Como a música está mudando seu cérebro

Por , em 29.05.2012

Quem nunca aprendeu uma daquelas musiquinhas para ajudar a lembrar de algo importante que atire a primeira pedra! Sejam elas elementos químicos ou fórmulas para o vestibular, preposições obrigatórias de algum idioma ou qualquer outra informação necessária, ou mesmo uma canção pop, quem já não teve alguma música martelando em sua cabeça, mesmo contra sua vontade?

Já se perguntou a que se deve isso? Os cientistas, sim.

Segundo o médico Charles Limb, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, as canções penetram em sistemas fundamentais de nosso cérebro, que são sensíveis à melodia e às batidas, e exercitam nosso cérebro de maneira única.

“Existe evidência suficiente para dizer que a experiência musical muda nosso cérebro”, afirma o cientista estadunidense. “Ela permite que você pense de maneira diferente e treina várias habilidades cognitivas não relacionadas à música”.

Música que não sai da cabeça

Não importa. Sejam canções do AC/DC, do Bee Gees ou peças do Rachmaninoff, é fácil ter fragmentos delas que se repetem incessantemente por algum período determinado, mesmo que a música não seja do seu agrado.

Essa repetição ‘chiclete’ é conhecida por earworm, termo utilizado pela primeira vez em 1980, em tradução literal do alemão Ohrwurm, como afirma o neurologista Oliver Sacks, no livro “Alucinações Musicais”.

A repetição indica que a música entra e subverte parte do cérebro, forçando-o a disparar a música de maneira repetitiva e autônoma.

De acordo com o psicólogo e neurocientista canadense Daniel Levitin, da Universidade McGill, em Quebec, no Canadá, os fragmentos – e não as músicas inteiras – que ficam em nossas cabeças são simples, tanto melodicamente quanto ritmicamente.

Mas, em casos extremos, essas músicas chicletes podem ser ruins para o dia-a-dia de alguns de nós. Algumas pessoas não conseguem trabalhar, dormir ou sequer se concentrar, porque as músicas os impedem. Por isso, precisam tomar ansiolíticos, que relaxam os circuitos neurais presos na repetição.

Vale ressaltar também que esse efeito chiclete é antigo. Cientistas acreditam que a música é, de alguma maneira, uma adaptação evolucionária que ajudou os ancestrais humanos.

E tem o fato de que ela induz sentimentos, também. Certas músicas são associadas com a lembrança de alguém, ou uma emoção, ou até um estado de espírito. Basta lembrar-se de casos de esportistas que escutam músicas animadas ou agitadas minutos antes de suas competições. Quer fazer um teste? Tente levantar cedo e escutar uma música bem animada. Sua disposição será diferente. [CNN, Folha, Foto]

14 comentários

  • Edemilson Lima:

    Vivo com música na cabeça. Quando a música cola, não dou importância e logo ela para. Às vezes a música é uma que eu gosto, então aproveito para ouvir na boa. Quando estou lendo ou estudando, a música muda conforme muda o assunto da leitura. Deixo-a fluir naturalmente, sem me preocupar. Diferentes músicas tocam o dia inteiro. O segredo é não encanar com isso.

  • Joao Batista:

    Compositores como Handel, compuz um conjunto de músicas simplesmente registrando as notas da apresentação que ele assistiu na mente, dentre elas a fantástica “aleluia” – http://www.youtube.com/watch?v=FVrxoLssjE0

  • Isis Atena:

    Sempre toquei vários instrumentos, e tinha o hábito de ouvir música o dia todo e enquanto trabalhava também, até cismar de tentar lembrar todo o percurso de uma música sem precisar ouvi-la. Chegou em um ponto que fico meses sem ouvir música, pelo simples fato de que elas não param de tocar em minha cabeça, e o pior, nunca toca uma só, sempre tem duas ou até 3 ao mesmo tempo tocando. A situação piora se eu compor algo, fica mais de uma semana aquela que fiz tocando junto com outras ao mesmo tempo. É ruim quando você quer ler e a música na cabeça está muito alta. Outro dia tive que estudar algo difícil e botei uma música muito alta que não costumo ouvir pra tentar enxotar as outras, mas foi em vão. Às vezes gostaria de saber o que se passa na atividade cerebral, pois sou sinestésica, a música geralmente vem com cores e imagens…os sons tem cor. Imagine 2 ou 3 músicas tocando, aquele caleidoscópio maluco ou várias imagens sobrepostas passando como vídeos, às vezes paisagens, às vezes cenas, às vezes tudo abstrato. É interessante também o modo como escuto pessoas falando em inglês…quase sempre enxergo uma legenda em baixo e as coisas ficam fáceis de entender, pois estou lendo o que falam. E para entender o que uma tv sem som está falando ou uma pessoa falando baixo é só olhar em seus lábios e disparar um som contínuo dentro da cabeça, pode ser em qualquer nota, qualquer tom que ache que a pessoa vai produzir com sua garganta, então você começa a ouvir a pessoa falar e tudo faz sentido. O cérebro humano é uma máquina bem complexa mesmo.

