Selfie que mata, quando a selfie é a última coisa que você faz

Por , em 3.02.2016

“Selfie Vélib”, por Jean-François Gornet

Antigamente se dizia que só a morte e os impostos eram inevitáveis. Hoje, podemos acrescentar a selfie. O impulso de olhar para a câmera do celular e compartilhar uma imagem sua, lá, naquele lugar fantástico, é uma tentação que pouca gente resiste.

Prova disso é que a palavra “selfie” aparece 365.000 vezes a cada semana na rede social Facebook, e em 150.000 postagens no Twitter. No Instagram, a hashtag atinge fácil mais de 50 milhões de resultados.

Em alguns casos, as imagens vêm aliadas a comportamentos de risco. Não basta fazer uma selfie em um lugar bonito: a selfie tem que causar impacto, ser ao lado de animais selvagens, ou na beira de precipícios, ou na frente de trens.

O Priceonomics fez uma investigação usando noticiários desde 2014 e encontrou 49 mortes causadas por “selfies”. A média de idade das vítimas é de 21 anos, e 3 em cada 4 eram do sexo masculino.

O estudo feito não é conclusivo, afinal de contas, trata apenas de mortes que foram parar nos jornais. Veja os gráficos:

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Quatro fatalidades não estão contabilizadas na primeira tabela, porque a idade da vítima não foi mencionada.

Alguns números explicam estes resultados. Aproximadamente 30% das fotos feitas por pessoas entre 18 e 24 anos são selfies. E, apesar das mulheres fazerem mais selfies que os homens, os homens são duas vezes mais propensos a atividades de risco que as mulheres.

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Alguns casos parece que são emblemáticos. Em agosto de 2015, um chinês de 25 anos resolveu fazer uma selfie no topo da cascata Long Men. Distraído pela câmera, ele deu um passo em falso e caiu 100 metros. Seu celular tinha uma foto dele caindo.

No mês seguinte, um adolescente russo de 17 anos subiu em um edifício de 9 andares e se pendurou na borda, fazendo parecer que estava caindo. A mão escorregou e ele também morreu.

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Ainda tem o caso da moça de 19 anos que caiu de um prédio de 20 andares. “Ela não estava satisfeita com as fotos que nós fizemos dela”, contou um colega de aula, “então ela decidiu subir o prédio e fazer a foto ela mesma”.

Entre os que sofreram acidentes com trens, alguns morreram eletrocutados e outros foram atropelados. Os que sofreram eletrocussão morreram ao tocar na linha de alta tensão sobre o trem.

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Um dado curioso é a Índia, que tem 40% de todas as fatalidades relacionadas a selfies. Não deve ser algo relacionado a sua grande população, já que a China, mais populosa, tem apenas uma morte relatada.

Comparada a outros países, a Índia tem um número maior de mortes. Cerca de 20% das mortes por afogamento no mundo acontecem lá, e principalmente entre jovens com 15 a 25 anos.

Acrescente a isto um monte de indianos distraídos com a selfie, e você tem a receita do desastre. O pior é que geralmente são mortes em grupos, como o caso dos sete rapazes que afogaram no lago Nagpur, em março de 2015, após posar para uma selfie e o barco em que estavam virar.

Tantos acidentes obrigaram as autoridades a declarar 16 “zonas sem selfie” no país, com grandes cartares e guardas para fazer os tiradores de selfie ficarem longe.

A Rússia, segunda no ranking, criou uma campanha no último verão que incluiu até ícones de ideias ruins para selfies, para tentar reduzir o número de mortes por esta causa no país.

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Apesar da selfie em si não causar a morte, ela parece ser um fator importante – uma distração quando quem está fazendo a selfie deveria estar preocupado com a segurança.

“Muitas destas assim chamadas mortes por selfie podem ser colocadas na conta mais do descuido que da fotografia”, conta Morgan O’Rourke, administrador de riscos com 15 anos de experiência. “Você tem que ser cuidadoso para não tomar atalhos quando está determinando o que é e o que não é perigoso”.

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Mas o que parece motivar os “adoradores de selfies” mais extremos é a pressão dos amigos. A página do Instagram de Andrey Retrovsky, que morreu depois de cair de um prédio de 9 andares, estava cheia de frases de encorajamento: “Vai ficando mais louco, bro”, “Na próxima, tente um arranha-céu”, “Se você subir mais alto, vai ficar mais sexy ;)”.

Embora alguns achem que para conseguir grandes vitórias, é preciso estar pronto a aceitar as perdas, algumas perdas simplesmente não valem a pena. [Priceonomics, Dados obtidos por Zachary Crockett, Mashable]

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