Dragão Antigo Descoberto no Japão é Diferente de Tudo o Que Já Vimos

Por , em 15.12.2023
Ilustração da espécie de mosassauro de Wakayama conhecida como dragão azul mostrando seu tamanho em comparação com um humano e uma chave de um metro de comprimento. (Takumi)

Há mais de 72 milhões de anos, nas regiões ocidentais do Oceano Pacífico, habitava um dos mais temidos predadores marinhos de seu tempo.

Este gigantesco ser marinho, com tamanho comparável ao de um ônibus, era um réptil marinho extinto, dotado de características únicas como visão binocular, membros imensos semelhantes a remos, uma cauda longa e potente que funcionava como um leme, e possivelmente até uma barbatana dorsal.

Pesquisadores japoneses apelidaram essa criatura de ‘dragão azul’ de Wakayama, uma homenagem tanto ao local onde foi descoberta quanto às criaturas míticas da folclore japonês.

Em 2006, perto do Rio Aridagawa, em Wakayama, o paleontólogo Akihiro Misaki, vinculado ao Museu de História Natural e Humana de Kitakyushu, encontrou um esqueleto quase completo deste animal pré-histórico. Foram necessários cinco anos de trabalho detalhado para extrair os ossos do leito rochoso onde estavam incrustados.

Esse ser, com seus 6 metros de comprimento, foi classificado como uma nova espécie de mosassauro, batizada de Megapterygius wakayamaensis.

Decifrar como nadava ou caçava tem se mostrado um desafio intrigante.

“Não existe nenhum animal moderno que compartilhe essa morfologia corporal específica – de peixes a pinguins e tartarugas marinhas,” observa o paleontólogo Takuya Konishi, da Universidade de Cincinnati. “Nenhum possui quatro grandes nadadeiras que atuem em conjunto com uma cauda nadadeira.”

Os mosassauros estavam entre os predadores mais dominantes da sua época, com alguns exemplares atingindo até 17 metros de comprimento. Durante aproximadamente 20 milhões de anos, esses imponentes répteis marinhos foram os soberanos dos oceanos.

Eles possuíam mandíbulas poderosas e dentes afiados capazes de caçar uma variedade de presas, incluindo moluscos, tartarugas, tubarões e até mesmo outros mosassauros.

Um gráfico dos restos fossilizados do dragão azul de Wakayama, o esqueleto mais completo já encontrado no Japão ou no noroeste do Pacífico. (Takuya Konishi)

Konishi, especialista nesses répteis marinhos gigantescos, ficou perplexo ao se deparar com o dragão azul de Wakayama. As nadadeiras traseiras deste mosassauro são anormalmente longas se comparadas com outros fósseis encontrados em locais como Nova Zelândia, Califórnia e Marrocos. Além disso, as espinhas de suas vértebras apresentam uma forma distinta, assemelhando-se mais à de golfinhos ou marsuínos.

Cetáceos como golfinhos e marsuínos possuem barbatanas dorsais localizadas atrás do centro de gravidade, proporcionando estabilidade adicional durante a natação. Os cientistas que estudam o M. wakayamaensis especulam que este mosassauro também poderia ter tido uma barbatana dorsal.

Levando em conta que cetáceos com nadadeiras mais longas as utilizam para manobrar na água, e não apenas para propulsão direta, a equipe japonesa sugere que o dragão azul de Wakayama utilizava suas nadadeiras frontais por razões semelhantes. Suas nadadeiras traseiras, inexistentes nos cetáceos modernos, podem ter sido usadas para ajudar na imersão ou emersão, enquanto sua cauda provavelmente era o principal fator propulsor.

Em contraste, os plesiossauros, répteis nadadores antigos que coexistiram com os mosassauros, dependiam mais de suas nadadeiras do que de suas caudas para se locomover.

Embora seja provável que os plesiossauros não competissem com os mosassauros em termos de habilidades predatórias, o impacto exato de suas técnicas de natação diferentes ainda é incerto.

Konishi reflete, “É fascinante pensar em como essas cinco superfícies hidrodinâmicas eram utilizadas. Quais serviam para direção? Quais para propulsão? Esse achado desafia nossa compreensão sobre a mecânica de natação dos mosassauros.” [Science Alert]

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