Cores: 6 fatos que vão mudar o seu jeito de ver o mundo

Por , em 12.07.2014

Quando o assunto são cores, fica aquela sensação de que a gente vai voltar no tempo para a primeira aula da escolinha. Mas, não. As novidades desse artigo começam com o fato de que existem mais fatos sobre cores do que simplesmente classificá-las em cores primárias, cores secundárias ou aprender a falar cores em inglês. Além de deixar nossa visão do mundo muito mais agradável, elas são um campo de estudo extremamente fértil.

Basicamente essa fertilidade toda se dá porque as cores representam uma intersecção bizarramente complicada entre várias áreas de estudo, como a física, a biologia e a psicologia. Constantemente uma área invade a outra, fazendo com que a maior conclusão que qualquer um possa tirar é que as cores são muito mais que os olhos podem ver. Pronto para se surpreender e concluir isso também?

6. O azul e o verde são a mesma cor para muitas culturas

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Parece uma ideia inconcebível, não é? Mas olha só esses dois semáforos. Os dois são japoneses. O primeiro parece normal, mas o segundo…

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Bom, ao invés de verde, a luz é azul. Acontece que a palavra japonesa “ao” é usada para descrever os dois tons, tanto o azul quanto o verde, e assim, historicamente, os japoneses realmente não desenvolveram uma distinção entre as cores. Na verdade, o mundo está cheio de línguas que não têm palavras para descrever as cores primárias, e sem uma palavra para descrever essas cores, fica muito mais difícil para os falantes dessas línguas distinguirem umas das outras quando se deparam com elas.

5. Há um tom de marrom feito de pessoas

Perth Museum & Art Gallery's Egyptian mummy and case photographed in 2010
Nós muitas vezes não paramos para pensar de onde todas as cores que conhecemos vêm, como passamos a viver em um mundo que é muito mais brilhante do que a terra marrom (e, convenhamos, monótona) em que nossos antepassados ​​primatas viveram. Já pensou que chato um mundo sem cores néon?

Mas, apesar de não fazerem parte dos olhos humanos desde sempre, as cores já existiam na natureza desde que o mundo é mundo. Afinal, os pigmentos são feitos a partir de uma variedade de matérias-primas que incluem desde minerais a plantas e até corpos esmagados de insectos. Tudo é uma questão da mistura que aprendemos a fazer com essas coisas.

E falando em mistura… Aqui vai um fato bizarro. Em um tempo remotamente passado, um tom de marrom era especialmente popular: o “marrom múmia”. Era algo como uma sombra marrom, que era feita a partir de múmias mesmo – aqueles corpos enfaixados que ficavam enterrados por um longo período de tempo.

Isso fazia parte de um comércio bizarro de múmias que ocorreu no final da Idade Média, quando múmias do Egito foram exportadas para a Europa para serem usadas para uma variedade de fins medicinais. E uma vez que a etapa de moer seres humanos foi superada, começar a pintar com eles não foi assim um pulo tão grande (ou bizarro).

No início do século 20, alguém concordou comigo e com você, ao inventar o conceito de moralidade, que a prática do uso de múmias para a pintura deveria desaparecer.

4. Nós podemos ver cores que não existem

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As cores existem em nossos cérebros e a nossa compreensão delas é inevitavelmente limitada pelas ferramentas que temos para observá-las, ou seja, os nossos olhos. Eles não percebem a luz só como ela realmente existe; os três tipos de cones em nossas retinas respondem a diferentes faixas de comprimentos de onda, e é a combinação de respostas desses cones que faz com que nosso cérebros perceba cores específicas. A forma como o nosso cérebro combina essas respostas não é um processo completamente compreendido, embora tenhamos um bom controle sobre a gama de cores que podemos ver.

Sabendo das limitações de que cores podemos e não podemos ver tornou ainda mais surpreendente o fato de alguns cientistas encontrarem maneiras de enganar os nossos olhos para perceber cores que não existem. As chamadas “cores impossíveis” são as máscaras que deveriam ser impossíveis de perceber sob condições normais de iluminação, e incluem uma cor que existe entre o azul e o amarelo (dica: não é o verde) e algo que existe entre o verde e o vermelho (Natal, talvez?).

Também há a família das chamadas cores quiméricas, que usam a tendência que nossos olhos têm de formar imagens residuais negativas para gerar cores que podem não existir. Estas incluem a sombra impossivelmente azulada de preto com o nome incrível de “azul Stygian”, que você pode ver no gif abaixo, assim que a imagem da caveira desaparece:
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3. O universo é bege

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Depois dessa, quem deve estar bege é você!

Em uma das muitas noites frias nas montanhas em que passaram trabalhando, um grupo de astrônomos decidiu pegar a luz de todas as estrelas no universo e colocá-las todas juntas em uma caixa para ver qual era a cor do universo. Não havia absolutamente nenhum motivo científico para fazer esse experimento, o que nos faz pensar que era uma diversão alternativa. Coisa de quem tem em mãos uma alta taxa de dados e está querendo passar o tempo.

