Crianças parecidas com os pais recebem mais apoio
De acordo com um estudo realizado com 30 famílias senegalesas, crianças que têm aparência e cheiro parecido com o dos pais recebem mais apoio deles, se comparadas com outras crianças, que se parecem menos com os pais. Outro estudo, realizado no Aeroporto de Heathrow, em Londres, mostrou que pais investem mais tempo e dinheiro quando seus filhos se parecem e agem como eles.
O comportamento pode parecer estranho, mas é facilmente explicado: sem um teste de DNA, um pai nunca pode ter certeza absoluta que o filho é realmente seu. Por isso, é evolucionariamente razoável que um progenitor gaste mais recursos com um filho que pareça mais ser legítimo.
Alexandra Alvergne, antropóloga do Instituto de Ciências Evolutivas de Montpellier, França, afirma que o comportamento é uma vantagem evolucionária, pois é frequente a existência de crianças ilegítimas. Um estudo de 2006 mostra que as taxas de filhos ilegímitimos variam de 0,8% a 30% em diferentes populações. Para o presente estudo, os pesquisadores não sabiam a verdadeira paternidade das crianças, pois isso não era relevante – e sim o comportamento dos pais com seus filhos.
Investimento paterno
Para determinar quais crianças cheiravam e pareciam mais como seus pais, a equipe de Alvergne selecionou 100 pessoas de uma aldeia distante, que não tinham contato com as crianças. Elas então combinaram uma imagem da criança com a imagem de um de três possíveis pais. Elas também cheiraram uma camiseta que havia sido usada pela criança durante uma noite, comparando com o cheiro de camisetas usadas pelos potenciais pais.
Em metade das vezes, a criança foi identificada corretamente como sendo filha do seu pai verdadeiro, e homens acertaram a combinação mais vezes com base no cheiro das camisetas, segundo a pesquisa. Depois, a equipe comparou os resultados com uma medida objetiva de investimento paterno, baseada no tempo que cada pai passava com os filhos, um questionário e uma observação de apoio financeiro e emocional. Os filhos que pareciam mais com seus pais receberam mais investimentos paterno, e também eram mais saudáveis.
Kermyt Anderson, antropólogo da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, confirma que o comportamento faz sentido, pois os pais humanos fazem muito mais investimento que outras espécies de mamíferos, por exemplo: “Em 90% dos mamíferos, o investimento paterno termina na ejaculação”. Frank Marlowe, antropólogo da Universidade Estadual da Flórida (EUA), acredita que pais de culturas ocidentais agem de maneira semelhante: “Não temos motivos para crer que encontraremos resultados diferentes aqui”, diz. [New Scientist]
1 comentário
Acho natural, afinal eu daria muito mais apoio se um filho meu viesse a jogar basquete do que se preferisse dançar balé…