Assim até eu gostaria de ter aprendido matemática
Existe um senso comum de que matemática é uma matéria chata, que as crianças não gostam, que é muito difícil. Mas já está na hora de revermos esse conceito. Afinal, aprender matemática, e o raciocínio matemático em si, é fundamental para vários momentos da vida adulta.
Ao contrário do que as pessoas pensam, as crianças gostam sim de aprendê-la. De acordo com pesquisadores, a grande questão é o método de ensino.
Qual é o melhor jeito de dar aula de matemática
Uma pesquisa feita recentemente pela organização sem fins lucrativos The Conversation em níveis primário e secundário levantou qual é a melhor maneira de abordar a matemática no ensino básico. A resposta é mais legal do que você imagina. Os famosos “macetes” não são os queridinhos das crianças. Elas gostam mais do conteúdo quando os professores traçam um raciocínio e deixam que elas descubram as respostas sozinhas.
Isso significa que os alunos aprendem matemática melhor quando os professores dão explicações claras de conceitos e eles recebem a oportunidade de praticar o que foi mostrado.
Na prática
Por exemplo, o seguinte problema: o ponteiro de minuto de um relógio está no 2, e faz um ângulo agudo com o ponteiro de hora. Que horas ele pode estar marcando?
Há três maneiras que esta questão é diferente de perguntas convencionais. Primeiro, ela se concentra em dois aspectos da matemática juntos: tempo e ângulos. Contrastando dois conceitos, ela ajuda os alunos a verem conexões e relacionarem a matemática como uma porção de fatos isolados.
Em segundo lugar, a questão tem mais de uma resposta correta. Ter mais de uma resposta correta significa que os alunos têm a oportunidade de tomar decisões sobre a sua própria resposta e, em seguida, tem um ponto de vista para colaborar em debates com outros estudantes.
Em terceiro lugar, os alunos podem responder a mesma questão com diferentes níveis de sofisticação: alguns alunos podem encontrar apenas uma resposta, enquanto outros podem encontrar todas as possibilidades e formular generalizações.
Estimulando o raciocínio
Um professor nota 10, então, deve propor um desafio e estimular o raciocínio.
As soluções e caminhos não devem ser imediatamente óbvios para os estudantes primários médios, mas a tarefa deve se basear em ideias com as quais eles estão familiarizados. Uma outra vantagem muito clara de tais tarefas desafiadoras é que elas ressaltam a importância de persistir e desdobrar ideias. O que, consequentemente, acaba desenvolvendo a criatividade também.
Depois que os alunos trabalham em uma mesma tarefa por um tempo, o ideal é que o professor gere uma discussão em que os alunos compartilhem suas ideias e soluções.
Esta é uma oportunidade para que os alunos vejam o que outros estudantes pensaram e, especialmente, para perceberem que, em muitos casos, existem várias formas de resolver problemas de matemática.
Outra sugestão
Outra maneira de tornar o ensino de matemática mais interessante é usar alguma tecnologia para projetar o trabalho dos alunos. Isso economiza tempo de transcrever as respostas a giz em uma lousa, por exemplo, e ilustra muito bem os benefícios de escrever de forma clara.
Evoluindo a tarefa
Depois de explorar todas as possibilidades de uma questão como essa, uma boa ideia é evoluir a tarefa alterando as variáveis trabalhadas anteriormente.
Por exemplo: o ponteiro de minuto de um relógio está no 8, formando um ângulo obtuso com o ponteiro de hora. Que horas ele pode estar marcando? A intenção é fazer com que os alunos aprendam a partir do raciocínio ativado anteriormente, aplicando esse aprendizado em uma segunda tarefa.
A pesquisa tem como objetivo identificar as tarefas que não só são adequadamente desafiadoras, mas que também podem ser adaptadas para atender às necessidades de determinados alunos. Por exemplo, pode haver alguns para os quais a primeira tarefa é muito difícil. Esses alunos podem ser convidados a trabalhar em uma pergunta como: “Em quais horas os ponteiros de um relógio formam um ângulo agudo?”.
A intenção é fazer com que os alunos tenham mais chances de se envolver com a tarefa original. Claro, há também estudantes que podem encontrar respostas rapidamente e estão, então, prontos para novos desafios.
Sim, os alunos aceitam o desafio
Antes que você comece a questionar que os alunos não gostam dessas tarefas e preferem soluções prontas, os pesquisadores responsáveis por essas conclusões afirmam que, apesar de tal preconceito por parte dos professores, os alunos não têm medo de desafios de matemática.
O projeto descobriu que, ao invés de preferir que os professores ensinem sobre métodos de solução, muitos estudantes preferem trabalhar as soluções sozinhos ou com outros estudantes para chegarem a resposta.
O projeto também confirmou que os alunos aprendem mais matemática com desafios e estão dispostos a desenvolver maneiras de articular seu raciocínio. O caminho, portanto, é como prega o famoso ditado popular: não dê o peixe, mas sim ensine a pescar.[phys]