Crianças religiosas são mais propensas a pensar que personagens mágicos são reais
De acordo com um novo estudo da Universidade de Boston (EUA), crianças de 5 e 6 anos de idade que foram apresentadas a contextos religiosos distinguem fato de ficção de forma diferente do que crianças que não tiveram educação religiosa.
Durante a pesquisa, sem surpresa, quando as crianças ouviram histórias que mostravam “eventos impossíveis provocados por intervenção divina”, as que iam à igreja ou faziam aulas em escolas paroquiais (ou ambos) julgaram que os protagonistas eram pessoas reais, ao passo que as crianças sem religião julgaram os protagonistas como ficcionais.
Mas não parou por aí.
De acordo com a principal autora do estudo, a psicóloga Kathleen Corriveau, o mesmo mostrou-se verdadeiro em histórias não religiosas.
Crianças não religiosas foram mais propensas a julgar o protagonista de histórias fantásticas que incluíam eventos normalmente impossíveis, fossem eventos mágicos ou sem referência à magia, como ficcionais do que crianças religiosas.
Os resultados sugerem que a exposição a ideias religiosas tem um forte impacto sobre a diferenciação entre realidade e ficção nas crianças, e não apenas em histórias religiosas – o que seria normal -, mas também em histórias fantásticas.
Estudos anteriores já tinham indicado que o envolvimento de Deus em uma história poderia influenciar a crença das crianças na realidade dos personagens dessa história, mas acreditar em personagens fantásticos de uma história sem Deus é algo totalmente diferente.
Os pesquisadores não explicaram exatamente por que isso acontece e se há ou quais são as consequências desse “problema de diferenciação”. [io9]
10 comentários
Alguns comentários parecem indicar que isso é um problema, mas eu não vejo o por que disso. São crianças, afinal, elas devem acreditar em coisas mágicas, convenhamos o mundo real é um saco e há uma enorme lacuna entre acreditar em unicórnios e cair no papo de impostores de perigosos. Sem contar que nenhuma criança tem a capacidade de diferenciar o que é real do que é fictício como um adulto tem.
“O super-homem pode voar, quem sabe se eu me jogar desta janela do 5o andar eu possa voar também.” Isso leva a tragédias reais todo o dia.
Crianças compreendem o que o limite da sua razão pode abarcar. Para todo conhecimento se há uma certa pedagogia, pois nem tudo é auto evidente. A compreensão ontológica de Deus se dá justamente pela maturação dos conceitos que a razão pode abarcar. Conceitos estes que são atualizados constantemente pela experiência pessoal do sujeito no mundo, durante sua existência.
O palpiteiro é como uma criança que julga a partir do que sabe. Suas afirmações são o eco da sua incapacidade de se atualizar.
Isto explica por que os religiosos gastam tanto tempo e dinheiro tentando banir os livros de Harry Potter…
Da mesma forma que é possível supor que crianças norte-americanas são mais propensas que africanas a acreditar em Papai Noel. É meramente cultural. Crianças inseridas à religião absorvem a ideia de que o sobrenatural existe e vinculam isso a muito do que lhes é apresentado, sem contar o fato de que elas não conhecem o aviso “Atenção: Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais é mera coincidência!”
A conclusão do estudo é tão lógica que chega a ser axiomática. O ensino religioso doutrina através de histórias fantasiosas (não vou entrar aqui na questão de se sua moral é válida ou não), portanto é mais fácil para a mente infantil estar propensa a acreditar em outras histórias fantasiosas, sem saber discernir entre o real e o fictício.
Vamos lá galera, vamos deixar a hipocrisia de lado. Esse estudo é surpreendente? Lógico que não, né? O que a religião ensina desde sempre? É evidente que se alguma pessoa diz pra uma criança que aquilo que está escrito na bíblia (por exemplo) é verdade, a mesma vai achar lógico que tudo que é ser fantástico ou inperceptível também é.
A criança desde pequena foi induzida a acreditar que Deus pode tudo, então tudo que é absurdo contanto que Deus esteja no meio, tende a fazer com que a criança acredite, caso contrário, é impossível de ser uma verdade.O que para mim, sendo ateu, é um absurdo, pois no futuro, esta criança PODE OU NÃO mudar drasticamente de opinião em casos de violência, preconceito ou racismo, causados por pessoas que dizem terem cometido tais abominações ” em nome de Deus”, coisa que já acontece…
Essa é uma forte indicação de que forçar religião na mente infantil potencialmente enfraquece sua capacidade de se defender de impostores como tarólogos, astrólogos, padres e pastores.
Sim. Há pessoas desonesta, mas isso não quer dizer que todos esses profissionais sejam desonestos.