    • Daniel Coelho:

      Esses dias fiquei 2 horas em uma espécie de “transe” enquanto eu ouvia música estilo ambient, passava cores em minha mente que nunca havia visto, números e formas abstratas apareciam.
      A pouco tempo começou a me ocorrer algo um tanto inusitado, quando eu olho para uma pessoa, parece que minha consciência vai andando até ela e quando chega nela eu posso ver toda a vida da pessoa, entender a forma como a pessoas vê o mundo e a personalidade dela.
      Se a pessoa já esta próxima de mim entendo tudo o que ela pensa. Esses dias eu choquei meu colega de trabalho ao dizer tudo o que ele pensava, não de forma concreta, mas eu sempre entendia o que ele pensava. É como se a pessoas fosse um livro e eu pode-se ler.

    • Daniel Coelho:

      Errei feio, rsrsrsrs, (pode-se – pudesse*).

  • jodeja:

    É, concordo com muitos comentários acima. Já tive experiência de dormir ouvindo música erudita e quando a música termina me acordo.

  • Dinho01:

    Uma tática que eu uso quando uma música chiclete que eu não gosto gruda na minha mente é cantarolar uma música que eu goste.A substituição é imediata.

  • Gilberto Barbosa Gonçalves:

    Meus caros, então me expliquem se puderem:
    Porque acontece ? lembro de uma determinada música, geralmente as que gosto, mesmo não a tendo ouvido há muito tempo, ok, lembrei mas já esqueçi. Daí a algum tempo eu ouço esta mesma música. Ou seja; Se lembrei já sei que vou ouvi-la, é batata.
    Isto sempre ocorre. Estranho mas no fundo é legal.
    Abraço
    Velho Giba

    • Dinho01:

      Parece que você está tendo premonições.

    • Daniel Coelho:

      Isso já me ocorreu, várias vezes dentro de uma semana, mas nunca mais me aconteceu. Já previ minha morte também e evitei ela, foi incrível, mas ainda não creio em premunição, prefiro acreditar no emaranhamento quântico.

  • Haha:

    Eu fico trite se ouço uma música e triste e vice-versa. A música tem forte influência sobre mim..

  • Diego Carvalho da Costa:

    ah eu não preciso de explicações sobre isso pra saber como funciona.
    por exemplo, depois q eu ouvi a musica shy do sonata arctica recentemente passei a ficar repetindo direto uma seleção de músicas e a ficar mais sensível. espero que eu volte ao normal e mantendo esse gosto 🙂

  • Andhros:

    “Algumas pessoas não conseguem trabalhar, dormir ou sequer se concentrar, porque as músicas os impedem.”

    Acho que depende da música. Eu mesmo já trabalhei dias inteiros com um pedaço de música na cabeça, mas foi como naquelas antigas galeras romanas (um tipo de navio), onde um dos escravos batia o tambor para puxar o ritmo dos demais!
    Não que eu esteja empregado exatamente como remador escravo…

    E um amigo de um amigo meu tem esse negócio de cantarolar ou assobiar as músicas na velocidade em que anda ou faz as coisas ou pára de fazer. Será normal isso??

    • Marcelo Carvalho:

      Andhros, acredito que o que o Luan quis dizer faz referência ao livro do Oliver Sacks, nesse livro existe uma referência muito grande a distúrbios psiquiátricos ligados a música, casos em que a pessoa sofre uma convulsão do lobo temporal (responsável pela fala e musica) em que as músicas são incessante e não apenas um pensamento igual temos com a música chiclete, mas a pessoa de fato ouve a música.
      O livro é muito interessa, mostra casos de pessoas que através da música conseguem prever um ataque epilético, ou até mesmo sofrem um ataque por causa de determinado ritmo. Fala também de pessoas que sofreram algum trauma e repentinamente desenvolveram habilidades musicas que nunca imaginaram ter, chegando ao extremo de perderem praticamente toda a vida antiga devido ao “dom” adquirido.

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