no Japão, as armas de fogo foram banidas do campo de batalha, justamente para impedir que um soldado raso matasse um samurai ou general.

  • Sergio Ricardo Zanette:

    Interessante. Muito bom.

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