Novo estudo sugere que Hygiea não é um asteroide, mas sim um planeta anão

Por , em 2.11.2019

Uma nova pesquisa liderada pelo astrônomo Pierre Vernazza, do Laboratório de Astrofísica de Marselha, na França, sugere que o status de Hygiea deve ser atualizado de asteroide para planeta anão.

Se isso acontecer, Hygiea irá substituir Ceres como o menor planeta anão em nosso sistema solar.

Critérios atendidos

Hygiea, localizado no cinturão de asteroides do sistema solar entre Marte e Júpiter, foi observado com o instrumento SPHERE da Agência Espacial Europeia, no Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), um observatório astronômico internacional situado no deserto de Atacama, no Chile.

Atualmente, ele é o quarto maior objeto do cinturão, atrás de Ceres, Vesta e Pallas. Apenas Ceres é considerado um planeta anão. E, dos quatro, Hygiea é o menos estudado e mais misterioso.

Para ser um planeta anão, um objeto celeste precisa cumprir quatro critérios estabelecidos pela União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) em 2006: estar em sua própria órbita ao redor do sol; não ser uma lua; aspirar todo o material de sua vizinhança imediata; e possuir “equilíbrio hidrostático”, o que significa ter uma forma principalmente esférica, com gravidade suficiente para “superar” um formato irregular.

Agora, com as novas observações, os pesquisadores sugerem que a Hygiea atende a todos esses requisitos, incluindo equilíbrio hidrostático. “Ao comparar a esfericidade de Hygiea com a de outros objetos do sistema solar, parece que a Hygiea é quase tão esférica quanto Ceres, abrindo a possibilidade de esse objeto ser reclassificado como planeta anão”, disseram os autores do estudo.

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Mais motivos

A equipe ainda observou duas crateras relativamente pequenas na superfície do objeto, uma com cerca de 180 km de largura e outra com 97 km.

Eles esperavam, no entanto, encontrar uma única e enorme cratera associada à origem do objeto. Hygiea é o maior membro de uma família de asteroides com o mesmo nome, uma coleção de quase 7.000 objetos originados do mesmo corpo parental.

“Nenhuma dessas duas crateras poderia ter sido causada pelo impacto que originou a família Hygiea de asteroides, cujo volume é comparável ao de um objeto de 100 km de tamanho. São pequenas demais”, afirmou Miroslav Brož, um dos autores do novo estudo do Instituto Astronômico da Universidade Charles, em Praga (República Tcheca).

Novas estimativas

Os cientistas fizeram uma estimativa mais precisa do diâmetro da Hygiea, definindo sua largura em 430 quilômetros. Em comparação, outros planetas anões como Plutão tem um diâmetro de 2.400 quilômetros, e Ceres 950 quilômetros.

Outra estimativa revisada foi a do seu período de rotação: um dia em Hygiea dura cerca de 13,8 horas, aproximadamente metade da sugestão anterior.

Agora, resta a IAU decidir se Hygiea deve receber o status de planeta anão ou não.

Por fim, o objeto deve tornar-se mais atraente para estudos adicionais, possivelmente uma missão robótica.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Nature Astronomy. [Gizmodo]

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