Exaustão física é apenas “coisa da sua cabeça”

Por , em 7.11.2013

Se você já se exercitou até seu corpo dizer “chega!”, provavelmente acha estranha a ideia de que, na verdade, poderia ter se exercitado muito mais se mantivesse uma atitude mental diferente – como ficou mostrado em artigo publicado recentemente no periódico Medicine & Science in Sports & Exercise.

Quando chegamos à exaustão física

Curiosamente, a ciência ainda não consegue explicar como o corpo (ou o cérebro, mais precisamente) é capaz de “saber” quando está perto de atingir seu limite – testes em ratos mostraram que os músculos continuam com uma boa reserva de “combustível” e fluidos mesmo quando o animal fica cansado demais para continuar a se exercitar.

Há uma teoria segundo a qual o segredo não estaria no corpo, mas no cérebro, e que, com o estímulo mental correto, seria possível aumentar a tolerância de uma pessoa ao cansaço físico.

Para testar essa ideia, cientistas da Inglaterra reuniram 24 voluntários saudáveis e fisicamente ativos, analisaram seus “limites” físicos por meio de uma série de testes, e pediram que eles pedalassem uma bicicleta ergométrica até ficarem exaustos.

Feito isso, dividiram os participantes aleatoriamente em dois grupos: os do primeiro deveriam continuar sua rotina de exercícios normalmente durante as duas semanas seguintes; os do segundo deveriam, durante os exercícios, falar (ou mentalizar) para si mesmos frases motivadoras específicas, como “você está indo bem!”, e abandonar expressões desmotivadoras (como “chega, não aguento mais!” ou “esse é o meu limite”), ao longo das duas semanas seguintes.

Ao retornar, os participantes do primeiro grupo tiveram um desempenho parecido com o anterior, enquanto aqueles que foram orientados a “falar sozinhos” se saíram muito melhor do que antes, sentindo menos desconforto e mantendo a atividade por mais tempo.

Para que essa estratégia funcione, contudo, é importante repetir as frases/palavras motivadoras sistematicamente e de forma consistente.

Se quiserem fazer o teste por si mesmos da próxima vez em que forem se exercitar, não se esqueçam de dizer nos comentários se deu certo ou não! [NY Times; Medicine & Science in Sports & Exercise]

6 comentários

  • Marc F.B.:

    Isso explica aquelas histórias de mães que conseguem levantar um carro para tirar o filho que esteja embaixo.

    • Cesar Grossmann:

      Na verdade, não. Este artigo é sobre a pessoa melhorar seu desempenho ao longo do tempo, o fenômeno que permite às mães desesperadas (algumas delas) virar um carro é outro: um carro em equilíbrio precário e a adrenalina.

    • Hitogo Ideriha:

      só estou lendo esse post, hj, e recentemente um estudo disse que os músculos param de crescer naturalmente para segurança do próprio corpo, a adrenalina faz com que as artérias se dilatem e a força exceda os limites, no caso da mãe levantar um carro é quando a necessidade libera adrenalina o suficiente para tais atos.

  • Cesar Grossmann:

    O corpo humano é adaptável, um esforço a mais hoje vai causar uma modificação nos músculos e nos ossos, permitindo repetir este esforço e mais adiante superar o mesmo. Claro que isto tem suas limitações, ninguém pode simplesmente aumentar a carga progressivamente e esperar que os músculos e esqueleto continuem respondendo indefinidamente. Na prática, ninguém consegue passar do nível de Super Saiyajin nível 3 (ou será 4?).

    • Infelevus:

      Cesar. Será que podemos atribuir essa teoria à mente também?
      No caso, usá-la além desse cansaço perceptível e também sofrer adaptações com o tempo?

    • Cesar Grossmann:

      Boa pergunta, Infelevus. Não sei te responder, acho que seria o caso de perguntar para a neurocientista dra. Suzana Herculano-Houzel, por exemplo.

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