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Como sabemos que houve o Big Bang?

A Teoria do Big Bang é o modelo científico que explica como o universo chegou a ser como é agora, como ele já foi, e como será no futuro. Mas como é que a ciência pode ter certeza de que o Big Bang aconteceu e vem acontecendo? Que é real? Afinal de contas, ninguém estava lá para ver o Big Bang ocorrer, e ninguém está recriando Big Bangs em laboratório para estudar como ele acontece.

Mas não precisamos testemunhar um evento para saber que ele aconteceu; basta examinar os vestígios dele.

Um caçador, por exemplo, examina o solo em busca de pegadas. Examinando-as, ele descobre de qual animal é, suas características e quanto tempo faz que passou por ali – sem precisar vê-lo. Semelhante coisa fazem os astrofísicos. Eles examinam o céu e encontram as marcas dos eventos passados, marcas que aprendemos a ver e a interpretar no último século, e que nos ajudam a contar a fascinante história do nosso universo.

Escuridão do céu, à noite – Paradoxo de Olbers

Esta não é tanto uma prova do Big Bang, quanto uma prova que o universo não pode ser infinito e eterno.

Se o universo fosse infinito, homogêneo e eterno, então para onde quer que você olhasse, a linha da visão iria encontrar uma estrela. Alguns astrônomos fizeram as contas e chegaram à conclusão de que, se fosse assim, o céu noturno deveria ser tão brilhante quanto a superfície de uma estrela. Só que ele é escuro.

O Paradoxo de Olbers é o resultado de se assumir premissas falsas: ou o universo não é infinito, ou ele não é eterno, ou ele não é nem eterno, nem infinito.

O universo está em expansão

A primeira evidência de que o Big Bang é a explicação mais correta para o universo é a sua expansão. Na década de 1920, os astrônomos começaram a perceber que as nebulosas espirais eram na verdade outras galáxias, e estavam se afastando.

A conclusão mais lógica é que, se agora as galáxias estão distantes e se afastando, se voltarmos no tempo elas ficarão mais próximas, e quanto mais voltarmos no tempo, mais próximas elas estarão.

Esta é uma evidência forte do evento. Só que existem alguns cenários (ou hipóteses, se preferir) que podem explicar um universo em expansão, sem incluir um Big Bang. Precisamos de mais evidências.

A radiação cósmica de fundo

Se considerarmos que a explicação para a lei de Hubble seja a expansão do universo, qual a consequência imediata disto? Em algum momento do passado, o universo estava extremamente denso e quente. E para onde este calor foi, se é que existiu?

Em todo o lugar. Depois de bilhões de anos de expansão, a radiação de calor original, que era na faixa do ultravioleta, está deslocada para o vermelho até a faixa do micro-ondas. Esta foi uma descoberta espetacular, por que foi primeiro prevista pela teoria, e depois foi confirmada na prática.

Com a radiação cósmica de fundo, podemos excluir todas as teorias que não preveem um universo a 3.000K em algum momento no passado.

Proporção entre elementos simples

Se estamos prontos a assumir que o universo atingiu a temperatura de 10.000.000.000 K (dez bilhões de graus), então ele deve ter passado por uma fase geral de reações nucleares. O combustível era uma mistura de prótons e nêutrons em equilíbrio a esta temperatura. As cinzas eram principalmente deutério, os dois isótopos de hélio, e o isótopo pesado do lítio.

Os cálculos mostram que, a partir de pressupostos razoáveis sobre a densidade atual de núcleons (prótons e nêutrons) e o número de famílias de partículas elementares, podemos chegar a uma proporção em que os elementos devem aparecer nas medições. Tal proporção foi comprovada pela observação.

Esta proporção não pode ser explicada por outras teorias, somente a teoria do Big Bang.

A razão entre fótons e nucleons

Existe no universo aproximadamente 1.000 fótons para cada núcleon (próton ou nêutron), e nenhuma antimatéria. A razão disto está na física de alta energia, em como a matéria se comporta em estados de alta energia (e alta temperatura, portanto).

Antes de avançar nesta evidência, é preciso entender uma coisa: em todas as reações observadas em laboratório, um número idêntico de partículas de energia, matéria e antimatéria é criado ou destruído. Para cada fóton, há uma partícula de matéria, e outra de antimatéria. Não deveria haver esta assimetria de 1000:1:0 entre fótons, matéria e antimatéria.

A explicação é que quando a matéria está a temperaturas na ordem dos 10^27 K (10 seguido de 27 zeros), os fenômenos que acontecem geram a assimetria observada. Em outras palavras, a assimetria é prova que o universo já teve uma temperatura de 10^27 K.

Algumas objeções comuns

É importante sempre questionar a ciência e as suas conclusões, mas o questionamento tem que ser feito de forma racional e lógica. Claro que nem sempre isso acontece. Confira alguns questionamentos irracionais sobre a teoria do Big Bang:

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