Essa é primeira imagem de um sistema planetário com dois planetas

Por , em 23.07.2020
Primeira imagem de um sistema solar com mais de um planeta
O sistema solar com dois planetas recém-descoberto. ESO/VLT/Bohn. et al.

O Very Large Telescope (Telescópio Muito Grante) do European Southern Observatory (VLT do ESO, nas siglas em inglês) visualizou diretamente — pela primeira vez na história — um sistema planetário com mais de um planeta. O sistema consiste de uma estrela similar ao nosso sol e mais dois exoplanetas gigantes gasosos.

Imagens de outros sistemas solares com diversos exoplanetas são raríssimas. Até o momento um sistema com mais de um planeta nunca tinha sido observado diretamente com uma estrela jovem parecida com o nosso sol. As novas descobertas podem levar a uma melhor compreensão de como os planetas foram formados e evoluíram em nosso próprio sistema solar. O artigo científico foi publicado ontem no Astrophysical Journal Letters.

“Essa descoberta (imagem acima) é uma imagem de um ambiente muito semelhante ao nosso sistema solar, mas em um estágio muito inicial de sua evolução.”

Alexander Bohn, Ph.D. da Universidade de Leiden, na Holanda, líder do novo estudo publicado ontem no Astrophysical Journal Letters.

Poucos meses atrás a ESO descobriu o nascimento de um novo sistema planetário numa poderosa imagem feita pelo VLT. O telescópio agora usou mesmo instrumento para fazer a primeira imagem direta de um sistema planetário, chamado TYC 8998-760-1, ao redor de uma estrela similar ao nosso sol, que está a cerca de 300 anos-luz de distância.

nascimento de um novo sistema solar
O disco de acreção ao redor da estrela do AB Aurigae, onde o VLT observou sinais de planetas nascendo. Crédito: ESO/VLT

A singularidade da descoberta

“Embora os astrônomos tenham detectado indiretamente milhares de planetas em nossa galáxia, apenas uma pequena fração desses exoplanetas foi fotografada diretamente. Observações diretas são importantes na pesquisa para ambientes que podem suportar a vida”, afirmou Matthew Kenworthy, co-autor da pesquisa e professor da Universidade de Leiden.

A imagem direta de dois ou mais exoplanetas, em torno da mesma estrela, é ainda mais rara; apenas dois desses sistemas foram diretamente observados até agora, ambos em torno de estrelas marcadamente diferentes do nosso sol. A nova imagem é a primeira visualização direta um sistema planetário parecido com o nosso com mais de um planeta.

“Nossa equipe agora conseguiu tirar a primeira imagem de dois companheiros gigantes gasosos que orbitam um jovem análogo solar”, afirmou Maddalena Reggiani, pesquisadora de pós-doutorado do KU Leuven, na Bélgica, colaboradora do estudo. Ambos planetas podem ser observados na imagem. Para conseguir distinguir os planetas da estrelas ao fundo os pesquisadores tiveram que capturar imagens em momentos distintos e fazer comparações já que os planetas se movem ao redor de sua estrala-mãe enquanto as demais estrelas permanecem estáticas.

Como a imagem foi possível

sistema solar com mais de um planeta com setas indicando os planetas
Os planetas gigantes TYC 8998-760-1b e TYC 8998-760-1c estão indicados por setas. Os demais pontos brilhantes são estrelas de fundo. A imagem foi possível ao bloquear a luz da estrela jovem para não ofuscar a imagens dos planetas que tem um brilho muito mais fraco. O anel brilhante é um artefato ótico. Crédito: ESO/VLT/Bohn. et al.

Os dois planetas são gigantes gasosos que giram ao redor de sua estrela-mãe a cerca de 160 e 320 vezes a distância entre o Sol e a Terra. Ficam muito mais longe do que os nossos gigantes Júpiter e Saturno, que estão a cinco e dez vezes a distância entre o Sol e a Terra. Os cientistas também descobriram que os novos exoplanetas tem muito mais massa ​​que os nossos gigantes gasosos: o que fica mais próximo da estrela tem 14 vezes a massa de Júpiter e o outro seis vezes.

Apenas um bebê

A estrela TYC 8998-760-1 é muito jovem, com apenas 17 milhões de anos e está situada na constelação Musca, do hemisfério celestial sul. É uma versão muito nova do nosso próprio sol, de acordo com os astrônomos.

Planetas mais velhos, como em nosso sistema solar, são muito frios para serem observados usando essa técnica. Planetas novos, no entanto, são muito mais quentes brilhando no espectro da luz infravermelha. [Phys, Astrophysical Journal Letters]

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