Desde que Proxima Centauri b (ou apenas Proxima b) foi descoberto, em agosto, inúmeras hipóteses têm sido levantadas quanto a possibilidade do planeta do tamanho da Terra suportar a vida.
Só sabemos sua massa e período orbital. Mas estas duas características são emocionantes, pois o exoplaneta parece orbitar a zona habitável de sua estrela, onde água líquida pode existir na sua superfície. Na Terra, onde há agua, há vida. Será que podemos ter esperanças quanto a aliens em Proxima b?
Uma nova pesquisa liderada por astrofísicos da Universidade de Berna, na Suíça, abordou este problema com modelos de evolução planetária e descobriu que estrelas anãs vermelhas, como a de Proxima b, preferencialmente hospedam pequenos mundos rochosos com grandes quantidades de água.
Mas, como tudo na vida, muito de uma coisa boa pode ser ruim.
Modelos evolucionários
Yann Alibert, do Centro de Espaço e Habitabilidade da Universidade de Berna, disse em um comunicado que os planetas em órbitas próximas em torno deste tipo de estrelas são de tamanhos pequenos. Normalmente, variam de 0,5 a 1,5 raios terrestres.
Esses pequenos mundos alienígenas também provavelmente possuem grandes quantidades de água. Para 90% dos exoplanetas simulados, sua massa total consistiu em mais de 10% de água. Considerando que a Terra possui apenas 0,02% de água, fica claro que estamos falando de muita água.
À primeira vista, pode parecer uma oportunidade incrível para formas de vida avançadas evoluírem. Afinal de contas, as anãs vermelhas estão entre as mais antigas estrelas em nossa galáxia e têm uma vida útil de mais tempo do que a idade do universo (14 bilhões de anos).
Se a vida na Terra surgiu 3 bilhões de anos atrás, quando o sol era jovem, a vida em mundos iluminados por anãs vermelhas pode ter evoluído ao longo de prazos épicos em comparação.
Problemas
Mas uma enorme oferta de água em pequenos exoplanetas que orbitam anãs vermelhas pode não ser necessariamente uma coisa boa. “Enquanto a água líquida é geralmente pensada como um ingrediente essencial, muito de uma coisa boa pode ser ruim”, disse o coautor do estudo Willy Benz.
Em pesquisas anteriores, mundos dominados por água pareciam ter climas instáveis que funcionavam contra a evolução da vida, destruindo seu potencial de produzir formas complexas.
Adicione isso ao fato de que qualquer exoplaneta na zona habitável em torno de uma anã vermelha estará tão perto de sua estrela que é constantemente banhado por grandes doses de radiação, e talvez a única vida possível nesses mundos aquáticos será básica e terá que existir em grandes profundidades, sob camadas protetoras de crosta gelada.
Entretanto, anãs vermelhas são o tipo mais comum de estrela em nossa galáxia. Se elas têm uma preferência para a formação de pequenos mundos rochosos com uma massa semelhante à da Terra, estatisticamente falando, deve haver milhões de “segundas Terras” por aí. Logo, alguma pode ter a quantidade certa de água para nos oferecer um bom candidato à vida extraterrestre. [Seeker]