Quais as vantagens das atividades de alto risco?
Durante muito tempo, se alguém perguntasse a um psicólogo qual era a explicação para o comportamento de pessoas que procuravam esportes de risco, a resposta era que eram “caçadores de emoção” (“thrill seekers”). Mas uma pesquisa recente mostra que apenas a busca de emoção não explica atividades arriscadas tão diversas como bungee jump, abuso de drogas e direção perigosa.
Segundo uma pesquisa na Escola de Ciências dos Esportes, Saúde e Exercícios da Universidade de Bangor (Reino Unido), que utilizou exemplos como paraquedismo e montanhismo, motivos diferentes levam as pessoas a escolher diferentes atividades perigosas.
Por exemplo, quem se dedica a montanhismo ou expedições polares não é motivado pela mesma “fome” de emoções que um paraquedista, por exemplo. Até por que, estas atividades envolvem planejamento meticuloso, trabalho duro, não raro árduo, monótono e tedioso, o tipo de coisa que não se associa com alguém que procura “gratificação instantânea”.
O que moveria os aventureiros na direção de tão difícil atividade é, além da própria sensação proporcionada por ela, também a experiência e a transferência desta experiência para o dia-a-dia. As dificuldades da atividade são conquistadas através do estudo das mesmas, o que exige um controle emocional frente a um ambiente estressante e perigoso, um processo que é considerado construtivo pelos psicólogos.
Curiosamente, as pessoas que se engajam nestas atividades geralmente sentem menos controle de sua vida emocional normal do que se sentem em controle do ambiente de emoção de alto risco. No ambiente de alto risco, o participante escolhe ativamente se expor a emoções negativas.
O resultado das aventuras é retornado a sua vida diária. Montanhistas, por exemplo, acabam elevando as expectativas em sua vida normal, aspirando por lugares mais “altos”, tanto fisicamente quanto metaforicamente. Conquistar uma montanha de alguma forma os ajuda a conquistar a própria vida. Não é sobre ser perfeccionista, mas sim ter boas expectativas na vida, que acabam empurrando estas pessoas na direção de grandes realizações.
Essas descobertas podem apontar novas direções na investigação do por quê pessoas com necessidades emocionais semelhantes podem procurar comportamentos de alto risco antissociais, como cometer crimes, dirigir perigosamente e usar drogas. A saída que a pesquisa sugere é direcionar estas necessidades para atividades mais construtivas, embora arriscadas.
Segundo o professor Tim Woodman, chefe da equipe de estudo, “nosso modelo pode ser aplicado em qualquer situação que envolva a busca de sensações, regulação emocional e ação. Ainda precisamos descobrir se os benefícios de correr riscos em esportes podem ajudar indivíduos a participar de atividades mais construtivas. Jovens se descobrem ao correr riscos e muitos acabam seguindo uma espiral descendente desta forma. A pesquisa mostra um lado positivo dos que gostam de correr riscos, e esta transferência negativa para positiva é a que deve ser pesquisada a seguir”. [MedicalXpress]
1 comentário
Isso é fato, eu tenho problemas com transtorno de ansiedade e sinto uma vontade extrema de fazer trilhas ou coisas do tipo