Atrase o envelhecimento do seu cérebro perdendo peso: estudo

Por , em 11.11.2023

Adotar uma dieta rica em vegetais frescos e baixa em alimentos processados pode trazer benefícios significativos para a idade biológica do cérebro, conforme indicam pesquisas científicas.

Um estudo recente, divulgado em abril, revelou que o consumo de uma dieta inspirada nos hábitos mediterrâneos, que inclui um alto consumo de vegetais, frutos do mar e grãos integrais, ou simplesmente seguir as diretrizes nutricionais, pode retardar efetivamente o envelhecimento cerebral, frequentemente acelerado pela obesidade, com uma redução mínima de peso corporal de 1%.

Após 18 meses, as imagens cerebrais demonstraram que a idade cerebral dos participantes parecia quase nove meses mais jovem do que a idade real, baseada em avaliações de idade cronológica.

Os participantes deste estudo clínico experimentaram uma sensação de juventude além de sua idade real, ou, inversamente, uma sensação de envelhecimento acelerado, ilustrando o contraste entre a idade biológica e cronológica.

Esta pesquisa enfatiza que a idade biológica não é apenas uma percepção, mas pode ser observada fisicamente em vários marcadores biológicos, como no DNA, nas extremidades dos cromossomos ou, conforme indicado por este estudo, nas conexões neuronais enfraquecidas do cérebro.

Pesquisas emergentes sugerem que o impacto do envelhecimento biológico devido ao estresse pode ser reversível, e este estudo destaca a melhoria da dieta como uma abordagem direta para melhorar a saúde geral, independentemente da idade.

Nesta investigação, os pesquisadores realizaram imagens cerebrais em 102 participantes envolvidos em um estudo clínico mais amplo em um local de trabalho israelense. Os exames cerebrais foram realizados no início e após 18 meses, acompanhados por uma série de testes, incluindo função hepática, níveis de colesterol e peso corporal.

Os participantes seguiram uma de três dietas: uma dieta mediterrânea rica em nozes, peixe e frango, com mínimo consumo de carne vermelha; uma dieta mediterrânea semelhante com adições, como chá verde, por conta dos polifenóis; ou uma dieta baseada em diretrizes saudáveis de alimentação.

A estimativa da idade cerebral utilizou um algoritmo treinado com imagens cerebrais de quase 300 indivíduos, com o modelo prevendo com precisão a idade a partir de medidas de conectividade cerebral.

Em média, os participantes do estudo perderam cerca de 2,3 quilogramas. O estudo constatou que, para cada 1% de perda de peso corporal através da aderência à dieta ou diretrizes de saúde, a idade cerebral dos participantes parecia quase nove meses mais jovem do que a idade cronológica.

No entanto, ainda não está claro se as mudanças na conectividade cerebral melhoram diretamente a função cerebral. Embora a complexa rede cerebral ainda esteja sendo explorada, revisões recentes sugerem que a dieta mediterrânea pode melhorar a memória em idosos.

Indicações de envelhecimento cerebral reduzido correlacionaram-se com níveis mais baixos de gordura hepática e perfis de colesterol melhorados, embora esses efeitos possam ser superficiais ou temporários.

Gidon Levakov, neurocientista da Universidade Ben-Gurion do Negev em Israel e autor principal do estudo, ressaltou o papel de um estilo de vida saudável, incluindo a redução do consumo de alimentos processados, doces e bebidas, na manutenção da saúde cerebral.

Embora essas descobertas venham de um estudo clínico com dietas designadas, algumas limitações são notadas. A maioria dos participantes era do sexo masculino, e seus dados de dieta e estilo de vida foram auto relatados online, possivelmente afetando a precisão dos dados.

Além disso, fatores como níveis de atividade no local de trabalho e associações gratuitas a academias também foram considerados, indicando que o exercício desempenhou um papel.

Adicionalmente, pesquisas anteriores investigaram como as gorduras saudáveis da dieta mediterrânea funcionam em um nível celular, mas também revelaram disparidades nos benefícios de saúde entre diferentes grupos socioeconômicos. Aqueles com empregos bem remunerados e educação superior, que podiam pagar por mais peixes e grãos integrais, experimentaram melhorias mais significativas na saúde cardiovascular do que indivíduos de baixa renda, mesmo com aderência semelhante à dieta.

Estudos também sugerem que, além da alimentação, o estilo de vida geral desempenha um papel crucial na saúde do cérebro. Atividades físicas regulares, gerenciamento de estresse e boa qualidade do sono são elementos essenciais para manter a saúde cerebral. Esses fatores, combinados com uma dieta equilibrada, podem ajudar a retardar o processo de envelhecimento e promover o bem-estar geral.

É importante ressaltar que as descobertas do estudo não devem ser vistas como uma solução milagrosa, mas sim como parte de uma abordagem mais ampla para um estilo de vida saudável. A adesão a uma dieta rica em nutrientes e a prática de hábitos de vida saudáveis podem contribuir significativamente para a saúde do cérebro e do corpo como um todo.

Em suma, a pesquisa enfatiza a importância de uma alimentação balanceada e um estilo de vida ativo na promoção da saúde cerebral e na prevenção do envelhecimento precoce. Os resultados do estudo oferecem insights valiosos sobre como a dieta e o estilo de vida podem influenciar a idade biológica do cérebro, destacando a conexão entre nutrição, atividade física e saúde cognitiva. [Science Alert]

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