4 coisas para ter muito mais força de vontade

Por , em 9.01.2015

Força de vontade, ou autocontrole, é definida como o esforço de controle de uma pessoa sobre si mesma, e ocorre quando alguém tenta mudar sua maneira de pensar, sentir ou se comportar, visando seu melhor interesse.

Todo mundo sabe o quanto a força de vontade pode ajudar na realização de metas. No entanto, como tudo que é bom nesse mundo, não é nada fácil de se ter. Mas aqui vem a boa notícia: há maneiras de aumentarmos nosso autocontrole, a fim de alcançarmos os objetivos que desejamos.

Os fatores que precisam ser levados em conta

Antes de falarmos sobre as várias formas de aumentar a nossa força de vontade, é importante saber como e por que é tão difícil de mantê-la.

O consenso geral é de que o cérebro só pode lidar com uma quantidade limitada de autorregulação antes de seu foco começar a escorregar.

Como o trabalho do psicólogo Roy Baumeister da Universidade Estadual da Flórida (EUA) mostrou, a força de vontade é basicamente um recurso limitado. Como combustível, é gasta quando controlamos nossos pensamentos, impulsos ou sentimentos, ou quando mudamos o nosso comportamento na busca de objetivos.

Quando realizamos com sucesso uma tarefa que requer determinado foco, nos tornamos menos persistentes em uma segunda tarefa não relacionada. Em um experimento interessante, participantes famintos foram convidados para comer rabanetes, enquanto outros receberam biscoitos de chocolate. Depois, aqueles que foram convidados a comer rabanetes – ou seja, aqueles que tiveram que exercer força de vontade – desistiram muito mais rápido de resolver um quebra-cabeça complicado do que os outros.

Parte do problema é que a força de vontade requer um fluxo incessante e aparentemente interminável de tomada de decisão. Isso resulta em “fadiga de decisão”, um fenômeno que trabalha para diminuir o autocontrole. A pesquisa científica sugere que as pessoas não se dão bem quando são apresentadas com muitas opções; é simplesmente muito desgastante.

Por outro lado, um estudo recente descobriu que uma forte crença no livre-arbítrio pode tornar a tomada de decisões mais agradável, aumentando a nossa satisfação com nossas escolhas depois que as fazemos.

Além disso, assistir a reprises de programa que gostamos pode realmente ajudar a restaurar nossa força de vontade. Um estudo mostrou que programas familiares a nós servem como uma forma de “substituto social”. Interações sociais positivas podem aumentar a força de vontade das pessoas, e como reprises são previsíveis (já sabemos que gostaremos do programa; não é uma interação cheia de estresse e ansiedade), elas realmente podem proporcionar efeitos benéficos não apenas para o autocontrole, mas para a concentração e o humor também.

Segundo a psicóloga Kelly McGonigal, da Universidade Stanford (EUA), a força de vontade acalma o corpo para se concentrar na tomada de decisão intencional, e envia energia extra para o córtex pré-frontal. Ela recomenda foco em alguma coisa para conseguir um fluxo mental e se distanciar do pensamento negativo. Da mesma forma, divagação mental é prejudicial (algo que pode ser análogo a ter muitas opções, o que por sua vez causa fadiga de decisão).

A força de vontade, assim, pode ser pensada como um músculo, e meditação e exercício físico podem exercitá-la.

Comer x força de vontade

Em 2011, um estudo israelense analisou 1.112 sentenças judiciais em um período de 10 meses feitas por oito juízes. Eles queriam observar a probabilidade dos juízes de conceder liberdade condicional a prisioneiros. Resultado: eles eram muito mais propensos a conceder liberdade condicional no início do dia, logo depois de comer uma refeição, do que no final do dia, algumas horas após a última refeição.

Este trabalho se encaixa muito bem com outros estudos que mostram que a fadiga de decisão pode ser atribuída a uma depleção de glicose no cérebro – uma descoberta que também combina muito bem com as dificuldades de quem faz dieta.

