Abominável Homem das Neves: análise recente revela a verdadeira natureza do Pé Grande

Por , em 3.12.2017

Se tem um mito persistente, é o do Pé Grande e suas variações, como o Yeti ou Abominável Homem das Neves.

Este gigante peludo e bípede está entre os criptídeos mais queridos do mundo. Existem diversos relatos de testemunhas oculares, mas nenhum fóssil ou cadáver já foi encontrado.

Como seu primo americano Pé Grande, no entanto, pedaços de osso, pelo, dente e pele atribuídos a tal Abominável Homem das Neves existem em coleções privadas.

E a ciência decidiu colocá-los à prova: análises de DNA em nove de tais “evidências” provaram que na verdade não há evidências – todas vieram de animais comuns.

Urso (sobre)natural

As nove amostras, coletadas nas cadeias montanhosas dos Himalaias e no platô tibetano, incluíam cabelo, pele, dente, osso e matéria fecal.

Todas, exceto uma, vieram de ursos, de três espécies diferentes: urso-negro-asiático, urso-pardo-himalaio e urso-azul-tibetano. A amostra restante, um dente do Reinhold Messner Mountain Museum, veio de um cão doméstico.

“Nossos achados sugerem fortemente que os fundamentos biológicos da lenda Yeti podem ser encontrados em ursos locais. Nosso estudo demonstra que a genética deve ser capaz de desvendar outros mistérios semelhantes”, concluiu a bióloga Charlotte Lindqvist, da Universidade de Buffalo (EUA).

Tudo normal

Esse estudo não é o primeiro a realizar análises de DNA em amostras de possíveis criptídeos.

Em 2014, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) e do Museu de Zoologia em Lausanne (Suíça) também colocaram 37 amostras de todo o mundo à prova.

O resultado foi, obviamente, semelhante. Todas correspondiam a alguma espécie conhecida, de ursos-polares a ovelhas a seres humanos.

A antiga pesquisa, no entanto, foi baseada em um teste genético mais simples do que o novo estudo, que envolveu amplificação do DNA (PCR), sequenciamento mitocondrial, montagem do genoma mitocondrial e análise filogênica.

Lenda x realidade

O geneticista Bryan Sykes, líder do estudo de 2014, foi cuidadoso em notar que a falta de evidências não era prova da inexistência de primatas anômalos.

“Ao invés de persistir na opinião de que eles são ‘rejeitados pela ciência’, os defensores da comunidade de criptozoologia têm mais trabalho a fazer para produzir evidências convincentes de primatas anômalos”, escreveu em seu artigo.

Lindqvist foi mais objetiva em suas conclusões. Ela afirmou que as amostras de Yeti fornecem evidências de que este mito pode ter evoluído a partir de encontros com animais reais, e isso pode ter ocorrido várias outras vezes na história.

Por exemplo, o ocapi, descoberto em 1901, pode ter sido primeiro identificado como um “lendário unicórnio africano”, por exemplo, ou os restos de megafauna australiana podem ter dado origem a mitos aborígenes, como o do Dingo (“Giant Devil Dingo”).

Evolução dos ursos

A nova pesquisa tem outras aplicações para além da zona nebulosa das lendas.

O DNA sequenciado das amostras, quando comparado a animais vivos ou modernos, pode fornecer boas visões sobre a evolução dos ursos, sendo que muitas espécies estão hoje vulneráveis ou em perigo de extinção.

A equipe sequenciou o DNA mitocondrial de 23 ursos asiáticos (incluindo as amostras de Yeti) e comparou os resultados com outros animais ao redor do mundo.
Eles descobriram que os ursos tibetanos estão intimamente relacionados aos americanos, mas os himalaios pertencem a uma linhagem evolutiva diferente que se separou dos seus parentes há cerca de 650 mil anos, durante uma grande era do gelo.

“Outras pesquisas genéticas sobre esses animais raros podem ajudar a iluminar a história ambiental da região, além da história evolutiva dos ursos em todo o mundo – e amostras adicionais de ‘Yetis’ podem contribuir para esse trabalho”, afirmou Lindqvist.

A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the Royal Society B. [ScienceAlert]

1 comentário

  • tucanocwb:

    “Análise recente revela a verdadeira natureza do Pé Grande
    Posted: 03 Dec 2017 02:00 AM PST
    Estamos chocados! Chocados!”

    É…

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