Demonstrando como uma minúscula partícula nos salvou da aniquilação completa

Por , em 4.02.2020

A partir do Big Bang, de acordo com a teoria da cosmologia moderna, foi criada igual quantidade de matéria e antimatéria. Acontece que se esse estado de equivalência tivesse permanecido, em algum momento ocorreria a aniquilação. No lugar do universo haveria apenas energia. Mas isso não aconteceu.

Portanto, o universo deve ter criado um desequilíbrio entre elas ao transformar uma pequena quantidade de antimatéria em matéria. O que não se sabe é quando e como esse desequilíbrio foi criado. Isso porque conseguimos olhar para o passado do universo até aproximadamente um milhão de anos após seu surgimento.

É nesse ponto que entra uma descoberta recente de ondulações do espaço-tempo. As chamadas ondas gravitacionais podem carregar evidências de porque o universo pode existir após o Big Bang.

Essas informações sustentam a teoria de que houve uma fase de transição, durante a qual partículas de neutrino remodelaram matéria e antimatéria. O estudo foi conduzido por uma equipe formada por pesquisadores do Japão, Estados Unidos e Canadá.

Por que neutrinos

Matéria e antimatéria têm cargas elétricas opostas, por causa disso uma não pode se transformar na outra, a menos que tenham carga elétrica neutra. Nesse ponto entra o neutrino, a única partícula neutra conhecida.

Para que os neutrinos pudessem fazer esse trabalho, há cientistas que sustentam a teoria de que o universo passou por uma fase de transição. Para compreender esse período é preciso lembrar que o comportamento da matéria muda em temperaturas críticas. É o que ocorre, por exemplo, com um determinado metal quando é resfriado a tal ponto que perde por completo sua resistência elétrica. Assim, ele se torna um supercondutor.

Da mesma forma, é possível que durante a fase de transição do universo, tenha sido criado um campo magnético de tubos magnéticos bem finos, o que é chamado de cordas cósmicas, de acordo com explicação do co-autor do estudo, Hitoshi Murayama ao Phys.

Olhar mais para trás

Os pesquisadores acreditam que as cordas cósmicas causam pequenas oscilações no espaço-tempo, chamadas ondas gravitacionais, quando tentam se simplificar.

Essas ondas podem permitir que olhemos mais para trás no tempo, de acordo com o co-autor do artigo Graham White. Isso porque o universo é “transparente” para a gravidade. Assim, poderíamos olhar para um período no qual ele era um trilhão ou um quatrilhão de vezes mais quente do que a região mais quente nos dias de hoje.

Nesse período tão quente do universo, os neutrinos podem ter se comportado da maneira necessária para a sobrevivência. Ainda de acordo com o pesquisador, a equipe demonstrou que os neutrinos devem ter deixado uma trilha detectável de ondulações gravitacionais, para que possam saber se foi isso que de fato ocorreu.

Os autores do estudo estão confiantes na teoria, porque as ondas gravitacionais de cordas cósmicas têm um espectro bem diferente de outras fontes como a fusão de buracos negros. Talvez, agora seja comprovada a atuação de mais um elemento que permitiu nossa existência. [Phys, Physical Review Letters]

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