Droga experimental pode ajudar no tratamento preventivo de diabetes
Um dos aspectos mais complicados sobre a diabetes tipo 1 – uma doença auto-imune crônica e incurável – é que, uma vez que ela começa a se desenvolver, não há nenhuma maneira de pará-la. Num processo lento porém inexorável, o sistema imunológico destroi as células do pâncreas produtoras de insulina, hormônio essencial que permite a absorção de energia dos alimentos na forma de glicose.
A morte das células pode levar anos, mas o resultado final é sempre o mesmo: a pessoa se torna totalmente dependente de injeções de insulina artificial para permanecer viva – mesmo que agora seja possível prever com mais de 75% de precisão se alguém desenvolverá diabetes do tipo 1 nos próximos cinco anos.
Entretanto, um novo experimento pode mudar essa realidade. Chefiado por Kevan Herold, chefe das investigações e professor de Imunobiologia da Universidade de Yale, o estudo atualmente em desenvolvimento tem como um dos objetivos testar se uma droga chamada teplizumab pode ser capaz de prevenir ou retardar os males da doença tipo 1.
Teplizumab é conhecida como uma droga imunossupressora e já foi usada em estudos para testar se a substância pode preservar a produção de insulina em pessoas recentemente diagnosticadas com a doença. Apesar de bons resultados alcançados, o uso da droga não leva à cura do diabete tipo 1.
Reverter a doença ainda é um desafio que exige não apenas substituir as células que foram destruídas como também dar conta de duas respostas autoimunes: a tendência de rejeição de tecidos estranhos – células produtoras de insulina transplantadas poderiam ser rejeitada como um rim – e da reação imune que desencadeou a própria doença.
Ciente desses desafios, os pesquisadores têm buscado uma forma de evitar a doença – e os resultados dos estudos com teplizumab (posteriormente confirmadas por outros estudos utilizando o mesmo medicamento) sugerem uma possibilidade interessante. Pesquisadores descobriram recentemente que o tipo 1 leva muito tempo para desenvolver plenamente. O desenvolvimento de auto-anticorpos contra as células produtoras de insulina podem começar até 10 anos antes de os sintomas aparecerem.
Teplizumab atua na parte do sistema imunológico responsável para atacar as células produtoras de insulina no doente. E se o medicamento fosse dado a pessoas de alto risco antes mesmo de desenvolverem os sintomas? Pesquisadores como Herold acreditam que um tratamento preventivo com teplizumab pode impedir as células imunológicas de serem atacadas antes mesmo da doença se manifestar.