Supernova em formação é observada pela primeira vez
Astrônomos observaram duas estrelas superdensas no centro da nebulosa planetária Henize 2-428, e chegaram à conclusão de que seu futuro é muito brilhante: elas vão se tornar, em 700 milhões de anos, uma supernova do tipo Ia.
Em mais de um século estudando supernovas, esta é a primeira vez que astrônomos têm a chance de ver uma deste tipo se formando.
O processo
O que acontecerá é que as estrelas vão colidir uma com a outra, e em seguida explodir em uma supernova.
A supernova tipo Ia representa o “game-over” – ou seja, a fase final – de estrelas de tamanho normal, que passam a maior parte de seus dias fundindo hidrogênio em hélio.
À medida que envelhecem, começam a transformar o hélio em carbono e oxigênio. Mas como não têm energia suficiente para criar algo novo com esses elementos, eles se acumulam e tornam seu núcleo quente e denso.
Assim, as estrelas perdem suas camadas exteriores de hidrogênio e hélio. Os gases exalados formam belas nebulosas planetárias. Já as próprias estrelas – agora chamadas de anãs brancas – resfriam-se e ficam menos brilhantes.
Às vezes, porém, elas recebem uma sacudida – alguma massa extra que inflama uma reação, que por sua vez termina em uma supernova.
Os astrônomos passaram anos tentando descobrir de onde essa massa vem. Recentemente, eles começaram a suspeitar que duas anãs brancas podem fazer esse trabalho juntas, ou seja, têm força suficiente para se tornar uma supernova se colidirem uma com a outra.
Dada essa descoberta, os pesquisadores sabem que as duas anãs observadas vão produzir uma supernova em 700 milhões de anos.
Mas vai demorar
Nesse momento, as estrelas orbitam em torno de si a cada 4,2 horas. Como são maciças, densas, rápidas e estão tão próximas uma da outra, perturbam o espaço-tempo ao seu redor, produzindo ondas gravitacionais. Essas ondas possuem um pouco de energia, fazendo com que as estrelas cheguem cada vez mais perto uma da outra.
Quando colidirem, as estrelas formarão uma única massa total tão grande (1,8 vezes maior que o sol) que vai entrar em colapso e explodir. Bam! Supernova.
Essa explosão tipo Ia tem um brilho previsível. Assim, os cientistas podem utilizá-la para fazer, por exemplo, medições precisas de distâncias no universo, como quão longe outras galáxias estão, e quão rápido estão se afastando de nós.
Quanto mais aprendemos sobre as supernovas como a Henize 2-428, melhores essas medições se tornarão. [DiscoverMagazine]