Babuíno sobrevive quase 3 anos com coração de porco; humanos podem ser os próximos

Por , em 5.04.2016

Com a ajuda da genética e de medicamentos imunossupressores, cientistas dos Institutos Nacionais da Saúde, de Maryland (EUA), conseguiram manter um coração de porco funcionando em um babuíno por 945 dias. Este é um novo recorde para o transplante entre espécies, e anima pesquisadores que trabalham nesse tipo de transplante para humanos.

Até agora, um babuíno que recebia um coração de um porco vivia entre 180 a 500 dias. Babuínos são tipicamente usados em estudos como este porque têm anatomia parecida com a humana; se um tratamento funciona nele, tem grandes chances de funcionar no ser humano.

O transplante

O xenotransplante, ou substituição de órgãos ou tecidos de um ser humano pelo de um animal, traz grandes desafios, já que o sistema imunológico do receptor ataca o órgão rapidamente, causando rejeição.

Para contornar esse problema, a equipe utilizou um órgão originado de uma linhagem de porcos desenvolvida especialmente para ser doadora. Modificações genéticas foram feitas nestes porcos, permitindo que primatas sejam mais tolerantes a eles. Além disso, os pesquisadores inibiram o sistema imunológico do receptor com medicamentos.

Nesta pesquisa, o coração do babuíno não foi substituído pelo do porco. O órgão foi apenas implantado nele, conectado ao sistema circulatório. O pesquisador principal foi Muhammad Mohiuddin.

Cinco babuínos receberam os órgãos, que funcionaram satisfatoriamente enquanto os imunossupressores eram administrados. O resultado animador de conseguir manter o órgão por mais de dois anos, porém, só foi atingido por um dos primatas. A média entre os cinco foi de 298 dias.

A equipe agora pensa em estender a pesquisa para a substituição dos órgãos, ao invés de apenas o implante.

Outras soluções

Cerca de 70 mil pessoas estão na lista de espera para transplantes no Brasil, segundo dados do Ministérios da Saúde, e 2.333 pessoas morreram no país à espera de um órgão em 2015, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.

Apesar de o resultado da pesquisa ser promissor, esse tipo de transplante não é necessariamente a solução para diminuir as filas de espera no Brasil e em todo o mundo. Mesmo que a técnica seja usada em humanos, esses pacientes dependeriam de imunossupressores para o resto da vida.

Outros métodos têm trazido resultados mais animadores, como a criação de novos órgãos a partir da célula tronco do próprio paciente e a melhora do armazenamento de órgãos doados por outros seres humanos, o que permitiria aumentar o número de doações. [Gizmodo, Nature Communications]

2 comentários

  • EvandroJGC:

    Ele morreu porque o organismo dele rejeitou o órgão (depois de tanto tempo) ou foi outra a causa?

  • Giovani Chiovatto:

    É impressionante a forma como a ciência avança, infelizmente, o ser humano é muito mesquinho e ganancioso para tirar 100% de proveito disto.

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