De qualquer forma, a resposta é bege. O universo é bege.

Os cientistas que fizeram este trabalho eventualmente entraram em acordo sobre o nome que esse tom de bege do universo deveria ter: “latte cósmico” – basicamente porque a cafeína é uma parte muito fundamental a quem estuda astronomia (por motivos óbvios). E quem iria detê-los, não é?

2. Nós devemos tudo ao ciano

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O ciano é a cor de uma família de organismos chamados cianobactérias, que você pode não estar ciente, mas são as formas mais importantes de vida na Terra. Muito antes de você vir ao mundo e ser essa beleza toda, as cianobactérias já viviam por aqui e já contavam com um currículo nada menos que incrível.

Primeiro, elas podem fixar o nitrogênio, o que significa retirá-lo do ar e torná-lo disponível para outras formas de vida usarem. Em segundo lugar, a partir de alguns bilhões de anos atrás, as cianobactérias encheram a atmosfera com oxigênio, aquele gás que usamos todos os dias para, bem, viver.

1. Algumas pessoas podem ver 99 milhões de cores a mais que você

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Um ser humano normal pode perceber cerca de um milhão de cores diferentes. O que, não sei para você, já me parece muito. Assim, de cabeça, não consigo pensar em uma lista tão longa de cores. Talvez porque nosso idioma não tenha palavras para caracterizar cada uma delas (como enumeramos como possível problema no primeiro item dessa lista).

Mas, algumas pessoas, chamadas tetracromatas, podem ver cerca de 100 milhões de cores. Isso porque elas têm quatro tipos de cones diferentes em seus olhos, e cada um desses cones confere a capacidade de perceber cerca de uma centena de tons. Fazendo o cálculo das possibilidades de combinações, chegamos a essa quantidade inimaginável de tons.

E sabe o que é mais legal de tudo isso? Você pode ser uma dessas pessoas! Para saber se esse é seu caso, clique aqui e faça o teste![Cracked]

6 comentários

  • David Msf:

    que azul nada!!! a caveira tem cor de azeitona…

  • Janilton De Miranda Silva:

    Obrigado Hiper, por me manda seus arquivos, sobre os fatos, e sobre o universo da ciências, acompanho vocês, na minha pagina do Facebook!

  • kent yuhri:

    Os antigos japoneses consideravam o verde como um tom do azul ( AO), e para complicar ainda mais a questão os primeiros semáforos usados no Japão eram da cor azul ( mais tarde substituídos pelo verde que é mais visível a distância) e por força do hábito muitos japoneses continuam a referir-se as 3 cores com azul, amarelo e vermelho. Estranho mas tao enraizado que eles não pesam antes de dizer, igual ao nosso hábito de falar “tirar uma xerox” ao invés de fotocopia.

  • kent yuhri:

    A palavra midori para a cor verde foi introduzida no período Heian ( de 794 a 1185 ) bem antes da guerra, mas os antigos japoneses não a aceitavam pois consideravam a cor verde como um tom variante do azul e não uma cor independente e continuaram a usar a palavra “AO” para ambas. Apos a guerra com tropas americanas instaladas em território japonês se começou uma ocidentalização dos costumes e a aceitação da distinção entre as cores, e a mistura de palavras em inglês no vocabulário japonês.

  • Fábio Lima Malheiros:

    Azul em japônes é “ao” (青)
    Verde é “midori” (緑)

    Estudei japonês por um bom tempo e nunca ouvi falar nessa falta de distinção entre as duas cores, pelo contrário, foi uma das primeiras coisas que aprendi la, o nome das cores.

    • Cesar Grossmann:

      Estudou japonês depois da segunda guerra mundial, ou antes? Depois, é claro. E, como o artigo aponta, o japonês passou a ter uma palavra para o verde depois de ser “invadido” pelos americanos.

      https://en.wikipedia.org/wiki/Distinguishing_blue_from_green_in_language#Japanese

      Japanese

      The Japanese word ao (青?, n., aoi (青い?, adj.)), the same kanji character as the Chinese qīng above, can refer to either blue or green depending on the situation. Modern Japanese has a word for green (緑 midori?), but it is a relatively recent usage. Ancient Japanese did not have this distinction: the word midori only came into use in the Heian period, and at that time (and for a long time thereafter) midori was still considered a shade of ao. Educational materials distinguishing green and blue only came into use after World War II:[citation needed] thus, even though most Japanese consider them to be green, the word ao is still used to describe certain vegetables, apples, and vegetation. Ao is also the word used to refer to the color on a traffic light that signals one to “go”. However, most other objects—a green car, a green sweater, and so forth—will generally be called midori. Japanese people also sometimes use the word gurīn (グリーン?), based on the English word “green”, for colors. The language also has several other words meaning specific shades of green and blue.

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