Câncer não é apenas causado por “má sorte”, mas sim resultado de estilo de vida

Por , em 17.12.2015

Se lembra de um estudo que, no início desse ano, sugeriu que dois terços dos cânceres ocorrem por azar, ao invés de fatores como o tabagismo?

Uma nova pesquisa está desafiando essa visão. De acordo com o artigo publicado na revista Nature, o câncer é esmagadoramente um resultado de fatores ambientais, e não à má sorte.

Quatro abordagens foram usadas para concluir que apenas 10 a 30% dos cânceres são resultado da forma como o corpo naturalmente funciona, ou seja, “azar”.

Causas

O câncer ocorre quando uma das células-tronco do corpo passa por uma mutação e fica “ruim”.

Isso pode ser causado tanto por fatores intrínsecos, que são parte da maneira como o corpo opera, como o risco de mutações que ocorrem cada vez que uma célula se divide, ou fatores extrínsecos, como tabagismo, radiação UV e muitos outros.

Em janeiro, um estudo publicado na revista Science tentou explicar por que alguns tecidos eram milhões de vezes mais vulneráveis a desenvolver câncer do que outros.

Os cientistas concluíram que é por causa do número de vezes que uma célula se divide, e que está fora de nosso controle evitar esses tipos de câncer. Assim, nasceu a hipótese da “má sorte”.

Não é nada disso

Na pesquisa mais recente, uma equipe de médicos do Centro de Câncer Stony Brook, em Nova York, EUA, abordou o problema a partir de diferentes ângulos, incluindo modelagem de computador, dados de população e abordagens genéticas.

Eles disseram que os resultados sugerem de forma consistente que 70 a 90% do risco de câncer é devido a fatores extrínsecos.

“Os fatores externos desempenham um papel importante, e as pessoas não podem se esconder atrás de má sorte. Elas não podem fumar e dizer que foi azar ter câncer”, afirmou o Dr. Yusuf Hannun, diretor do Stony Brook, à BBC. “É como um revólver. O risco intrínseco é uma bala. Numa roleta russa, um em cada seis vai ter câncer – essa é a má sorte. Agora, um fumador adiciona mais duas ou três balas ao revólver. Se puxarem o gatilho, terão mais chances de ter câncer”.

O Dr. Hannun concorda que ainda há um elemento de sorte, já que nem todos os fumadores tem câncer, mas o mau hábito de fato aumenta suas probabilidades de desenvolver a condição. “Do ponto de vista da saúde pública, queremos remover tantas balas quanto possível da câmara do revólver”, conclui.

Faça o possível para evitar o câncer

Nem todos os riscos extrínsecos foram identificados, e nem todos podem ser evitáveis (como altura, por exemplo).

Mas o novo estudo é bastante convincente e deve servir para mudar a mentalidade das pessoas a respeito de como cuidam de sua saúde. O acaso sempre estará envolvido, no entanto, saber se proteger do câncer também é importante.

“Enquanto hábitos saudáveis como não fumar, manter um peso saudável, ter uma dieta saudável e cortar o álcool não são uma garantia contra o câncer, eles reduzem drasticamente o risco de desenvolver a doença”, argumentou a Dra. Emma Smith, do Cancer Research UK. [BBC]

1 comentário

  • Sabrina Schultz Ritt:

    A matéria em si é ótima, mas o termo correto é fumante e não fumador; seria bom corrigir isso 😉

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