5 explicações científicas que são pensadas de forma incorreta

Por , em 1.06.2016

Muita gente adora repetir certos “fatos curiosos” para os amigos e para crianças. Alguns deles, porém, são incorretos ou fora de contexto. Veja cinco deles e por que são absurdos:

5. “De acordo com a ciência, mamangabas não deveriam voar”

abelhao nao deveria voar

Mamangabas, também conhecidas como “abelhões”, têm corpo de cerca de 3 cm, mas suas asas não são tão grandes assim. Por isso, algumas pessoas acreditam que suas asas não deveriam ser capazes de sustentar o corpo em um voo.

Este mito bastante divulgado entre crianças começou de forma nada impressionante. Essa alegação envolveu um engenheiro em uma festa e cálculos feitos em um guardanapo. O problema dos cálculos deste engenheiro alcoolizado é que ele considerou que as asas do inseto são fixas – como um avião –, mas na verdade elas são rotativas.

O engenheiro em questão admitiu seu erro mais tarde, mas já era tarde demais e a mensagem incorreta já havia sido passada adiante. O que ele deveria ter se lembrado antes de começar a fazer seus cálculos, porém, é que as mamangabas PODEM voar.

Como dizia o físico Richard Feynman – e qualquer outro pesquisador da face da Terra –, se a hipótese não bater com o que é apresentado na prática, é porque ela está errada.

A verdade é que as asas de abelhas funcionam de forma muito especial. Elas não batem para cima e para baixo como as de uma ave, mas rodam rapidamente, formando minitornados que permitem que elas se mantenham no ar.

4. “Uma pena e um martelo atingem o chão ao mesmo tempo”

torredepisa

Uma história muito famosa é a de Galileu Galilei soltando uma pedra maior e uma menor na Torre de Pisa para ilustrar que materiais com massas diferentes sofrem a mesma força da gravidade. Alguns relatos descrevem que o experimento teria envolvido uma pena e um martelo ao invés das pedras.

O fato é que esse experimento não funcionaria na Torre de Pisa, já que a resistência do ar e o formato dos objetos influenciariam o tempo da queda. Uma folha de papel sulfite aberta cai mais lentamente que uma bola de papel bem amassada feita com a mesma folha, por exemplo.

O experimento descrito seria em uma situação ideal, ou seja, sem a resistência do ar ou outras influências externas.

Um experimento que daria certo na prática, porém, foi realizado na lua, quando David Scott abandonou um martelo e uma pena da mesma altura. Os dois objetos chegaram ao solo ao mesmo tempo. “Galileu estava certo”, diz ele em vídeo histórico:

3. “Saturno flutuaria na água”

saturno boia
A ideia por trás desta afirmação é que Saturno é gigantesco, mas já que é um gigante de gás, poderia boiar na água.

O problema é que Saturno não é um objeto só. Seu centro é provavelmente rochoso, cercado de hidrogênio metálico. Até agora todas essas substâncias são mais densas que a água. O que motiva as pessoas a fazerem esta afirmação é a atmosfera do planeta, que é composta principalmente de hidrogênio. Isso faria com que sua densidade total fosse menor.

Mas o fato é que o gás não ficaria ali paradinho se o planeta fosse mergulhado em água. Esta afirmação seria semelhante a dizer que a sua casa é menos densa que a água, já que há alguns quilômetros de ar acima dela, na atmosfera.

Além disso, seria impossível encontrar tanta água para mergulhar o segundo maior planeta do nosso sistema solar. Também seria necessário que este volume tivesse massa maior que a do planeta, para que “puxasse” o planeta para baixo, e não o contrário.

Resumindo, esta afirmação nem deveria existir.

2. “Uma colher de estrela de nêutrons tem a massa de 10 milhões de toneladas”

colher de estrela
As estrelas de nêutrons são corpos celestes supermassivos, ultracompactos e, por isso, com enorme gravidade. Logo, uma medida de colher de sopa com um pozinho desta estrela teria 10 milhões de toneladas.

