A arte estranha e perturbadora de Rick Gibson
Com seu terno e gravata, Rick Gibson parece um homem de negócios conservador – o que não poderia ser mais diferente da realidade.
Embora este artista canadense tenha criado esculturas ao ar livre e impressões lenticulares fascinantes, ele é mais conhecido por sua loucura.
Gibson levantou polêmica pela primeira vez em 1982, quando criou a exposição “Dead Animals”, com esculturas liofilizadas que incluíam um gato tendo um aborto e um útero pintado.
Outras de suas primeiras acrobacias ainda incluíram usar um colete transparente cheio de gafanhotos, dando a transeuntes a chance de matar uma variedade de insetos e uma máquina operada por moedas que sacudia os usuários com um choque elétrico.
Gibson começou a se aproximar do auge da sua experimentação em 1987, quando exibiu “Fetus Ear-rings”, em Londres. Graças a um professor de anatomia, ele teve acesso a dois pré-nascidos preservados, ambos com 12 a 16 semanas de idade, e os transformou em brincos humanos, os quais pendiam das orelhas de um manequim feminino. Na verdade, a peça despertou tanta indignação que a Scotland Yard (polícia do Reino Unido) apreendeu a “joia” logo no primeiro dia de exibição.
Porém, o artista ainda não estava satisfeito e decidiu enojar ainda mais o público. Em 1988, ele protagonizou “A Cannibal of England”, na qual comeu canapés feitos de amígdalas humanas. Claro, isso não é nada em comparação com “Carnivore”, em que o rebelde mastigou um testículo.
Para fechar com chave de ouro, Gibson teve uma última performance verdadeiramente selvagem, que lhe rendeu infâmia internacional. Em 1989, ele declarou que iria esmagar um rato. Então, comprou o roedor em uma loja de animais, deu-lhe o nome Sniffy e disse que iria matá-lo na frente da Biblioteca Pública de Vancouver usando uma engenhoca que jogaria um bloco de cimento de 25 quilos na cabeça do bichinho. Não é preciso mencionar que as pessoas não ficaram nem um pouco felizes com isso. Na verdade, seu invento foi roubado e Gibson foi perseguido na rua por uma multidão enfurecida de amantes dos animais.
Neste ponto, você provavelmente está se perguntando: “Qual é a desse cara?”. De acordo com o próprio artista, ele estava “interessado na discrepância entre moralidade popular e a lei”. Por exemplo, “Sniffy, o Rato” era para chamar a atenção para a contradição entre o tratar os animais de forma humana, ao mesmo tempo em que eram mortos regularmente. A arte de Gibson pretende suscitar o debate e levar as pessoas a falar de questões complicadas. Não sei se ele conseguiu mudar algo, mas com certeza conseguiu suscitar o debate. [Knowledge Nuts, RickGibson.net]