Duas infecções de malária na mesma pessoa “competem” entre si

Por , em 17.05.2011

Muitas regiões da África, Ásia e América do Sul e Central, ainda sofrem com a ocorrência de malária na população. Uma das primeiras atitudes das autoridades médicas, em momentos de epidemia em determinada área, é fornecer suplementos de ferro aos enfermos, a fim de combater a incidência de anemia. Mas uma pesquisa portuguesa e britânica mostra que isso pode ser um erro, que aumenta as chances de um doente sofrer uma nova infecção.

A malária é causada por um parasita, o plasmódio, que é transmitido através da picada de um mosquito. O plasmódio penetra no fígado, e precisa se alimentar de ferro para se desenvolver e se espalhar pelos glóbulos vermelhos no sangue pelo corpo. Geralmente, as regiões de alto risco de infecção (áreas pobres onde há falta de saneamento e higiene, com abundância de casas de “pau-a-pique”) são um verdadeiro paraíso para o mosquito transmissor da malária. Quando a pessoa leva uma picada, portanto, há uma grande chance de levar mais uma picada, muito em breve.

Essa “sobreposição” de picadas torna a cura ainda mais complicada por aumentar o número de plasmódios circulando pelo corpo. Essa tendência foi chamada pelos médicos, ao longo do tempo, de “superinfecção”. Mas os cientistas de Portugal descobriram que isso não funciona bem assim, porque as diferentes “remessas” de plasmódios (de cada picada diferente) competem entre si para sobreviver no corpo humano.

Basicamente, o que acontece é o seguinte: os plasmódios da primeira picada chegam ao fígado e se apoderam do ferro disponível ali. Ao crescer, passam à corrente sanguínea e se espalham. Quando há uma nova picada, os novos plasmódios não conseguem se desenvolver, porque os primeiros parasitas já se apoderaram dos nutrientes de ferro, e acabam morrendo. A não ser, é claro, que o paciente receba suplementos de ferro que proporcionem o crescimento de novos plasmódios, o que tem acontecido quando se trata a doença. Quanto mais plasmódios no corpo, mais difícil se torna a cura.

Os cientistas não acham, é claro, que os médicos devem deixar de suprir com ferro o organismo dos pacientes e deixá-los sofrer também de anemia. O que se conquistou nessa busca é a descoberta de um “ponto fraco” na instalação de plasmódios no corpo humano. Tais conhecimentos, esperam eles, devem ajudar a criar novas formas de combater a malária em regiões endêmicas. Os pesquisadores explicam que se deve procurar uma forma diferente de evitar anemia em pacientes, além da simples adição de ferro na dieta.[Science Daily]
 

1 comentário

  • Eduardo:

    A cura da malária é uma questão financeira. Os grandes laboratórios poderiam obtê-la rapidamente, se é que já não o fizeram. A questão é que a maioria dos países onde a malária é endêmica, são muito pobres e não seriam compradores ricos de um eventual tratamento definitivo ou de uma vacina.

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