A verdade é que nenhuma colher poderia “segurar” essa substância, por conta de sua massa absurda. Mesmo se fosse possível reunir esta quantidade da substância, ela imediatamente faria um furo na sua colher, no seu pé, no chão e por vários quilômetros no subsolo. Seria como jogar uma bola de boliche em uma caixa cheia de bolinhas de isopor. Ou seja, é um absurdo pensar em uma colher e em estrelas de nêutrons no mesmo ambiente. Você já pode devolver a colher na gaveta da cozinha.

1. “O Gato de Schrödinger está vivo e morto ao mesmo tempo”

Schrodingers gato 2
O cenário do gato de Schrödinger é um exercício mental, uma comparação forçada que não funcionaria na prática, criada para tornar a mecânica quântica mais palpável.

Para quem não conhece, o cenário é este: um gato pode estar morto e vivo (ou vivomorto) ao mesmo tempo. Como? Ele é colocado em uma caixa lacrada, com um frasco contendo veneno e um detector de radiação chamado contador Geiger. Na caixa há também uma fonte radioativa que começará a liberar a radiação em um momento desconhecido. Assim que o detector perceber a radiação, o frasco de veneno será quebrado, matando o gato. Como não sabemos se o gato está vivo ou morto sem abrir a caixa, a mecânica quântica sugere que depois de algum tempo o gato estará simultaneamente vivo e morto. Mas se abrirmos a caixa, veremos um gato ou vivo ou morto, e não uma mistura dos dois.

Este exemplo foi criado para ilustrar quão estranha é a interpretação de Copenhague da mecânica quântica. O estado vivomorto do gato se dá pelo emaranhamento desses dois estados enquanto o sistema permanecer fechado e sem ser observado.

O problema é que algumas pessoas levam o cenário ao pé da letra, e realmente acreditam que um gato poderia estar vivo e morto ao mesmo tempo em uma caixa lacrada. Mas a mecânica quântica não acontece em objetos do tamanho de gatos. A própria definição dessa teoria física diz que ela é usada no estudo de sistemas físicos de dimensões próximas ou abaixo da escala atômica, como moléculas, átomos, elétrons, prótons. Você já pode devolver o gato na caixa de papelão que ele tanto ama. [Cracked]
gato na caixa 2

9 comentários

  • Edson Aurélio Hudson:

    O gato de Schrödinger nesta dada explicação simples é que sim o gato fisicamente está morto e vivo enquanto não observado.

  • Diogo Felipe Siedschlag:

    Os itens 2 e 3 são apenas explicatórios, meras figuras de linguagem para demonstração de densidade.

  • Gustavo M. Araújo:

    caraca vei… a nº 2 fala de medida… e não ao pé da letra… uma colher de chá de uma estrela de nêutrons pesa N milhões de toneladas…

  • Nícolas Morazotti:

    No item 5, é equivocado dizer que coisas macroscópicas não respeitam a mec. quântica. Estrelas de nêutrons precisam de estatística quântica.

  • Gabriela Bela:

    A análise da 3 está errada. Júpiter tb tem atmosfera de H e nem por isso se afirma que flutua. A analogia está certa ao enfatizar densidade.

  • Edinei Júnior:

    A limitação de caracteres que foi colocada nos comentários é absurdamente retrógrada e desmotiva o debate.

  • Edinei Júnior:

    Todos sabemos que o cientista que falou sobre a estrela de Nêutrons se referiu a uma quantidade volumétrica equivalente a uma colher de chá.

  • Alex Freiria:

    o n. 2 nao deveria estar nessa lista, por se tratar de algo hipotético, ilustrativo apenas, estragou a lista.

  • rntbento:

    Legal, mas no item 2 acredito que a comparação não seja colocar uma porção da estrela na colher, mas a colher como uma medida quantitativa.

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