Tartaruga punk que respira pela bunda está oficialmente ameaçada de extinção
A tartaruga Mary River (Elusor macrurus) é uma criatura aquática única.
Com 40 centímetros de comprimento, narinas largas e às vezes um bom penteado de algas, ela só pode ser encontrada no rio Mary River em Queensland, na Austrália.
Por conta disso, se tornou também uma das espécies mais ameaçadas do planeta.
Especial
“Os répteis geralmente são menos beneficiados em termos de conservação, em comparação com pássaros e mamíferos. Muitos répteis são os únicos sobreviventes de antigas linhagens, cujos ramos genealógicos se estendem até a era dos dinossauros”, explica Rikki Gumbs, coordenador da lista de répteis ameaçados da Sociedade Zoológica de Londres, uma organização científica sem fins lucrativos.
Quando se trata da tartaruga Mary River, isso é especialmente verdade. Nenhuma outra espécie no mundo está intimamente relacionada a ela, porque o animal divergiu das tartarugas modernas há cerca de 40 milhões de anos.
Para colocar isso em perspectiva, os humanos modernos só divergiram dos chimpanzés e dos bonobos há menos de 10 milhões de anos.
Como resultado, a Mary River tem uma tonelada de características únicas, como uma cauda superlonga, que pode crescer até 70% mais do que o comprimento de sua concha, e protuberâncias sob o queixo, que permitem que a tartaruga sinta o leito do rio.
Além disso, é capaz de respirar pela bunda. Esse animal tem estruturas parecidas a guelras perto de sua extremidade traseira que permitem que ela respire oxigênio debaixo d’água por até três dias.
Queda
Infelizmente, a aparência única da tartaruga Mary River é exatamente o que condenou a espécie. Durante as décadas de 1960 e 70, a dócil tartaruga se tornou um animal de estimação extremamente popular.
Todos os anos, durante dez anos, mais de 15.000 filhotes foram enviados para lojas de animais em toda a Austrália e, após anos de devastação em locais de nidificação, conduzimos a espécie à beira da extinção.
Agora, os conservacionistas estão lutando para mantê-la viva. “Assim como com os tigres, rinocerontes e elefantes, é vital que façamos o máximo para salvar esses animais únicos e muitas vezes ignorados”, disse Gumbs.
Assim como foi com sua queda, o aspecto peculiar da tartaruga também pode ser sua salvação – em 2009, quando a construção de uma represa ameaçou o habitat da criatura ainda mais, uma série de fotos virais de uma tartaruga da espécie com “cabelo” de algas verdes a transformou em uma mascote local. Após o clamor público sobre o impacto ambiental, os planos para a represa foram descartados.
A luta continua
Apesar da vitória nessa batalha, a guerra está longe de terminar.
A tartaruga Mary River continua ameaçada de extinção por animais selvagens, pastoreio de gado e qualidade da água, que diminuiu significativamente nos últimos 20 anos.
Os biólogos estimam que sua população total foi reduzida em mais de 95% em relação aos níveis históricos.
“Se perdermos essa espécie, não haverá nada como ela na Terra”, resumiu Gumbs. [ScienceAlert]