Death Metal: estudo descobre que o gênero musical inspira alegria, e não violência

Por , em 17.03.2019


Um novo estudo da Universidade Macquarie (Sydney, Austrália) revelou que músicas do gênero Death Metal não inspiram violência.

Além disso, os fãs desse tipo de som não são “dessensibilizados” em relação a imagens violentas; ou seja, como todo mundo, sensibilizam-se diante de cenas cruéis.

“Os fãs do Death Metal são pessoas legais. Eles não vão machucar ninguém”, disse o professor Bill Thompson, um dos pesquisadores do estudo.

Música e emoção

O experimento fez parte de uma investigação de décadas de duração sobre os efeitos emocionais da música – sempre complexos, de acordo com Thompson.

“Muitas pessoas gostam de música triste, e isso é um pouco paradoxal – por que queremos ouvir algo que vai nos deixar tristes?”, questiona. “O mesmo pode ser dito da música com temas agressivos ou violentos. Para nós, é um paradoxo psicológico – então, como cientistas, ficamos curiosos e, ao mesmo tempo, reconhecemos que a violência na mídia é uma questão socialmente significativa”.

O estudo

Para testar a sensibilidade das pessoas à violência, os pesquisadores realizaram um experimento psicológico clássico que investiga as respostas subconscientes dos participantes – entre eles, fãs de Death Metal.

32 fãs e 48 não fãs ouviram ou “Eaten” – uma música da banda Bloodbath com tema de canibalismo – ou “Happy” do Pharrell Williams enquanto olhavam para duas imagens, uma em cada olho: uma cena violenta, como alguém sendo atacado em uma rua, e outra neutra, como um grupo de pessoas andando naquela mesma rua, por exemplo.

“Chama-se rivalidade binocular”, explicou o principal autor do estudo, Dr. Yanan Sun. A base deste teste psicológico é que, quando a maioria das pessoas se depara com tais imagens ao mesmo tempo, concentra-se mais na imagem violenta. “O cérebro vai tentar absorvê-la – presumivelmente, há uma razão biológica para isso, porque é uma ameaça”, completa Thompson.

O objetivo, então, era medir o quanto os cérebros dos participantes notaram as cenas violentas e comparar como sua sensibilidade foi afetada pelo acompanhamento musical.

Resultados

Se os fãs de música violenta fossem insensíveis a violência, que é o que muitos grupos religiosos, pais e censores temem, então não mostrariam o mesmo viés. E, no entanto, tiveram a mesma reação às imagens que os não fãs.

Isso deve tranquilizar pessoas preocupadas com músicas violentas. Mais amplamente, ainda há apreensão de que a violência na mídia leve a problemas sociais.

Enquanto outras pesquisas encontraram evidências de tal dessensibilização em pessoas que jogam videogames violentos, a música, ao que parece, é diferente.

“A resposta emocional dominante ao Death Metal é alegria e poder”, disse Thompson. “E eu acho que ouvir essa música e transformá-la em uma experiência poderosa e bonita é uma coisa incrível”.

Nick Holmes, vocalista da Bloodbath, concorda. “Eu sinto alegria e empoderamento nesses estilos”, disse à BBC News. Sobre a letra de “Eaten”, ele acrescentou: “Eu não as escrevi pessoalmente, mas ficaria francamente surpreso se alguém escutasse essa música e sentisse o desejo de ser comido por um canibal”.

Os resultados do estudo foram publicados na revista da Royal Society Open Science.  [BBC]

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