Alguns pesquisadores creem que o autocontrole, que acontece no cérebro, depende de glicose como fonte de energia. Na verdade, como Robert Sapolsky aponta em um artigo do Wall Street Journal, o cérebro requer muita energia. Em repouso, absorve cerca de 25% do nosso “banco” de glicose, apesar de constituir apenas 3% do nosso peso corporal. Quando a “carga cognitiva” é aumentada em nosso córtex pré-frontal, exibimos menos autocontrole sobre tarefas subsequentes; nossos níveis de glicose despencam. Ao mesmo tempo, nosso autocontrole melhora se saboreamos bebidas açucaradas durante a tarefa.

Essa é uma notícia aparentemente ruim para quem faz dieta. A fim de não comer, uma pessoa precisa de força de vontade. Mas, para ter força de vontade, precisa comer. Difícil, não?

Constante durante toda a vida

E há ainda o fator “não posso fazer nada para mudá-lo”.

A base neurológica da força de vontade foi estudada a longo prazo por BJ Casey da Universidade de Cornell. Sua obra é uma continuação de um experimento de Stanford da década de 1960, quando psicólogos submeteram crianças de 4 anos de idade a um teste de autocontrole. Elas foram colocadas em uma pequena sala com um marshmallow e informadas de que poderiam comer o doce imediatamente, ou poderiam esperar o pesquisador voltar dali 15 minutos e comer dois doces. A maioria das crianças esperou, mas alguns não conseguiram.

Estudos de acompanhamento mostraram que os que esperaram (ou seja, que exerceram mais autocontrole) eram menos propensos a ter problemas de comportamento, de dependência de drogas e de peso mais tarde na vida. Além disso, se saíram melhor no vestibular.
O cérebro dos que esperaram mostrou mais atividade em uma região do córtex pré-frontal associada ao controle dos impulsos e comportamento. Enquanto isso, os que não esperaram tiveram maior ativação de uma região mais profunda do cérebro associada ao prazer, desejo e vício. Pode-se dizer que as pessoas com mais autocontrole têm melhores “freios mentais”.

Isso foi reforçado por um trabalho recente de Casey com o mesmo grupo de indivíduos 40 anos depois, que concluiu que a nossa força de vontade é consistente ao longo de nossas vidas inteiras.

Mas isso não significa que, se você for uma pessoa que simplesmente não tem bons freios mentais, você está fadado ao fracasso. Pessoas assim têm características que são consideradas importantes para a sociedade. Adiar a gratificação pode ser a escolha errada em certas situações. As pessoas que seguem seus impulsos emocionais podem se tornar grandes exploradores ou empresários, por exemplo.

Então, para aumentar sua força de vontade…

Em resumo, aqui estão algumas coisas que você pode fazer:

  • Estar ciente de que você usa sua força de vontade em uma base contínua e que ela se desgasta – isso pode ajudar quando você for confrontado com um fluxo constante de tomada de decisão;
  • Como a tomada de decisão é fatigante, a sua capacidade de tomar boas decisões será comprometida por excesso de escolhas e níveis de energia baixos. Assim, tente limitar seu número de opções, sempre que possível, reduzir o número de decisões “críticas” que você toma em uma base diária, e impulsionar o seu cérebro com uma bebida açucarada (você nem sequer precisa engolir a bebida – apenas sentir seu gosto);
  • Concentre-se em uma tarefa ou problema singular para alcançar foco e evite o pensamento negativo;
  • Evite divagação mental;
  • Desvie seus pensamentos de potenciais tentações;
  • Aceite que você tem mais vontade do que pensa;
  • Ao se deparar com uma tarefa que requer muito autocontrole, você terá mais força de vontade se optar por assistir programas ou filmes ou reler livros familiares;
  • Medite e faça exercício físico. [io9]

3 comentários

  • Hilana Sousa:

    Agora eu entendi o porquê de ser tão difícil ter força de vontade, na verdade tudo tende ao descontrole.

  • Henrique Oliveira:

    Essa matéria na verdade é uma propagando subliminar do guaraná Jesus!

    Não existe nenhuma bebida mais açucarada que essa.

  • Claudiomar Santos:

    Objetivo e de aplicação direta !!!

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