Odeia comer peixe? Plantas modificadas agora produzem os saudáveis óleos de peixe

Por , em 25.04.2014

Uma cultura de biocombustível relacionada a repolhos, chamada de camelina, foi geneticamente modificada para produzir os componentes de óleos de peixe benéficos para a saúde cardiovascular. A abordagem poderia aliviar um pouco da pressão sobre os oceanos. O estudo foi publicado no “The Plant Journal”.

A carne de peixes oleosos como a cavala e o salmão, além do fígado de peixes brancos, como o bacalhau, são boas fontes de ácidos graxos ômega-3. Os mais importantes são o ácido eicosapentaenóico (EPA) – conhecido por reduzir o risco de doenças do coração – e ácido docosahexanóico (DHA) – cuja deficiência tem sido associada a problemas visuais e cognitivos.

O leite materno é uma boa fonte de ambos e os nossos corpos podem produzir pequenas quantidades de EPA a partir de outro ômega-3 chamado ácido alfa-linolênico (ALA), encontrado em nozes e óleo vegetal, que é então convertido em DHA.

Fora do organismo humano, a mais rica fonte destes ácidos graxos são os peixes. No entanto, eles não produzem os próprios ácidos. Na natureza, eles obtêm estes nutrientes ao comer peixes menores que comeram algas, os únicos organismos que podem fazer quantidades apreciáveis ​​de EPA e DHA. Os peixes cultivados em cativeiro são alimentados com farinha de peixe enriquecida com óleo de peixe, que contém esses ácidos graxos.

Todos os anos, cerca de um milhão de toneladas de óleo é extraída de peixes adultos. Um décimo deste total se transforma em cápsulas de óleo de peixe e o resto é dado para peixes de cativeiro. “Contudo, as fontes são limitadas e insustentáveis”, afirma Douglas Tocher, do Instituto de Aquicultura da Universidade de Stirling, no Reino Unido.

A alternativa criada pelo cientista Johnathan Napier e seus colegas da Rothamsted Research, em Harpenden, também no Reino Unido, é uma fonte sustentável de EPA e DHA. Eles pegaram sete genes que as algas usam para produzir esses ácidos graxos e os inseriram no genoma da Camelina sativa, planta escolhida porque suas sementes já são ricas em ALA. As sementes da planta modificada produziram um óleo que, quando purificado, continha cerca de 12% de EPA e 14% de DHA – as mesmas proporções encontradas no óleo de peixe.

Napier diz que, se tudo correr como planejado, o óleo vegetal pode estar disponível comercialmente dentro de 10 anos. Este produto poderia, então, ajudar a substituir o óleo de peixe usado em cápsulas ou dados a peixes de viveiro. “Nós nunca vamos substituir o 1 milhão de toneladas [de óleo] por ano que vem do mar, mas se nós pudermos fornecer até 10%, aliviaríamos significativamente a pressão das populações de peixes”, explica o pesquisador.

Tocher opina que a camelina modificada deve tornar possível para as pessoas consumir diariamente de 400 a 1000 miligramas de EPA e DHA, recomendadas pela Organização Mundial de Saúde. Sem as novas plantas, “se todo mundo comesse esta quantia, só teríamos o suficiente para abastecer cerca de metade da população, por meio de cápsulas, peixe ou ambos”, conta.

A diminuição na pesca é essencial para o controle e manutenção dos tubarões, que vão diminuindo de quantidade significativamente em função da escassez de alimento. Um estudo de 2012 mostrou que a invasão humana do habitat natural dos tubarões e a pesca liberada fez com que as populações destes animais ficasse 4 vezes menor do que em reservas onde não existe a pesca comercial. Cientistas reiteram constantemente a importância dos tubarões no equilíbrio ecológico, portanto a nova criação terá impactos positivos de várias maneiras. [Rothamsted Research, New Scientist, BBC]

1 comentário

  • Mario de Carvalho Fontes Neto:

    A camelina é uma oleaginosa e o seu óleo possui altos teores de ômega-3 desde sempre…, não houve necessidade de transgenia ou modificações, nós é que descobrimos essas propriedades recentemente, embora a camelina seja cultivada desde a Idade do Bronze…

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