Primeiras Evidências Diretas de Fusão de Buracos Negros Supermassivos Distorcem Espaço e Tempo

Por , em 29.06.2023

Cientistas identificaram ondas de choque provenientes da órbita de buracos negros supermassivos em fusão no centro de galáxias distantes, possivelmente a primeira evidência direta de tais fenômenos distorcendo espaço e tempo. A detecção, realizada pelo European Pulsar Timing Array Consortium (EPTA), liderado pelo Prof. Michael Kramer, pode reformular nossa compreensão do cosmos, desde testar a teoria da gravidade de Einstein até esclarecer a natureza da matéria escura e energia escura.

A observação pode também fornecer insights sobre o papel dos buracos negros supermassivos na evolução das galáxias. A teoria atual sugere que buracos negros gigantes residem no centro de todas as galáxias e crescem ao longo de bilhões de anos, possivelmente através da fusão de buracos negros menores.

Essas descobertas foram possíveis através do estudo de sinais emitidos por estrelas mortas, conhecidas como pulsares. Pesquisadores descobriram que os sinais de pulsares chegam à Terra em velocidades ligeiramente alteradas, uma distorção que eles acreditam ser consistente com ondas gravitacionais geradas pela fusão de buracos negros supermassivos.

Diferentemente das ondas gravitacionais anteriormente detectadas, que eram causadas pela colisão de buracos negros estelares, essas novas ondas parecem vir de buracos negros significativamente mais massivos. A perturbação gravitacional causada é tão poderosa que distorce o espaço-tempo, um processo que pode durar bilhões de anos até que a fusão esteja completa.

Além de identificar mais dessas fusões, os cientistas pretendem determinar se as ondas gravitacionais também podem ser causadas por outros fenômenos, como os buracos negros primordiais ou estruturas exóticas conhecidas como cordas cósmicas.

Ondas gravitacionais são flutuações no espaço-tempo, semelhantes às ondulações criadas quando uma pedra é lançada em um lago. Essas ondulações atravessam o universo, comprimindo e esticando tudo em seu caminho, incluindo estrelas, planetas e nós mesmos.

As primeiras detecções diretas de ondas gravitacionais ocorreram em 2015, medindo as ondulações causadas pela fusão de buracos negros estelares. Para as ondas geradas pelos buracos negros supermassivos, a abordagem do pulsar está capturando as ondulações produzidas ao longo de bilhões de anos antes da fusão final.

Os resultados, combinados com aqueles de um consórcio na Índia (InPTA), foram publicados na revist científica Astronomy and Astrophysics. Outros grupos de pesquisa independentes e concorrentes da América do Norte, Austrália e China publicaram avaliações semelhantes, gerando grande entusiasmo na comunidade científica.

No entanto, os cientistas precisam confirmar essas observações. Embora nenhum dos grupos de pesquisa tenha dados que atendam ao padrão ouro para provas conclusivas, a combinação dos resultados é considerada convincente. A detecção dessas ondas pode abrir uma nova janela para a compreensão do universo e suas origens. [BBC]

Deixe seu comentário!