Homem vive sem pulsação por seis meses

Por , em 2.10.2012

Depois que descobriu um tumor agressivo em seu corpo, o tcheco Jakub Halik, de 37 anos, teve seu coração removido. Seis meses mais tarde, continua aguardando um doador.

O que mantém Jakub vivo não é exatamente um coração artificial, mas um par de bombas mecânicas que faz seu sangue circular. Ele é o segundo homem no mundo a passar por esse procedimento – o primeiro, Craig Lewis, sobreviveu durante um mês, mas a doença que o havia levado à mesa de cirurgia afetou outros órgãos e o matou, em 2011.

No dia 3 de abril, o coração de Jakub foi substituído pelo par de bombas. Um transplante convencional era inviável, pois os remédios necessários não podiam ser tomados por causa do câncer. “Foi difícil, mas eu não tinha outra chance. Sabiam que com o tumor eu só poderia sobreviver por mais um ano, e eu decidi lutar desta forma”, conta Jakub.

Aos olhos de um leigo, as bombas parecem pedaços de encanamento. Por dentro de cada uma delas, há um propulsor que gira 10 mil vezes por minuto para manter o sangue circulando. A bateria fica fora do corpo do paciente, ligada por um cabo flexível implantado sob a pele. Naturalmente, outros pacientes já usaram aparelhos como esse, para sobreviver a doenças ou danos no coração enquanto aguardavam um transplante. O caso de Jakub, contudo, foi excepcional, pois a ausência do coração fez com que fossem necessárias duas bombas para mantê-lo vivo.

Cada bomba desempenha uma função: uma bombeia sangue até os pulmões, para que seja oxigenado; a outra bombeia este sangue para o resto do corpo. O fluxo contínuo e a “divisão de tarefas” devem fazer com que o mecanismo dure mais do que corações artificiais “comuns”. A única coisa que não é reproduzida é a pulsação. “Eu nem noto, porque as funções do corpo são as mesmas, apenas meu coração não bate e eu não tenho mais pulso”, diz Jakub.

Nos primeiros meses, seu quadro era mais complicado, pois ainda era preciso investigar se o câncer havia se espalhado pelo corpo. Além disso, o fato de ter passado por um procedimento tão excepcional o deixava inseguro. “Hoje, eu me sinto bem física e mentalmente”.

O cardiologista responsável pela cirurgia, Jan Pirk, conta que está muito satisfeito com o progresso do paciente, que ele atribui em parte à “personalidade forte” de Jakub. “Nós não sabíamos como as coisas se sairiam e desde o começo não tem sido fácil: seu estado de saúde era muito sério. Ele tem feito seu melhor, treinando duro porque, depois de passar dois meses acamado, seus músculos enfraqueceram, e ele precisa se fortalecer”.

O tempo de espera por um coração na República Tcheca é de aproximadamente oito meses. Se tudo der certo, Jakub poderá voltar à vida normal em breve, ir para sua casa e viajar com a família no final do ano.[Daily Mail UK]

Atualização: Jakub Halik morreu em 17 de outubro de 2012 de falência renal. [BBC]

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